Qual o perfil das empresas unicórnio e o que podemos aprender com ele?
O que são as empresas unicórnio?
Assim como os cobiçados seres mitológicos de um único chifre, as empresas ou startups unicórnios são aqueles raros negócios que todos desejam e que se destacam no cenário. Em outras palavras, empresas privadas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares.
A origem do termo Empresas Unicórnio
Aileen Lee é fundadora da Cowboy Ventures, um fundo que apoia empreendedores que reinventam o trabalho e a vida pessoal por meio de softwares. Em 2003, decidiu criar um estudo para responder essas duas perguntas principais:
- Qual a probabilidade de uma startup atingir uma valorização de bilhão de dólares?
- Existe um padrão a ser seguido por essas empresas unicórnio como Facebook e LinkedIn?
Para tentar responder a esses dois questionamentos, Aileen foi estudar o “Clube do Unicórnio”, ou seja, 39 empresas que preenchiam os requisitos para ingresso.
(Vale destacar, que quando Aileen cunhou o termo, em 2003, empresas unicórnio estavam restritas ao setor de software com sede nos EUA.)
Para ficar claro a raridade desses unicórnios: estas 39 empresas representavam 0,07% de todas as startups de software empresarial e de consumo.
A impressão que pode ficar, por conta da mídia, é de que empresas unicórnio estão nascendo a cada minuto. Mas é realmente difícil e altamente improvável construir ou investir em uma empresa de bilhões de dólares. 0,07% significa 1 unicórnio para 1,538 startups. Entrar para o seleto clube dos unicórnios é 100 vezes mais difícil do que entrar em Stanford.
- Na última década (2000 – 2010) nasceram 4 unicórnios por ano.
- Em média, demora até 7 anos para uma empresa se tornar um unicórnio. Ou seja, uma longa jornada com altos e baixos antes do estrondoso sucesso.
O que são os Super unicórnios?
Nas últimas décadas, nasceram de 1 a 3 super unicórnios (avaliação acima de 100 bilhões de dólares). Para Aileen, cada onda nova de tecnologia deu origem a um ou mais super unicórnios.
A década de 2000 produziu o Facebook; década de 90 ao Google e Amazon; 80 à Cisco; 70, Apple, Oracle e Microsoft e década de 60 à Intel.
O que todas essas unicórnios têm em comum?
4 perfis de empresas que se tornaram unicórnios
Para estudar melhor o Clube do Unicórnio, Aileen dividiu as empresas em quatro modelos de negócios:
- E-commerce: o consumidor paga por bens ou serviços (11 empresas)
- Público: gratuito para consumidores, monetização por meio de anúncios ou leads (11 empresas)
- SaaS: os usuários pagam (geralmente por meio de um modelo “freemium”) por software baseado em nuvem (7 empresas)
- Empresa: as empresas pagam por software de maior escala (10 empresas)
Vale ressaltar que nenhuma das empresas da lista mantinham inventário físico como uma parte importante de seus modelos de negócios. Outra característica que quase metade das empresas na lista compartilha: efeitos de rede. Os efeitos de rede na era social ajudam as empresas a dimensionar os usuários e aumentar as avaliações rapidamente.
Como é o perfil dos fundadores das startups unicórnio?
O fundador inexperiente de vinte e poucos anos é mais um ponto fora da curva do que uma norma. O perfil dos fundadores das unicórnio são CEOs de 30/40 anos com um DNA empreendedor. 80% já havia fundado outra empresa antes – algumas de sucesso outras fracassos.
Vale ressaltar que da lista das 39 empresas unicórnio, somente dois fundadores tinham experiência anterior em tecnologia. Isso nos faz pensar na importância desse DNA empreendedor e da gestão voltada para a inovação versus a tecnologia em si.
Apenas duas empresas da lista têm co-fundadoras do sexo feminino. E nenhum unicórnio tem CEOs do sexo feminino.
90% dos CEOs de unicórnios possuem diploma das 10 melhores escolas do mundo, como Stanford, Harvard, Berkeley e MIT.
A conclusão inevitável é de que, infelizmente, ainda existe pouquíssima diversidade entre esses CEOs.
Empresas unicórnio hoje
Como já ressaltado, em 2003 quando o termo unicórnio foi criado, ele só compreendia empresas norte-americanas e no ramo de software. Hoje em dia, considera-se uma startup unicórnio qualquer empresa privada avaliada em mais de um 1 bilhão de dólares.
Em Janeiro de 2020 a CBInsights divulgou uma lista atualizada das unicórnio: 490 empresas com uma avaliação cumulativa total de mais de 1150 bilhões de dólares.
Existem empresas unicórnio brasileiras?
De acordo com a Distrito, ecossistema independente de startups no Brasil, apenas doze brasileiras figuram nesta lista que é majoritariamente dominada por empresas chinesas e norte-americanas. E não existe nenhuma empresa brasileira super unicórnio.
As atuais unicórnio brasileiras são: as fintech Nubank e EBANX; a empresa de jogos Wildlife Studios; as empresas de suprimento, logística e entrega Ifood e Loggi; as empresas de e-commerce voltadas diretamente para o consumidor Quinto Andar e LOFT; 99 app, empresa de transporte individual; a plataforma corporativa de atividade física, Gympass e, a mais nova a entrar neste seleto time é a VTEX, empresa que oferece soluções para e-commerce.
Empresas IPOgrifos
Para se manter fiel a definição mais comum de Unicórnios, a Distrito criou o termo IPOgrifos, uma referência aos seres mitológicos que têm corpo de égua e cabeça e asas de águia. E o termo ainda utiliza a sigla em inglês IPO, que marca a oferta pública inicial de ações de uma companhia ao mercado.
No Brasil, existem duas IPOgrifos: a Arco Educação e a fintech Stone.
Por que tão poucas empresas brasileiras unicórnios?
A resposta para esta pergunta está alinhada com o perfil seleto dos próprios fundadores das unicórnio, ou seja, está vinculada ao próprio sistema educacional no país.
Quando me formei na Harvard Business School, me questionei sobre o porquê de tão poucos terem acesso a esse tipo de conteúdo de qualidade. Por que não levar os melhores professores do mundo para o Brasil e dar a oportunidade de outras pessoas viverem esta experiência de aprendizado?
Ao mesmo tempo que percebi a defasagem no ensino executivo, entre 2016 e 2019, conversei com 395 empreendedores e identifiquei outro gap, agora na atualização da gestão das empresas no Brasil.
Percebi que neste mundo da Nova Economia, que está sempre em rápida transformação, os líderes que não se atualizarem dentro de um padrão mundial de gestão, não conseguirão se manter relevantes e, por consequência, suas empresas irão sofrer.
Assim, surgiu o Propósito da xTree: democratizar conteúdos práticos de gestão de padrão mundial para líderes brasileiros transformarem as suas empresas.
Existem muitas oportunidades para se trazer diversidade ao clube dos unicórnios. E existe muita oportunidade no Brasil.
Segundo dados da Crunchabase Unicorn Board, o Brasil foi o 3º maior criador de unicórnios em 2019 – estando atrás apenas dos Estados Unidos e China. Além disso, nosso país é referência na América do Sul, junto com a Colômbia, no mercado de investimentos de risco em ascensão.
É necessário garantir esse crescimento constante e também, uma maior diversidade das unicórnio brasileiras. Aguardamos ansiosos para conhecer e apoiar os próximos que entrarão para este seleto grupo.