Quais as principais motivações que nos levam a aceitar qualquer emprego?
Não sei você, mas eu já aceitei um emprego por causa da minha feira. Sim, isso mesmo. O medo de ficar sem o dinheiro para fazer a feira me fez aceitar aquele emprego, naquele dia, com aquelas atribuições.
Vou explicar melhor a raiz disso. Bom, eu tenho uma relação muito prazerosa com a comida. Amo degustar. Comer. Do saudável à porcaria. Do alface ao x-tudo com mais um monte de tudo dentro. E por mais ridículo que pareça, esse foi sim o motivo que me levou a dizer sim para uma oportunidade, enquanto poderia ter planejado melhor o passo para encontrar um novo emprego.
Entrei naquela sala fiz dois testes que nem me lembro direito sobre o que eram, também não sei se foram usados depois para alguma tomada de decisão. E enquanto o recrutador falava na minha mente só vinham as despesas semanais da feira. Como eu iria ficar sem minha batata-doce, sem minha farinha de tapioca, sem aquele maracujá delícia pra fazer aquele suco?! Como?
Então, como em um salto de paraquedas em que você se agarra o mais forte que pode nas cordas que o sustentam, eu me agarrei no pouco que sabia para preencher os requisitos da vaga e na primeira oportunidade mostrei o maior interesse possível. Acredito que fui bem consistente porque fiquei por lá uns bons anos.
Tive altos e baixos, dias bons e outros nem tanto. Fiz amigos que hoje fazem parte da minha vida. Mas não evoluí na carreira. Pelo menos não tanto quando poderia. (Hoje vejo isso claramente).
No Brasil exitem muitas pessoas com a mesma história que a minha. Quem dera eu fosse exceção! Talvez as outras histórias não tenham aceito um emprego por conta de uma feira. E sim por uma conta de luz, de água. Uma mensalidade da escola do filho. Tudo o que tira a nossa paz quando as contas são mais altas que as metas.
Mas depois de algum tempo eu passei a entender que uma feira era um fator muito pequeno de negociação. E que era muito injusto e irresponsável comigo, deixar que a comida ditasse o que aconteceria no meu profissional cinco dias por semana, oito horas por dia, numa carga de 40 horas semanais se, eu não fizesse hora-extra.
As nossas motivações precisam vir de outros lugares, experiências, aspirações, sonhos, e é claro “Planejamento”
SIM! É preciso planejar o próximo passo rumo ao emprego desejado.
Regan Walsh, life coach e especialista em formar jovens lideranças. Em artigo publicado na Harvard Business Review, Regan defende que antes de aceitar qualquer emprego, até mesmo um que parece caído do céu, é preciso ter coragem de olhar para três pilares e se fazer as seguintes perguntas:
- Qual é a minha motivação?
Para aceitar um emprego a motivação precisa ser maior que as causas já citadas. É preciso criar a capacidade de “se” questionar. Antes do recrutador iniciar as perguntas, é preciso ter passado nas próprias perguntas pessoais. As que realmente fazem a diferença e dão sentido a escolha… Por que estou tomando essa decisão? Por que estou aceitando esse emprego? Quero mesmo esse cargo? Preciso desse status para quê? Se a motivação for o salário, é bom lembrar que o dinheiro representa apenas 2% do fator de satisfação externo. Ou seja, o estímulo que é dado como pagamento do trabalho ao longo de um mês. Contudo, uma vez preenchido o estímulo (dinheiro) a motivação continua vazia. Porque o motivo é maior do que a inspiração. O motivo me leva a um objetivo de vida a inspiração preenche uma necessidade ou desejo momentâneo.
2. Isso está alinhado com meus valores?
Aí é bom lembrar que valores por mais que tenhamos visões diferentes de mundo, não mudam. São valores.
“Valores são o conjunto de características de uma determinada pessoa ou organização, que determinam a forma como estas se comportam e interagem com outros indivíduos e com o meio ambiente.”
Dicionário (Significados)
Conhecendo nossos valores fica mais fácil a percepção onde vamos nos sentir mais confortáveis enquanto parte de uma empresa. Quais são os seus inegociáveis? Os meus são: Fé, Família e generosidade, dentre outros. Se entrar para a empresa dos sonhos significa fazer coisas que desrespeitam a minha fé, retira o tempo precioso que tenho para estar com a minha família, tem um discurso lindo mas só pensa nos lucros a todo custo, com certeza essa é uma empresa que em não desejo estar. Mesmo que isso me custe a “feira”. Necessidade momentânea.
Quando você vai a uma entrevista de emprego, você sabe quais são os seus inegociáveis? Sabe do que jamais abriria mão? Nem pelo maior salário do mundo? Sabe se a empresa tem ao menos dois ou três valores parecidos com os seus?
Pode parecer besteira. Principalmente em um país onde existe 12.6 milhões de desempregos. Mas ao longo do tempo como em toda relação os detalhes contam e muito. E o que não foi pensado lá no início pesa ao extremo quando tudo o que se deseja é paz de espírito e tempo para dividir o dinheiro que se ganha com quem se ama.
3. Eu tenho alternativa?
Nós nos sentimos melhor em lugares que refletem as nossas próprias crenças e valores.
Simon Sinek – POR QUÊ
Isso tem a ver com o quanto nos sentimos no controle da situação. Se sei quais são minhas crenças e valores sei o quanto me sentirei bem naquele ambiente. Isso me dá autonomia para decidir, parar por alguns minutos examinar as outras possibilidades.
Quando não se tem autonomia vira obrigação, e se vira obrigação fica chato improdutivo. É preciso lembrar que de forma alguma o lado do candidato é o mais fraco. Não é a busca por um emprego que define a posição de mais ou menos favorecido. Pelo contrário. Nessa relação ambos tem interesses, tem objetivos, tem metas. Então para os dois lados sempre há alternativa.
É preciso planejamento e calma para decidir pelo melhor.
O mais importante nessa jornada parafraseando Mario Sergio Cortella, é saber “Por que fazemos o que fazemos?”
Se soubermos isso nossas motivações vão nos ajudar a chegar muito mais longe!
Use esses três pilares.