Qual a história da sua carreira?
Falo com você que vê o atual momento do país, no qual tanto se fala em narrativa, e fica, como eu e muitos outros, cheio de dúvidas e incertezas. Cada um de nós tem suas histórias, mas é preciso organizá-las antes de narrá-las, a fim de se posicionar na multidão.
E tem uma coisa: é preciso que seja a SUA história seja pessoal e verdadeira. E você só precisa saber contá-la. Narração de histórias é algo usado de diversas maneiras atualmente...
...como o novo disco que a Beyoncé, Lemonade, que conta uma história única, possivelmente dela própria, da primeira à última música. E que vem sendo elogiado justamente pela "narrativa" (The Verge) tão bem contada e conectada.
Mas aqui, a narrativa a que me refiro é outra: estou falando de experiências pessoais relacionadas à vida profissional.
Se sua história for bem contada, instantaneamente cria-se um elo de empatia entre você e seu entrevistador, cliente ou parceiro. E num mundo dominado por blogs, tuítes, textos em profusão aqui no LinkedIn e posts de Facebook, saber narrar sua história é uma vantagem.
Um modelo que me parece ideal — usado bastante por Steve Jobs em seus anos à frente da Apple e corroborado por Nancy Duarte, a escritora americana que é dona da maior empresa de design do Vale do Silício — é a Estrutura de 3 Atos. O conceito foi, digamos, melhor "lapidado" para as massas por Syd Field — conhecido roteirista americano cujo livro Manual do Roteiro é uma das bíblias do pessoal de Hollywood.
Se você pegar como exemplo qualquer grande filme americano, verá que a Estrutura de 3 Atos funciona assim:
Se você já assistiu, por exemplo, a qualquer filme da série Star Wars, (como o mais recente, O Despertar da Força), vai entender com facilidade o que estou falando aqui, já que estão entre os filmes que melhor usam esse conceito.
(#Quase spoiler: a história começa e termina com a heroína acima...)
Encaixando a estrutura de 3 atos na sua narrativa profissional...
Saiba que não é à toa que atualmente — mais até por conta dessa profunda crise aqui no Brasil — tanto profissionais quanto empresas estão investindo em narrativas (ou, como se costuma dizer por aí, storytelling) para se (re)posicionar no mercado.
Mas antes, para incrementar sua narrativa e tirar maior vantagem dessa técnica para sua carreira, não deixe de pensar nos seguintes tópicos na próxima vez em que for contar sua história:
Repassar todo seu currículo? Não, você pode fazer melhor...
Saiba antes de começar qual será a resolução
Parece estranho, mas o que quero dizer é: antes de começar sua narrativa, saiba qual será o final de sua história. Syd Field, no livro citado, afirma que "o final é a primeira coisa que você deve saber" ao começar sua narrativa. Quando isso acontece, é muito mais simples seguir ordenando e fazendo as conexões necessárias entre os fatos para que tudo o que você narrar faça sentido e mostre como se chegou a determinado ponto (ou seja, a resolução).
Diga o porquê de você fazer o que faz
De acordo com Simon Sinek, um especialista em Liderança, em seu TED Talk, "as pessoas não compram o que você faz, elas compram o porquê você faz". Então, facilite o trabalho delas ao criar uma conexão emocional entre o que você faz e o que a outra pessoa necessita: conte o que você fez bem, dê exemplos de seus resultados, uma contribuição positiva ou alguma outra história que tenha sido realmente inspiradora, satisfatória, importante para sua caminhada.
Organize sua narrativa para que seja autêntica e pessoal
E, nisso, você poderá ser apenas você — ter o seu estilo. Significa que sua narrativa deve necessariamente combinar com seu jeito: se você é uma pessoa séria e formal, de nada adianta tentar adaptar seu discurso tal como um hipster descolado e casual. Vai soar forçado e vai acabar com sua história, por melhor que seja.
Escolha uma motivação para sua história
Existem diversos elementos que compõe a motivação do protagonista — no caso, você, o narrador de sua história. Pode ser um desses, todos eles e até diversos outros não listados aqui:
- Transformação
- Oportunidade
- Vitória
- Perda
- Insight
Organize os atos de sua narrativa e possivelmente você terá uma bela história para a estrutura abaixo:
Que, como exemplos, poderão se assemelhar a estas:
- Você é um(a) ex-arquiteto(a) que, agora, em vez de projetar construções, projeta grandes infraestruturas de TI. Há 3 anos, deixou as pranchetas para trás para ir em busca de sua paixão por tecnologia e se formar na área de TI. Hoje, se sente tão confortável com programação, quanto com a execução de um projeto.
- Você trabalhou nos últimos 4 anos numa grande empresa: tinha um bom salário, status e uma posição de influência. Depois de ser demitido(a) em meio a essa crise no país, resgatou suas origens, voltou a estudar, começou a fazer uma pós-graduação e, agora, planeja usar seus conhecimentos como professor(a), palestrante ou consultor(a).
- Você se formou há poucos anos e nos 2 últimos passou de estagiário a analista numa multinacional. Veio a crise, a demissão e, mesmo com pouca. experiência para mostrar no CV e no LinkedIn, você correu de atrás de cursos e especializações para se manter atualizado(a). Passou a escrever e postar sobre os temas que conhece nas redes sociais e hoje se sente confiante em voltar ao mercado de trabalho, com outras experiências e mais maturidade.
- Aqui, a sua narrativa...
Uma narrativa pessoal é uma ferramenta poderosa para construir reputações, nomes e marcas, além de serem únicas, reais e provocarem empatia. Além disso, as histórias narradas são mais bem lembradas pelas pessoas do que simples referências a trabalhos ou currículos, já que são persuasivas, relevantes e fazem parte de nossa natureza humana.
Para concluir, como já citei neste texto aqui, inspire-se um pouco mais com a animação abaixo, que trata da "Jornada do Herói", de Joseph Campbell (essencial em narrativas), só que feita a partir da palestra de Matthew Winkler para o TED-Ed.
Product Owner
7 aSeu texo é bastante claro e objetivo, traz a narrativa para perto! Adorei, vou compartilhar!
Especialista em Terapia Familiar Sstêmica; Especialista em Psicodrama Terapêutico; Especialista em Terapia Cognitivo - Comportamental; Especialista em Psicologia Clinica e Escolar/Educacional
7 aAlexandre seu texto é muito bom! Acho que um dos melhores que li sobre Narrativas.
Profa. Dra. at UFRJ
8 aJane Santos, acho que você vai gostar disso.
IT Director
8 aAlexandre, seu texto é excelente. Não apenas pela formato leve e dinâmico, mas também por ser algo que pode ser aplicado no dia-a-dia e, principalmente, porque o vídeo do Matthew Winkler traduz bem que a jornada do herói é mais do que apenas um currículo: está em cada um de nós, em tudo que fazemos. Eu posso dizer que minha experiência mais recente foi no ano passado, quando fui "chamado" à aventura de me preparar para a certificação PMP. Era a mudança do status que eu tencionava fazer já há alguns anos. Busquei orientação, me preparei, tive meus receios de fracasso (afinal, todo ser humano tem), mas os venci e segui em frente. O resultado foi positivo e o voltei para meu status quo, como o vídeo menciona, num novo nível. E quantas vezes todos nós não passamos por isso? Quando eu escrevi meis livros foi a mesma situação. Quando nos preparamos para trocar de trabalho (empresa, posição etc) é o mesmo. Por isso que esse roteiro gera empatia. Mas o mais importante em minha opinião, é saber que, em todas as aventuras que embarcamos, sempre haverá aquele momento de dúvida, de fraqueza. É nessa hora que se separa o sucesso (quem continua) do fracasso (quem desiste). O sucesso não é tão maniqueísta a ponto de ser classificado apenas como "deu certo" ou "deu errado". Algumas vezes dá errado, mas o aprendizado foi abosvido. E a coragem de ter seguido em diante é o combustível do verdadeiro herói. Essa é a narrativa que todos gostariam de ter.
Gerente Comercial Atacado
8 aAdorei Alexandre. Muito importante repensar nossa trajetória, encontrar novos ângulos, reviver algumas situações, trazer isso para nossa linguagem. Farei este exercício. Obrigada!