Qual é o seu índice de coerência interna?
Autoconhecimento é a palavra da vez. São inúmeras as empresas vendendo vivências e consultorias de bem-estar, terapias transformadoras, recheadas de valores nobres estampados em todos os lugares. Algumas, buscam conceitos super complicados para explicar o óbvio. É lindo. Faz brilhar os olhos. A gente sai dessas experiências com a cabeça fervendo. Mas quando cai a ficha da vida real e o fio monetário entra em cena...tudo cai por terra. Os dilemas surgem. As incoerências aparecem.
A área não está dando os resultados esperados? Engaveta-se o valor do respeito, da colaboração. Um “concorrente” incomodou? Engaveta-se o valor da ética, da originalidade. Está com viagem marcada e os filhos estão no pico da virose? Engaveta-se o valor da integridade e da saúde, e viaja-se mesmo assim pra não "perder" a passagem (e sai contaminando quem encontra pela frente).
De repente, o clima pesa nas diferentes dimensões da vida e não tem sal grosso que dê jeito. Lares se destroem. A depressão aparece. Os filhos adoecem. E a vida segue, para um novo ciclo de modinhas e jargões que logo precisarão ser substituídos para que você permaneça "vivo".
E aí, chega um momento em que você se dá conta que não importa os cursos que você fez ou os títulos que tem. O que importa é o que você faz com tudo isso. Seja na esfera individual ou organizacional, em se falando de transformação (de evolução) a métrica deveria ser uma só: COERÊNCIA. O quanto do que eu digo está coerente com o que pratico? O quanto isso é coerente com o meus sonhos e objetivos?
Nesse sentido, creio que os colaboradores de uma empresa deveriam ser avaliados também - ou principalmente - pelo grau de coerência entre o que falam e praticam. Obviamente, dentro de um contexto organizacional, refiro-me à prática de valores e princípios expostos em quadros e calendários de mesa... (isso aqueles repassados na hora da integração de novos colaboradores e esquecidos no quarto mês de trabalho).
Coerência é algo que se pratica. É definida, segundo o Aurélio, como “a conformidade entre fatos e ideias. Recíproca aderência que tem em si todas as partes de um corpo. Nexo. Conexão.” Logo, todos os papeis que você desempenha na vida precisam estar reciprocamente aderentes, conectados para que você prospere de forma integral, plena. É a conexão consigo mesmo e com o próximo que nos fortalece.
Se muitos dizem que trabalham para deixar um futuro melhor, um planeta mais sustentável para todos é hora de fazer diferente, certo? De que adianta continuar "desconectando" e separando papeis na vida se o que a maioria de nós busca é a plenitude?
Sei que a gente não consegue ser coerente 100% do tempo. Mas esse é justamente o sentido da jornada da evolução... Assim, no fim do dia, ao colocar a cabeça no travesseiro, a pergunta deveria ser "o quanto eu que eu fez foi coerente com o que eu disse"?
Qual é o seu índice de coerência interna?
Consultor e Facilitador de projetos de Mudança Cultural, Gestão da Mudança, Desenvolvimento de Executivos e Negociação de Alto Nível.
5 aOlá, Renata. Parabéns. Um belo texto, em conteúdo e forma. Você toca fundo num dos temas mais importantes para a transformação pessoal, organizacional e da sociedade. Coerência. Esse é o ponto de mutação.