Quando a escola é mais do que um número no ranking
É curioso ver que a comunidade se agita quando são lançados os rankings das escolas. Quem está em primeiro, quem subiu, quem desceu, a nossa escola está melhor ou pior que nos anos anteriores?
Numa era em que se fala tanto de felicidade, nos propósitos de vida, na preocupação com o clima e a sustentabilidade, que as empresas são predadoras da vida dos colaboradores pois só se focam nos números, que se descartam bons profissionais porque já estão acima dos 50, que a sociedade não age de forma justa e equilibrada, o que é que a própria sociedade faz? Valoriza os rankings, valoriza os números, valoriza a informação que algumas escolas pretendem passar . A própria sociedade cria as condições para que sejam construídas narrativas que interessam a essas pessoas, que servem para justificar tudo aquilo que depois hipocritamente condenam.
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Tenho o privilégio e a honra de ser, pela terceira vez, presidente de uma das maiores e talvez mais ativa associações de antigos alunos do país, a Associação dos Antigos Alunos do Colégio S, João de Brito. Alguns poderão dizer…vens agora com essa conversa porque o teu colégio desceu no ranking. Já esteve no TOP 3 agora anda cá para baixo. Ao que eu lhes responderei sempre, o que eu valorizo, enquanto antigo aluno do colégio (e dos jesuítas), e pai de 2 antigos alunos do colégio (e dos jesuítas), e marido de uma antiga aluna (do colégio e dos jesuítas) e, além disso, como presidente da confederação europeia dos antigos alunos dos jesuítas, não são apenas as notas (que também são importantes obviamente) mas sim todo o contexto envolvente. Valorizo, os mais de 12 anos que lá andei como aluno e onde aprendi a ser melhor pessoa. Valorizo a preocupação, que me foi sempre transmitida, para com os mais necessitados (e aqui não estou a falar apenas de parte financeira) há infelizmente muitas pessoas que têm dinheiro e são muito necessitadas, valorizo o estar ao serviço dos outros e da comunidade, valorizo que não vale tudo por um punhado de moedas de prata, valorizo o esforço e a dedicação de tantos e tantos educadores (docentes e não docentes) que partilham ou partilharam a mesma missão que eu, valorizo o espírito de “corpo” que temos nos nossos antigos alunos locais (S. João de Brito) mas que reconheço existir quer a nível nacional (Colégio das Caldinhas e antigo Colégio Imaculada Conceição) quer ainda nível europeu, onde aceitei a missão que Deus me confiou para levar a minha paixão e o meu sentido de serviço para ajudar a contribuir para o bem comum e para a melhoria do mundo em que estamos inseridos. Quero ser uma voz de agregação mas acima de tudo mobilizadora de vontades e ações diferenciadoras no mundo que nos rodeia. Quero contribuir para que os “números” existam mas de forma humana e com uma preocupação constante com o próximo e com a nossa casa comum (e não sou de esquerda!!!). Gostava mesmo muito que TODOS os alunos inseridos no sistema educativo pudessem ter acesso a isto que eu tive, que consegui proporcionar aos meus filhos e que não tenho qualquer dúvida que tornaria a sociedade melhor, mais justa, mais equilibrada e acima de tudo mais HUMANA. Se há algo na vida que tenho de agradecer aos meus pais (entre muitas outras coisas) foi terem-me proporcionado 12 anos no Colégio S. João de Brito enquanto aluno. Mas agradecer também ao Colégio ter confiado em mim como professor, e aos antigos alunos terem confiado em mim para os representar. Em 29 e maio de 2016, apesar não ser nada comigo (e com o meu colégio) estive em frente da Assembleia da República com o meu filho (também ele hoje antigo aluno) numa “luta” contra a hipocrisia e o desmantelamento do ensino de qualidade, os famosos contratos de Associação. Não se tratou de defender o privado…tratou de se defender a qualidade do ensino. E a qualidade do ensino deveria ser cada vez mais educar/formar cidadãos plenos onde não vale tudo, onde não contam só os números, onde interesses corporativos e egos pessoais se sobrepõem aos verdadeiros interesses do país. Trata-se de lutarmos por sermos e educarmos/formarmos MELHORES PESSOAS. O meu filho, na altura com 12 anos, quis ir para estar com os amigos dos outros colégios dos jesuítas em Portugal pois nós temos desde cedo esta ligação uns com os outros na preocupação da construção de uma sociedade melhor. Hoje passados 8 anos ele ainda se dá com esses mesmos amigos, de Santo Tirso, de Cernache e continuam a acreditar que podem ser agentes de transformação!
O texto vai longo tal como o meu orgulho em poder dizer que “apesar” do meu colégio não ser o primeiro ou estar no TOP dos rankings, continua a fazer aquilo para o qual foi inicialmente pensado…EDUCAR PARA SERVIR. Agora é olhar para a frente mas fazendo uma análise crítica sobre os resultados obtidos pois os números...também contam!
Line Chef at David Lloyd Club
5 m"A própria sociedade cria as condições para que sejam construídas narrativas que interessam a essas pessoas, que servem para justificar tudo aquilo que depois hipocritamente condenam. " Esta vou guardar, serve nao so aqui, mas para tanta, tanta "coisa", tanta situacao, tantas pessoas e egos. 4 minutos muito bem usados. Bravo, Valente abraco. Desculpa os erros, Teclado ingles...
Consultor Senior Especialista em GRCC, ESG (Certificado), LGPD, PCN, IA, KPI, Regulatórios, Sustentabilidade, PLDFT, KYC, Auditoria Interna, Inovação e Tecnologia, Governança Corporativa, Palestrante.
5 mParabéns
Managing Partner at Magalhães Associados Sociedade Advogados
5 mTotalmente de acordo! 🙂
Fiscal Data Senior Analist
5 mA escola dos meus Filhos foi a 11ª colocada nos Rankings. Não desvalorizo os rankings mas nao faço festas. A diferença dos rankings é a exigencia colocada no dia a dia, para chegar a um objectivo onde somente a comunidade escolar é vencedora.
Business Unit Director | Industrial, Infrastructures and Mobility Projects Management | Tender and Contract Management for PPP/PFI and DBFOM Projects | Sales and Business Development
5 mExcelente artigo. Partilhamos a mesma visão da escola. Da nossa escola. É a academia e os resultados, mas é muito mais que isso: é um sentimento de comunidade e de partilha de valores cristãos e inacianos num contexto de serviço aos outros e de liberdade de pensamento.