Quais são as expectativas para a Indústria, Comércio e Câmbio se confirmado o impeachment?
Por: Moacir Camargo – Economista da Parmetal DTVM
Ninguém realmente sabe o que vai acontecer se a era PT acabar em agosto após findar o processo que julga o mérito do impedimento da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Sem criticar a figura afastada ou a empossada interinamente na presidência, a idoneidade de ambos ou a capacidade, me preocuparei apenas em responder ao que o título propõe: os impactos na indústria, comércio e no câmbio.
A perda da liderança em um país da grandeza do Brasil acabou por comprometer ainda mais os resultados ruins advindos de sua política econômica. 12.000.000 de empregos se foram, os $ disponível passou a se esconder como uma criança faz quando incorre em malfeitos e a arrecadação desabou por conta disso, reduzindo drasticamente as receitas do inchado governo brasileiro.
Agora como resolver isso?
Vivemos em um tempo de incertezas e as principais economias do mundo serão afetadas por conta disso. O fato é que se as coisas estão ruins para a economia doméstica, a chance maior é de piorar se nada for feito, se mudanças não vierem. Em dois meses a gestão interina montou um time de elite para pilotar nossa economia e através de suas propostas, mesmo ainda não aprovadas na sua plenitude, já trouxe significativa melhora no humor dos agentes econômicos e já estamos chamando a atenção do mundo.
Os grandes players do mercado enxergam que os mercados não crescerão e seu capital não gerará os resultados esperados, tendo o G7 operando com baixíssimas taxas de juros quando não são efetivamente negativas. Por isso, olhar para o Brasil virou homework. O Brasil é hoje comparável com uma ação em baixa e, talvez, agora seja o momento de apostar nesse papel, caso se confirme o impeachment de Dilma Rousseff.
Os indicares já mostram melhoras não só no humor, mas já colocou o índice Ibovespa acima dos 56.000 pontos, ou seja, já enxergou e aposta que esse é o momento da virada. Enquanto o mundo não produz oportunidades, o Brasil apresentar um cesto cheio delas.
O Banco Central sinalizou que gostaria de ver o dólar operando na casa dos R$ 3,30 e passou a intervir no câmbio, podemos dizer que diariamente, ofertando contratos de swaps cambiais reversos (equivalente a compras futuras). Mesmo o Brasil tendo uma reserva internacional de US$ 370 bilhões, apostar contra o mercado pode gerar enormes prejuízos aos cofres públicos e no final, o mercado vence. Acredito que Ilan Goldfajn, novo presidente do Bacen, não vai quer ter essa derrota, ou esse ônus, em seu currículo. Por isso eu aposto no câmbio flutuante, com intervenções pontuais para corrigir imperfeições.
Mas então onde vem a parte boa para a indústria e comércio?
Para a indústria, o bom é que ela poderá captar recursos abundante no exterior à uma taxa de juros baixa e com um câmbio tendendo para queda, objetivando equilibrar o balanço, obter capital de giro e realizar investimentos. Mas em compensação, ficará mais difícil de competir com os produtos importados com um dólar mais barato. De ago/2014 para jun/2016 o dólar valorizou +46,6% e em contrapartida não tivemos um incremento na exportação dessa grandeza, pelo contrário, estamos exportando menos e em processo de desinvestimento. Ou seja, no geral a indústria nacional não está competindo com a indústria internacional e é mais dependente do bom desempenho do mercado interno do que do externo.
Mas o comércio ele sai na frente quando o assunto é um câmbio apreciado. Com a valorização do R$ e com a abundância dos produtos importados nas prateleiras, mais produtos virão para o mercado doméstico a preços menores e preços menores é sinônimo de aumento nas vendas, tendo em vista o horizonte otimista, já observado, proporcionado pelas mudanças que virão de um novo governo.
O time de Meirelles (Fazenda) foca em redução dos gastos públicos e não em aumentar impostos. Também tem um plano B para levantar R$ 120 bilhões via privatizações, concessões, vendas de ativos e securitização, pois sabe o quanto é maléfico elevar ou criar impostos em momentos de crise.
A gestão do novo Ministro de Relações Exteriores, José Serra, e a agenda de Michel Temer para depois de agosto já mostram que excelentes acordos comerciais estão por vir. Assim, a indústria e o emprego serão agraciados por essas ações.