Publicidade Positiva - Por um mundo melhor e mais feliz.

Publicidade Positiva - Por um mundo melhor e mais feliz.

A rigor, o marketing e a publicidade servem como instrumentos de incentivo para a venda de produtos e serviços das empresas. Historicamente, a funcionalidade dos produtos era restrita à satisfação das necessidades humanas básicas. Roupa era simplesmente roupa, comida era apenas comida, meio de transporte era só meio de transporte. Entretanto, com o desenvolvimento industrial e o surgimento de uma sociedade de consumo fomentada pela expansão do capitalismo, apenas atender as necessidades básicas já não era suficiente para manter os níveis desejáveis de crescimento industrial. A partir de então, a expansão dos mecanismos mercadológicos de incentivo ao consumo tomaram proporções exponenciais e favoreceram a criação de um universo simbólico que superasse o produto em si. Vender produtos com apelos apenas funcionais não bastava mais. Com este pensamento, as marcas passaram a aliar sentimentos como pertencimento, felicidade, superação e poder a seus produtos, para que a compra obtivesse mais significado. O capitalismo encontra, portanto, seus dois principais pilares de sustentação: os acionistas de um lado e os consumidores do outro. O resultado proporcionado pela cultura do hiperconsumo é a condição de insustentabilidade ambiental devido ao alto impacto gerado pela superprodução, bem como a felicidade paradoxal, gerando nos indivíduos um permanente desejo de novas aquisições.

Para um novo mundo, novos caminhos

        Compreender o contexto da mudança que o mundo está vivendo, perceber o comportamento e o desejo das novas gerações, entender que são os indivíduos podem ser protagonistas de importantes transformações, e não apenas as entidades governamentais que se pautam por agendas eleitorais e não sociais, permitem a criação de um caminho numa nova direção. A metodologia da Publicidade Positiva surge para apontar esse novo caminho para as marcas, que têm nas mãos uma enorme responsabilidade: a de reparar os danos causados pelo estímulo inconsequente do consumo.

          A publicidade tem força o suficiente para fazer as pessoas mudarem seus hábitos e, mais ainda, promover uma mudança de cultura. Estimular a conscientização social, disseminar mensagens que podem por abaixo um preconceito, produzir uma reflexão, contribuir para comportamentos positivos são alguns exemplos. E essa é proposta da metodologia da Publicidade Positiva.

A Publicidade Positiva e seus fundamentos

O cruzamento dos conhecimentos acumulados nas áreas de publicidade, marketing, negócios, espiritualidade, psicologia positiva, criatividade e neurociência formam a base da metodologia que criei, batizada de Publicidade Positiva e que engloba 7Cs. Cada um dos Cs representa um possível caminho para a comunicação entre marcas e pessoas, respeitando os conceitos de humanidade, empatia, propósito e superação. Muito além de inspirar, as marcas podem proporcionar à sociedade o resgate dos valores e princípios essenciais para a felicidade. Os 7Cs são definidos como: Conexão, Causa, Coragem, Criatividade, Consciência, Coração e Cura.

Conexão

De acordo com uma pesquisa da Edelman Trust Barometer, o índice de confiança das pessoas em empresas vêm caindo a cada ano. Outra pesquisa americana apontou que 79% das pessoas acham que as empresas estão mais preocupadas com seu lucro do que com os clientes.

Aliada à crise de confiança, as marcas ainda enxergam pessoas como números, analisam dados e dão valor a compradores, não a seres humanos que possuem anseios, medos e necessidades de conforto emocional.

O C de Conexão defende que as marcas precisam ser mais empáticas com as pessoas e assim gerar um elo realmente mais profundo do que as relações transacionais. Outro ponto importante é compreender as dores de cada um dos públicos e criar não só produtos e serviços mas também mensagens que estimulem o bem-estar.

Causa

O impacto social da comunicação precisa ser constantemente questionado. Isso porque a publicidade trabalha com elementos como alcance e frequência. E quando mensagens de cunho machista ou preconceituoso, por exemplo, são fortemente divulgadas, tais conceitos acabam fortalecendo comportamentos negativos, prejudicando a felicidade das pessoas, contribuindo ainda mais para a desigualdade.

As marcas podem assumir o papel na desconstrução dos estereótipos de forma a proporcionar a revisão dos valores humanos. Ao adotar uma causa, as marcas não só trabalham isso na comunicação como também se tornam um importante personagem na construção de um mundo melhor. Adotar uma causa se tornou vital para os negócios. De acordo com a Cone Communication Reserch, 91% dos millenials trocaram de marca por uma que abrace um causa. E como selecionar uma causa? Alinhando ao propósito. De acordo com um estudo da Kantar, marcas com propósito tem 84% mais demanda, três vezes mais preferência dos empregados e performance financeira 212% maior. Propósito não é mais opcional. Propósito é obrigatório.

 Coragem

Optar pelo risco, pela ousadia e pela inovação nem sempre é um caminho fácil. As empresas têm medo de dar um passo em falso, de perder consumidores, de sofrerem críticas, de serem alvo de ataques nas redes sociais. Mas as marcas que ousam ancoradas em um propósito firme conseguem resistir às ondas de incompreensão e, com o tempo, mostram que estavam liderando uma transformação.

Ao longo da História, podemos perceber que foi a coragem que nos ajudou a andar para frente, a superar desafios, a conquistar novos territórios. O mesmo pode ser aplicado para as marcas. E este novo lugar a ser conquistado é o coração das pessoas.

Criatividade

A criatividade é, reconhecidamente, a base mais efetiva das campanhas publicitárias. É o recurso que atrai a atenção, diferencia as marcas umas das outras, gera visibilidade e rende prêmios. De acordo com pesquisa do IPA, campanhas criativas têm resultados melhores: 73% de aumento no interesse em produtos. Um estudo da McKinsey realizado durante quinze anos mostrou que as campanhas mais criativas traziam mais resultados para os negócios. E o detalhe importante dessa pesquisa foi que o resultado não era só da campanha e sim da empresa. E a Mckinsey identificou um fator que era comum a todas que tinham os melhores resultados: ter a criatividade e a inovação como parte da cultura de toda a empresa, principalmente da direção.

Tentar atrair a atenção das pessoas com campanhas que desejam apenas comunicar informações a respeito do preço, do produto ou serviço é jogar uma oportunidade de conexão no lixo. Os consumidores aprenderam a se defender das propagandas ignorando seus apelos que apenas repetem fórmulas.

Entretanto, todos nós temos uma forte ligação com histórias verdadeiras e bem contadas. Buscar histórias para criar relação com as pessoas é uma eficiente e criativa opção para o fortalecimento de vínculos entre marcas e seus consumidores.

Consciência

De acordo com Ban ki-moon, ex-secretário geral da ONU, somos a primeira geração que irá a acabar com a fome e a última que tem a chance de salvar o planeta. influenciar as pessoas a terem consciência do papel delas na construção de um mundo melhor pode ser uma poderosa ferramenta de comunicação para as marcas. Compartilhar exemplos positivos que produzem pequenas transformações como o uso responsável dos recursos naturais, o respeito a todas as pessoas, a importância do compartilhamento, tudo isso pode ser capitaneado por marcas que se interessam em gerar impacto de valor na sociedade.

Ao despertarem nas pessoas a vontade de ajudar, as marcas naturalmente já estarão construindo um caminho melhor para a humanidade.

Coração

Ao longo da História, o significado do amor foi reduzido ao ideal romântico e à busca da companhia ideal para se dividir uma vida. Entretanto, o amor pode ser encontrado nas relações de amizade, na fraternidade, nos atos altruístas, nos afetos e até mesmo o amor-próprio. Todas essas variações são faces do mesmo sentimento que nos permite a criação de significado para a nossa existência.

Resgatar o amor em suas diferentes definições é um caminho necessário e urgente. Estamos vivendo uma grande revolução tecnológica e estaremos ávidos por relações verdadeiras, amorosas e que nos façam bem. O amor precisa preencher as empresas e ser compreendido como um elemento capaz de gerar resultados positivos tanto nos balanços financeiros quanto no engajamento das pessoas.

 Cura

E se fosse possível, por meio da publicidade, transformar um sentimento negativo em uma ação positiva? Inspirar as pessoas a se amarem como são, a acreditarem nos seus sonhos, a terem mais autoconfiança, a se sentirem melhor com seus corpos? Curar emoções desgastadas pode ser o principal papel das marcas. Se conectar com a alma das pessoas, atingindo mais profundamente seus sentimentos para transformá-los é saber que o nosso papel pode ter muito mais significado. Mais do que consumidores, as empresas que se preocuparem em cuidar das pessoas receberão em troca a gratidão.

Estamos vivendo um momento único na história da humanidade. De acordo com a Edelman, 64% dos consumidores do mundo escolhem marcas que tenham uma posição quanto a questões sociais. Esse é o momento de marcas realmente contribuirem com a sociedade. Não somente para trazer retorno para seus acionistas. Mas para trazer retorno a todos os envolvidos. Não somente por que os clientes exigem marcas com propósito, mas por que é o certo ser feito.

Esse é o momento da virada. E só depende de você.

 

 

Estephanie Mognatto

Graphic designer and digital artist |

4 a

Eu acho que pensar a publicidade dessa forma é realmente inspirador! Por isso, gratidão, você me faz crer num futuro bom para marcas e consumidores. =)

Lillian Donato

Coordenadora de ABM na AEVO | Account Based Marketing | Growth Marketing

4 a

Parabéns pela criação dessa metodologia Flávia. Achei bem interessante quando você fala sobre conexão. Eu creio que isso já está mudando, pelo menos é o que aparenta. Com os consumidores cada vez mais exigentes, as marcas hoje estão mais empenhadas em dar um bom atendimento e se conectar com seu público alvo. Claro que existem exceções, mas vejo grandes empresas, principalmente startups que já praticam um pouco dessa metodologia. Você acha que as grandes empresas ou organizações mais antigas estão perto no caminho para os 7Cs ou ainda falta muito?

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos