Qual o futuro das agências numa era pós-agências?

Qual o futuro das agências numa era pós-agências?

A pergunta que entitula o texto pode facilmente transbordar para um universo que abranja todos os tipos de profissões e empresas, no entanto, este exercício é uma reflexão mais focada no mercado das agências de comunicação.

Numa época em que tudo nasce já ultrapassado, defasado e necessitando de ressignificações urgentes, é um desafio incrível pensar e planejar as nossas vidas e negócios a partir de prazos a meia distância no horizonte. A própria ideia de que as empresas e carreiras são construídas, moldadas e lapidadas para alcançarem um estado de solidez incólume ao tempo, às crises e tempestades já não existe há bastante tempo.

O problema é que, ao mesmo tempo, em que mergulhamos num gigantesco esforço para assimilar a ideia de que tudo está em constante mudança e que a incerteza é a regra do jogo, nos debatemos na angustiante tentativa de desenhar o futuro, adivinhar e estabelecer seus desdobramentos enquanto as transformações vão acontecendo avessas às nossas vontades.

O universo publicitário sofre destes mesmos dilemas e desafios com o agravante de termos um agente nocivo à nossa capacidade de enxergar, diagnosticar e promover as mudanças enquanto é possível. E esse agente é o próprio orgulho da categoria, o ego que alimenta a crença de que a criatividade, o instinto e a bagagem são um patrimônio singular inigualável.

Aquela agência que está acostumada a pegar uma verba milionária e emplacar um filme de 30″ na Globo já era.

Estamos prontos para as mudanças e as quebras de paradigmas que estão nos atropelando?

Há alguns anos as agências de publicidade vem sofrendo com a perda da própria identidade, do DNA e das suas missões. Aquilo que era concreto, dava norte e sentido às agências até pouco tempo, hoje não existe mais.

A mesma revolução tecnológica que deu ao mercado e todos os seus atores novas formas de interação, experiências libertárias, autonomia e voz ao consumidor que passou a ditar as regras e os padrões de oferta e consumo na sua forma, qualidade e intensidade. A tecnologia que criou novos canais e pontos de contato entre as marcas e consumidores, que democratizou o acesso à informação e a produção de toda forma de conteúdo é quem coloca em xeque a lógica de funcionamento do mercado publicitário tradicional.

Poderíamos ficar horas falando sobre esse assunto, porque ficou muito fácil perceber que ideias inovadoras estão mudando mercados inteiros.

Esqueça os fee mensais fixos e a bonificação por mídia. 

Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo. A era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro já chegou e bate à porta.

Por exemplo, a tecnologia programática está revolucionando a indústria mundial de publicidade. Sua adoção crescerá 31% em 2017 – um aumento maior do que a mídia social (25%) e o vídeo online (20%). Esse crescimento significará não só um maior número de anunciantes utilizando a automação em suas campanhas, como também investimentos mais significativos em tecnologia.

A questão da relevância e o papel do mundo digital ainda causa espanto e paralisia nas grandes agências.


'Quem não se atualizar não suportará viver na próxima década'

Num mundo onde as informações voam por meio de redes sociais e o jeito de se comunicar muda a cada instante, fazer a velha propaganda não traz mais resultados, e os anunciantes já perceberam esta mudança. Ou as agências mudam, na raiz de sua essência, aprendem a ser remuneradas por outro tipo de entrega, diferente da simples intermediação de anúncios e campanhas ou entram, todas, para a história.

Agências devem aumentar a sua relevância estratégica no negócio de seus clientes. Despir-se de velhas verdades absolutas e não lamentar o fim de um modelo. Mas construir um novo.

Isto implica em abrir mão de velhos formatos de atuação, de remuneração e entrega. O futuro das agências reside justamente no fato de colocar valor na estratégia, no planejamento, na consultoria, no design e no processo criativo e abandonar a mídia como fonte de remuneração.

Cristiano Dornelles

Conector de projetos (Varejo, Educação, Serviços, Pessoas e Tecnologia)

7 a

No fundo passa a ser entender pelo que estou pagando. E qual o resultado. Relação de trabalho.

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