Quando eu entendi “brilho nos olhos” e acreditei nos nossos jovens

Quando eu entendi “brilho nos olhos” e acreditei nos nossos jovens

Já se passavam das 14h da tarde de uma sexta-feira. Junto com minha diretora, lá fomos nós para mais uma reunião de briefing. Ou seja, ouvir a necessidade do potencial cliente para apresentar uma proposta. Estava animado, pois sabia que o tema seria interessante. Tratava-se de uma plataforma digital cheia de produtores de conteúdo mandando ver coisas muito boas!

Chegamos cedo e nos ajeitamos na sala de reunião. É inevitável gastar esses minutos de espera imaginando como seria o perfil do interlocutor. Minha expectativa, confesso, era de alguém na faixa dos 30/40 anos, com perfil comercial, típico dos profissionais que já iniciaram operações de outras startups e com estilo executivo.

Os minutos se passaram e eis surge através do vidro um rapaz vestindo calça de moletom, camiseta branca, óculos meio quadrado e aro grosso, mochila nas costas parecendo uma “sacolinha” e um boné que deixava os cabelos revoltos para fora. Um suquinho na mão completava o figurino. Um tapa na cara do chamado “meio corporativo”. Um tapa na minha também. O rapaz estava 100% à vontade.

Enquanto ele entrava na sala, mentalmente, meu cérebro instantaneamente preconceituoso martelava: “não acredito que vamos falar com esse adolescente, para decidir se seremos escolhidos, ou não". Entre outros pensamentos igualmente tolos. Aquele raciocínio típico de quem acha que idade é sinônimo de algo.

O que interessa mesmo é que o papo foi ótimo. O garoto, do alto de seus 20 e no máximo poucos anos, mostrava personalidade, ousadia e muito conforto em ser o representante escolhido para liderar a entrada da marca no Brasil e fazer ela “bombar” por aqui como já ocorreu em outros países do globo.

O auge do encontro foi o momento em que assistíamos a um vídeo sobre um evento que o rapaz decidiu que a marca deveria patrocinar. Ele vibrava. Vibrava pela qualidade do vídeo, pela arte urbana, por tudo. Por ele! Eu não sabia mais se acompanhava o vídeo ou a reação do garoto. Já não sabia mais como corresponder a tamanha empolgação. Uma preocupação que ele jamais teria, por simplesmente ser. Em seguida, ele comentou sobre a reunião que havia tido com a organização do mesmo evento em que precisou conter sua excitação, fazendo o jogo dos negócios e simular uma falta de interesse. Um misto de sabedoria e inocência. Demais!

É difícil explicar, mas aquele fim de tarde já de volta ao escritório não foi como de costume. Não sei se pelo incômodo provocado pelo choque de gerações e aquela desagradável sensação de estar ficando para trás. Não sei pela dificuldade de acompanhar o ritmo das novas plataformas cada vez mais distantes do meu contexto. Ao mesmo tempo sabia que não era “só” isso.

Alguns dias se passaram e o que eu não consigo mesmo esquecer é a energia, paixão e vibração do menino ao ver aquele vídeo. Definitivamente tive a oportunidade de ver a expressão “brilho nos olhos” se materializar diante dos meus próprios olhos. Era mesmo de ofuscar. E eu só sei que se cada um de nós tiver um pouquinho do brilho que vi, coisas muito boas hão de acontecer.

Alethéia Rocha

Fortalecendo reputações e apoiando bons negócios a chegarem a quem precisa. Estratégia, conteúdo e relacionamento!

7 a

Belo relato!! Quantos de nós não queriam ter essa oportunidade!!

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