Qual a relação da microbiota com obesidade em cães?

A obesidade é um problema crescente em cães, gatos e humanos. Tanto em cães quanto em humanos, um aumento na prevalência tem sido ligado a mudanças no estilo de vida e nas práticas de alimentação. Um metabolismo altamente eficiente aliado a uma alta digestibilidade dos carboidratos levou à crença generalizada de que o fornecimento de dietas à base de cereais (ao invés de óleos ou gorduras) é mais apropriado para cães e gatos - especialmente aqueles propensos à obesidade. Entretanto, estamos agora conscientes de que os cães têm uma composição mais heterogênea de microbiota intestinal do que se pensava anteriormente. Um conjunto crescente de evidências sugere que a associação entre dieta, genética do hospedeiro, fatores ambientais e a microbiota endógena pode ter impacto em nossa capacidade de controlar o armazenamento de gordura ou o ganho de peso. Neste artigo, exploramos o conhecimento atual sobre o efeito da dieta sobre o microbioma em cães e seu papel como fator de risco para a obesidade.

Podemos estudar o microbioma do cão?

Cães e humanos possuem um microbioma gastrointestinal muito semelhante, o que os torna ideais para estudos nesta área. Entretanto, os cães são únicos por serem onívoros e terem uma capacidade inerente de digerir e metabolizar muitos tipos de carboidratos que são difíceis para os humanos devido a seu intestino delgado mais curto. As amostras de fezes podem ser usadas para estudar a composição do microbioma intestinal e são fáceis de coletar. Atualmente existe um teste disponível para análise da microbiota intestinal e da pele em cães e gatos da empresa DNAPET. As amostras coletadas podem ser armazenadas e transportadas em temperatura ambiente. Para estudar o microbioma dos cães, podem ser utilizados métodos de amostragem não invasivos, como amostras de fezes e de pele. Amostras fecais podem ser coletadas através destes kits de coleta enviados pelos correios. Também se pode usar uma amostra retal como um substituto para as fezes, coletando uma amostra do reto. Os esfregaços de pele também podem ser coletados das patas traseiras dos cães, das abas das orelhas e da virilha. As amostras das patas e das abas das orelhas podem ser coletadas usando um cotonete umedecido com soro fisiológico.

Como o microbioma está relacionado à obesidade em cães?

Estudos recentes sugerem que a composição da microbiota intestinal pode ser alterada em cães obesos. Em geral, os indivíduos obesos têm uma proporção maior de Firmicutes e uma proporção menor de Bacteroidetes em comparação com os indivíduos magros. Da mesma forma, a microbiota em cães obesos mostra uma proporção maior de Firmicutes e uma proporção menor de Bacteroidetes. Entretanto, embora a proporção de Firmicutes e Bacteroidetes esteja correlacionada com a pontuação de condição corporal em humanos, não é o caso em cães. Claramente, a relação entre a microbiota e a obesidade precisa ser mais explorada para entender melhor seu papel no ganho de peso em cães.

Uma mudança na dieta pode ajudar na perda de peso em cães?

Enquanto existem algumas dietas comercialmente disponíveis que são mais baixas em gordura e mais altas em fibra e parecem ajudar na perda de peso, muitas delas são muito altas em carboidratos. Na verdade, essas dietas são ricas em carboidratos glicêmicos que são rapidamente metabolizados. Há algumas evidências de que cães com uma dieta rica em carboidratos têm um risco maior de obesidade em comparação com cães alimentados com uma dieta pobre em carboidratos. Isto sugere que as dietas com alto teor de carboidratos deve ser alimentadas com moderação e equilibradas com gorduras saudáveis, proteínas e outros nutrientes para promover a perda de peso em cães.

Quais são alguns tipos de dieta que podem beneficiar cães com problemas de peso?

Uma dieta rica em proteínas e gorduras pode ajudar na perda de peso em cães. Na verdade, dietas com alto teor de proteína e gordura são mais comumente usadas para tratar cães com problemas de peso. Alguns exemplos de dietas com alto teor de proteína e gorduras incluem: - A alimentação com uma dieta rica em proteínas e com baixo teor de gordura não mostrou nenhum efeito sobre a perda de peso em cães. - Alimentar com uma dieta rica em fibras pode ajudar na perda de peso em cães. - Os cães alimentados com uma dieta pobre em proteínas e com alto teor de carboidratos apresentaram resultados positivos na perda de peso.

Conclusão

Estudos sugerem que as mudanças no estilo de vida, práticas de alimentação e genes do hospedeiro podem ser responsáveis pela associação entre o microbioma intestinal e a obesidade em cães. Uma mudança na ingestão dietética pode ajudar a controlar o ganho de peso em cães. Entretanto, uma mudança bem-sucedida na dieta requer o compromisso e a motivação do dono para alimentar adequadamente seu cão. Tenha em mente que os cães são animais muito sociais e prosperam na interação com seus companheiros caninos humanos e outros companheiros caninos. O mesmo se aplica a seus hábitos alimentares. Se você estiver tentando mudar a maneira como seu cão come, faça a transição o mais fácil e agradável possível para ele. Comece misturando o novo alimento com o antigo, aumentando gradualmente a quantidade do novo alimento ao longo do tempo. Isto permitirá que o tempo do trato gastrointestinal de seu cão se ajuste ao novo alimento, ao mesmo tempo em que ajuda a evitar transtornos digestivos.