Quais as sete ferramentas para você criar a sua marca pessoal?
Todo candidato a qualquer coisa, a ter autoridade como artista, empreendedor ou político de sucesso, começa no medo de que sua experiência, sua causa ou seu projeto já tem concorrente demais no mercado.
Piorou com a internet, onde a agulha de sua ideia tem que ser descoberta no palheiro da mundo digital com seus bilhões de sites, mais de bilhão de usuários de Facebook, Instagram, WhatsApp e Youtube.
Só no Brasil, há pouco mais ou pouco menos de 100 milhões de usuários únicos para cada.
Quem sou eu, peixe pequeno nesse mar de tubarões, é o que se pergunta.
Mas, desde que me entendo como empreendedor de marketing político, por exemplo, que a sensação de pavor é a mesma. A de que todo mundo já fez ou já pensou no que você tem em mente para propor ou empreender.
Partindo do princípio de que você é desconhecido, a impressão seja de ontem ou hoje é a mesma. Quer você morasse/more numa cidade média ou grande, fosse/seja candidato numa cidade média ou grande, artista ou empreendedor local, estadual ou nacional.
Sempre haverá um oceano de gente que já pensou antes de você. O que nunca impediu que outros peixes chegassem para se insinuar e se destacar entre os tubarões. Até virar um próprio.
Paradoxalmente, a internet que parece ter alargado esse mar o tornou, ao contrário, mais estreito e possível de navegar. Ela oferece todas as ferramentas e mídias para você ser visto e se candidatar a competir em igualdade de condições.
Como escrevo no artigo A Cauda Longa ou o seu poder na era do consumo de nicho, sempre há lugar para sua obra, seu produto ou sua causa na prateleira infinita da internet.
E pode se surpreender de descobrir que a forma de atuar nela é uma reprodução em maior escala, e com mais facilidade, de tudo o que já se fazia para descobrir, atrair e conquistar pessoas, clientes ou eleitores desde sempre, no mundo analógico.
Porque os princípios básicos não mudam, mas apenas os instrumentos. Como mostro nesses sete requisitos indispensáveis a qualquer artista, empreendedor ou candidato eleitoral, principalmente, que queira atrair e conquistar admiradores para criar ou consolidar sua marca, pessoal, empresarial ou eleitoral.
1. Ideia, causa e história
Toda obra, todo negócio e toda candidatura parte de uma ideia, uma causa, um propósito. Todo grande livro ou filme, produto de sucesso ou líder político amado têm em comum uma ideia central que bate fundo no coração de quem o percebe.
Obras de arte, produtos de consumo ou candidatos a vereador ou deputado têm aquele sentido de catarse, de satisfação de uma necessidade ou superação de uma dor. Para as quais o artista, o empreendedor ou o candidato têm que oferecer uma solução ou uma promessa de solução.
A literatura, o marketing e a política sabem que o humano, desde as cavernas, tem desejos ancestrais prioritários de comida, abrigo e segurança. Que acabou se convertendo, na era moderna, em emprego, casa e uma rede de saúde e educação que lhe dê segurança.
Ainda que no topo da pirâmide as primeiras necessidades tenha sido supridas e os desejos se sofisticaram para ter mais dinheiro, mais saúde e mais sucesso, a base é sempre a mesma da necessidade de prover com segurança os seus.
Para falar com esse humano em sua campanha eleitoral, entretanto, não se pode ser genérico e querer satisfazer todas as suas necessidades. Pegue-se a que entender mais imediata e indubitável, como o medo de sair nas ruas, por exemplo, decorrência da falência dos sistemas de segurança propriamente ditos.
Se for tratar de comida e emprego, concentre-se na necessidade da minoria que não o têm, com uma proposta clara de resolvê-los. Se for falar de casa, dos que não têm teto, cuide de restringir-se à causa e a esse público. Se for falar de saúde e educação, idem.
Seja o mais específico e o menos disperso quanto possível. Não queira agradar todo mundo e perca a ilusão de que você vai falar para uma cidade inteira, todos os seus problemas e todos os seus habitantes.
Você tem que descobrir e explicar seu nicho. Vale para candidatos, vale para empreendedores e artistas. No que eu sou bom e tenho convicção a respeito? É a pergunta que deve ser feita.
Para isso, é preciso ter congruência com sua história. Vai ficar muito mais fácil se você decidir por fazer ou defender aquilo em que acredita intensamente, que tenha sido produto de sua experiência.
Se for falar de saúde, educação, segurança, emprego ou dinheiro, convém ter tido alguma experiência, porque em algum momento será cobrado por isso. Se não tiver, procure em seu currículo, cave em sua história alguma experiência em que tenha se sentido bom e que possa compartilhar.
Na falta dela, pode ser também algo com que se identifique profundamente e lhe inspire vontade de mudar. Como a situação de velhos em asilos ou de falta de creches para crianças pobres.
Emagrecimento é um exemplo recorrente na internet porque se trata de um bom parâmetro para tudo. É um nicho de um tema maior que puxa vários outros.
Se você for empreendedor, você não colocará uma clínica geral de saúde, mas de emagrecimento, cirurgia plástica ou pilates. Se for escrever um livro, também falará de saúde, mas de tratamento específico de próstata, catarata ou pressão alta.
Se for um candidato, tem inúmeras possibilidades para não falar de saúde de forma genérica. As filas em hospitais públicos, a dificuldade de conseguir cirurgias, as condições de trabalho dos profissionais de saúde.
2. Site
No tempo do marketing 1.0, você precisava de um currículo e um cartão de apresentação. Se fosse profissional ou empreendedor de escritório ou loja físicos, de uma boa placa.
O site é a mistura dos três e tão indispensável hoje quanto foram os três no passado.
A proeminência das redes sociais, onde tudo é fácil — basta abrir uma conta e começar a postar — fez com que profissionais, empreendedores e candidatos passassem a olhar o site como um instrumento em decadência.
Mas não é. É nele que você se apresenta, resume sua experiência e publica os artigos de fundo que vão lhe dar autoridade. Você não publica textos longos em redes sociais.
Ah, mas ninguém lê mais. Esse é um comentário comum sem nenhuma base na realidade. É mais certo dizer que as pessoas não lêem o que não interessa e o que não seja competente para atraí-las e mantê-las interessadas.
Na internet, há uma nova onda de textos publicitários muito longos, as chamadas cartas de Venda, copy, que são propositadamente longas para atrair só quem interessa.
Mesmo que seu site não seja lido, ele é o currículo disponível na rede mundial para quem quer saber mais de você. É lá que ele vai procurá-lo e fazer uma leitura, mesmo que em diagonal, para entender qual é a sua.
O segundo motivo principal para se ter um site é que você não existirá para o Google sem um.
E não se existe na internet se não for achado no Google, o deus dos mecanismos de pesquisa, onde mais de 90% das pessoas no mundo clicam para descobrir o que querem, de como fazer a risoto a condições do tempo e de métodos de arrumar namorada.
E o terceiro e, de longe, o mais forte argumento para você ter um site é que ele é seu. Diferente das redes sociais, que podem cortar sua conta e levar com ela, de um minuto para o outro, todos os seguidores que você conquistou.
Veja o artigo Marketing 3.0 ou por que preferimos um smartphone a uma boa cozinha
3. A lista ou o velho cadastro
Assim como os profissionais, empreendedores e candidatos em início de carreira torcem o nariz para o site, também vêem mal a construção de listas de email.
O email, que existe na razão de quase um por cabeça no mundo, perdeu espaço para as listas de seguidores conseguidos mais rápidos e com mais eficiência por trás das curtidas nas redes sociais.
A ideia geral é de que ninguém abre mais email. Há uma ruminação por enquanto muito lenta de que ele não tem futuro.
Um sintoma é que redes sociais como o Facebook caminham para facilitar a criação de listas, com o uso do botão Cadastre-se, por exemplo. Você pode depois baixar as listas que ele criou. Um dos problemas aqui é que ele vai cobrar muito caro por cada nome inscrito, lead, como se chama no jargão do marketing digital.
Ignorar a lista de email, a velha lista de cadastros do marketing 1.0, hoje Email Marketing, por enquanto, é suicida.
Assim como o site, a lista tem como principal argumento o fato de que é sua e ninguém toma. Diferente das redes sociais, que podem cancelar sua conta a qualquer momento e transformar em pó os seguidores que você acumulou uma vida. Tendo sua lista de email, você cria outra conta ou leva para outra rede.
A lista dos milhares de seguidores que você acumulou em sua Caixa de Entrada é seu maior ativo e, em última instância, o produto real dos anos dedicados a conquistá-los. Ela vai servi-lo em seu projeto, em seu negócio, ou vai levá-lo para outro se o primeiro não der certo.
Com ela, você conquista outros seguidores ou clientes, oferece e vende coisas. E só dentro dela você tem a atenção concentrada que você precisa para convencer ou vender.
O moderno marketing digital tem a lista como absoluta prioridade para retirar o cliente da dispersão das redes e aprisioná-lo numa conversa produtiva, numa sequencia envolvente de mensagens. Opera com estatísticas para saber quantas mensagens são necessárias para conseguir um convencimento ou uma venda.
A necessidade da lista, do velho cadastro de clientes, é uma velha intuição que os marqueteiros digitais nascidos da onda de facilidades de venda na internet vieram a descobrir.
Nunca vi um político, desde que acompanho marketing político há quarenta anos, que não tenha colocado como sua prioridade absoluta reunir os nomes das pessoas que ele atendeu.
É o que fazia o dono da venda, é o que fazem as empresas e os empreendedores espertos de qualquer investimento que pretenda sucesso: guardar os nomes dos clientes, desde o primeiro, para poder voltar a ele.
Se você quer seguidores fiéis e controle sobre eles, crie sua lista, o seu cadastro. Construí-la organicamente em política, à base de causas, é mais seguro e mais barato. Se ela crescer, contrate uma ferramenta de email marketing.
Com ela é possível criar diferentes listas por interesses, analisar o envolvimento dos seguidores com base na abertura dos emails e enviar mensagens segmentadas ou em massa, sem afrontar a legislação eleitoral.
4. Redes sociais
As redes sociais são sua janela, sua placa, seu canal de exibição. Elas substituíram toda a parafernália de que você precisava para chegar ao eleitor em tempos pré-internet. É é sua faixa, seu cartaz, sua pintura no muro, seu cavalete, seu santinho.
Sem precisar sair batendo de porta em porta, que, diga-se, deve. Ainda vale e continuará valendo até o fim dos tempos, independente do avanço dos meios eletrônicos, o adágio de que “eleição se ganha com cuspe e sola de sapato”.
Mas as redes facilitaram tudo. Com elas você pode ter uma presença ativa, diária e contínua na vida de seus eleitores.
Basicamente, você deve ter contas, pela ordem de popularidade, no Instagram, no WhatsApp, no Facebook e no Twitter. E entender a natureza e a espécie de público que frequenta cada uma, bem como a adequação das mensagens para cada.
A grosso modo, os velhos estão no Facebook e nos grupos do WhatsApp, os jovens no Instagram, os militantes envolvidos a fundo com política no Twitter. Os primeiros não se importam com textos longos, os segundos querem imagens, os terceiros buscam informação rápida e polêmica.
Use os quatro, com diferentes abordagens, para provocá-los, envolvê-los, puxá-los para suas listas e criar uma máquina azeitada de relacionamento.
O marketing digital usa muito a ideia de isca, algum material em pdf ou vídeo e você dá de graça em troca do cadastro. É preciso que tenha valor para eles, claro, que valha a pena deixar o email para recebê-lo.
Atraídos e listados em listas temáticas, velhos e jovens, mais ou menos envolvidos, estão na sua área de domínio. Para você conversar com eles e tentar convencê-los, com tempo.
E finalmente, como nos muros, nas faixas e nos cavaletes, faça um design profissional.
Uma pesquisa no Google (Pinterest é ótimo) sobre designs de campanhas vai lhe dar grandes ideias. Para executar-las, o canva.com é uma ferramenta imprescindível e gratuita, com designs prontos, facilmente adaptáveis, e fotos gratuitas.
Eu tenho paixão pela ferramenta, que uso para turbinar meus posts nas redes sociais e no meu site. Já cheguei a recomendar o curso online Canva Para Negócios, que ensina a dar uma repaginada geral na programação visual de seu negócio, seja empresa média ou grande ou seja empreendedor individual, que também é o caso de um candidato às eleições.
5. SEO
SEO é a sigla em inglês de Search Enginee Optimzation, otimização para mecanismos de pesquisa. Que nada mais é que organizar o seu site e as suas redes sociais para ser compreendido e encontrado por mecanismos de busca.
Tem a ver com congruência, a ideia de que você deve traduzir no seu site e nas suas redes o que você é, de forma a ficar mais fácil para os algoritmos do Google e das redes sociais encontrá-lo e propagar sua mensagem para pessoas de interesses comuns.
Veja meu artigo Sete dicas básicas de SEO de escrever para o Google
Um exemplo mais evidente e mais fácil de fazer são as hashtags. Quando você coloca uma hashtag dentro do seu post dizendo que trata por exemplo de #aposentadoriajusta ou #emagrecerrapido, você está dizendo ao algoritmo das redes sociais para distribuí-lo para pessoas que têm interesse em aposentaria ou em emagrecimento.
Antes disso, porém, você precisa estruturar o seu site e o seu perfil nas suas redes sociais com a mesma congruência.
Você precisa informar muito claramente na seção Sobre do seu site do que ele trata, bem como deixar claro no seu perfil do Facebook, do Instagram, do WhatsApp, do Twitter ou do Youtube qual é a sua. As tags de seus artigos e posts devem por sua vez terem congruência com as principais.
E, claro, como tudo o que vai sendo dito aqui, afinado com sua experiência, sua história e sua proposta. Aquele negócio simples: assim como você não deve falar de cachorro e futebol se você vende emagrecimento, como candidato você não vai falar de suas preferências pessoais se elas não tiverem tido contribuição para a sua formação, sua experiência e seu propósito.
Três exemplos:
- Professor com experiência em trabalho social, ajudo jovens a encontrar seu caminho no mercado profissional.
- Advogada e militante de causas da mulher, defendo condições de trabalho em pé de igualdade.
- Empresária militante da classe empresarial, trabalho para a redução da carga tributária, simplificação das leis trabalhistas e condições de crédito.
6. Anúncios
Assim como no passado, você podia gastar com anúncios em faixas, muros e cavaletes, hoje você faz anúncios nas redes sociais. É sua janela para o mundo.
A legislação permite o impulsionamento de posts. Significa que você pode pagar para que Facebook, Instagram, Twitter, Youtube ou Google propague seu post, seu artigo ou seu vídeo para o público que você escolhe, segmenta.
As próprias redes têm um botão abaixo do post, como o “Turbinar” do Facebook. Ao clicar nele, abre-se uma janela para você fazer a segmentação do público, por região ou interesses. Já obtêm uma estimativa de quantas pessoas viu cliques pode atingir, com base no volume gasto.
Esse turbinamento é muito estratégico para criar suas listas. Você remete o leitor para uma página de captura de emails. É onde você oferece a isca, um bom material em pdf ou vídeo, em troca do cadastro.
O post evidentemente não estará pedindo cadastro, apenas. Mas tratando de uma causa que interessa ao internauta e que seja suficiente interessante para que ele se disponha a clicar para saber mais informações.
“Saiba Mais”, o botão mais utilizado, é o mote para você enviar para uma página de captura que realmente acrescente informações relevantes ao que foi anunciado no post.
Postou, atraiu, capturou, continue a conversa no email. Sem desprezar suas outras listas no WhatsApp e no Instagram, claro.
7. Gestão
Gestão é tudo isso e mais a administração da sua campanha.
Campanhas eleitorais são um empreendimento profissional com suas características próprias, mas tão profissional quanto qualquer outro para ser bem sucedido. E devem ser tão bem administradas quanto.
Requer ter controle sobre tudo. Saber se está tudo funcionando. Se o site está rápido, se os novos emails estão caindo na sua Caixa Postal, se suas mensagens estão sendo abertas, se seus posts estão repercutindo, se está atraindo as pessoas certas, se seus anúncios estão funcionando.
Todas as redes sociais oferecem métricas variadas e abrangentes para você avaliar o retorno das suas publicações: número de torcidas, engajamento, faixa etária, tempo de navegação no seu site ou na sua conta. Na ferramenta de emails, quem abriu, quem não abriu, segmentos mais ou menos quentes.
E, sobretudo, interagir. Como no velho hábito de dar atenção concentrada ao eleitor, perceber suas necessidades, receber suas demandas e dar retorno, não é diferente na era das redes sociais.
É preciso interagir, dar respostas, curtir e compartilhar também o que fazem seu seguidor, mostrar que o ouve, que o conhece e sabe de suas dores e perspectivas.
O mundo e as relações não mudaram. Só mudaram, para muito melhor, as ferramentas para você se relacionar com eles.
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