Publicidade: um meio em si mesma.

Primeiramente gostaria de dizer que esse texto é uma proposta de diálogo aberto a respeito de como eu vejo a publicidade sendo trabalhada hoje, tendo como objetivos desse material gerar incomodo e reflexão.

Uma coisa que sempre me chamou atenção nesse mercado era comprovar para o cliente que aquela campanha" X" iria resolver os problemas dele, e que todo aquele dinheiro investido em mídia, arte e redação resolveria algo, ao menos por algum tempo. Não falo aqui dos meios nos quais o impacto pode ser mensurado, como a análise de base de dados, o que pra mim já entra mais como ferramenta de marketing e tem gerado mais prestígio para nossa área como um todo, falo aqui da publicidade: layout, texto com "sacada genial" e em qual mídia ela estará.

Eu posso falar que já sofri um bocado em mão de cliente, querendo colocar aquela logo gigante em um espaço pequeno, um splash grotesco falando sobre o preço promocional(que era o mesmo, ou até mais alto que o praticado pela concorrência), para colocar a cor favorita dele no layout, que obviamente não se encaixava na paleta de cores proposta, ou seja, casos corriqueiros que todo diretor de arte já passou, mas um deles até hoje não desceu. Uma vez, um dos diretores gerais de uma empresa que trabalhei chegou no setor de marketing pedindo um material para imprimir na copiadora da própria empresa , em A4 mesmo, para panfletar em um estacionamento de uma festa de igreja, que poderia ser:

 "uma coisinha qualquer, pro pessoal pegar, olhar e jogar fora."

Deixando o rancor dessa memória de lado, parei para pensar e percebi que de certo ponto aquele velho tinha razão. Quem, tirando o pessoal da área, guarda flyer, ou para pra ver outdoor,  anúncio em revista e jornal ? Basicamente o que eu to querendo falar é que ninguém, tirando quem é da área, dá a mínima pro anúncio que você virou a noite fazendo. Eu sei, dói, e bate lá no fundo do ego. Também sei que não posso chegar aqui sem base nenhuma e generalizar, mas pare pra pensar na real efetividade da publicidade como ela é feita hoje e não no prêmio que você almeja. Como explicar que aquelas cifras investidas em uma frase engraçada baseada no meme do momento num post de uma rede social farão a diferença nas vendas, no posicionamento de mercado? Mostrando quantas pessoas deram like? Realmente, bem efetivo e seguro, já que hoje não existe nenhuma possibilidade de burlar esses dados com bots ou até perfis falsos.

Com isso, lembro-me dos estudos de administração que tive recentemente, em especial um dos tipos das escolas de planejamento propostas por Mintzberg: a escola do poder. Basicamente essa escola fala do poder da influência, da politicagem na estratégia, também conhecida como aquele velho lobby. Segue um trecho da definição dessa escola retirada do site administradores.com:

" As estratégias tendem a ser emergentes e assumem mais a forma de posições e meios de iludir do que de perspectivas."

Se você discorda comigo nesse ponto, sobre não existir esse tipo de interesse, imagino que você não fecha negocio com a gráfica que te passa aqueles 10% do bônus de venda ou fecha o plano de mídia com a empresa que te envia a maior cesta de guloseimas no fim de ano.  

Parece que a publicidade chegou ao ponto de querer complicar as coisas simples, inventar jargões e relançar moda com a finalidade de se mostrar útil, necessária. Assim, acho interessante trazer o caso que vi no site portalcomunicare.com.br, do pipoqueiro curitibano Valdir Novaki, que esbanja o título de melhor pipoca do Brasil. O que ele fez? Investiu no produto e no serviço e com isso a divulgação na mídia foi até ele, foi orgânica. Hoje ele ministra palestras em empresas como Microsoft e Bradesco sobre empreendedorismo. Claro, existem diferente clientes, praças, produtos, mas veja que ele virou destaque nacional com uma barraquinha de pipoca, coisa que muita boutique de pipoca gourmet sonha, sem gastar rios de dinheiro com publicidade.

Nesse ponto lembro de um colega de trabalho que me falou dos filtros de impacto e absorção que o público alvo tem, o qual o mais importante deles era o interesse, e com interesse eu não quero falar daquele case teaser,que fala muito e não diz nada, que promete mundos e fundos sem base nenhuma só pra atiçar a curiosidade alheia, fala-se aqui da real necessidade de consumir aquele produto ou serviço e a diferença que ele fará na vida pessoa.

Assim chego ao questionamento chave desse texto: até aonde propaganda engraçadinha feita pra ganhar prêmio tem efetividade para o cliente, para a marca dele? O público até pode lembrar da propaganda em si, mas e do produto/serviço, que é o foco disso tudo, ele lembra na hora de comprar/contratar ou vai no mais barato, no que é mais prático de resolver problemas?

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