Quando a inovação pode complicar a vida das equipes de vendas
Em um mercado em constante mutação, impulsionado por avanços digitais, os profissionais de vendas se veem diante de desafios consideráveis.
As inovações tecnológicas, por um lado, trazem instrumentos revolucionários e, por outro, desafios sem precedentes, principalmente na implementação de ferramentas e tecnologias de ponta.
O "State of Sales 2022" da Salesforce Research indica que uma expressiva parcela de vendedores (82%) precisou alterar suas metodologias de vendas para se adaptarem às novidades do setor.
Atualmente, existe uma infinidade de ferramentas disponíveis para quem atua com vendas. Sistemas de CRM, inteligência artificial e análises detalhadas de Big Data têm o potencial de tornar as vendas mais precisas e eficientes. No entanto, há dúvidas sobre se essas tecnologias realmente facilitam o processo de vendas.
Líderes de vendas muitas vezes adotam uma abordagem de acumulação, inserindo mais uma habilidade, ferramenta ou tecnologia na já sobrecarregada rotina dos vendedores, com a intenção de prepará-los para as demandas de um mercado volátil. Apesar das boas intenções, essa estratégia pode inadvertidamente complicar as atividades de vendas a um grau quase insustentável para muitos.
Essa complexidade é destacada em um estudo do Gartner que entrevistou 501 vendedores B2B, dos quais apenas 25% se sentem capazes de cumprir todas as suas tarefas sem comprometer a qualidade.
Dados da Gartner também mostram que vendedores sobrecarregados pela tecnologia têm 43% menos probabilidade de atingir suas cotas de vendas do que aqueles que não se sentem pressionados pela mesma.
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Isso sublinha a tensão entre a integração de novas tecnologias e a manutenção da eficácia nas vendas, sugerindo que, talvez, estejamos equipando os vendedores com ferramentas que mais sobrecarregam do que auxiliam.
Como mudar o cenário?nbsp;
Torna-se evidente que os gestores de vendas devem simplificar as obrigações dos vendedores e não aumentá-las. Isso requer uma mudança significativa na maneira como a tecnologia é incorporada à estratégia de vendas. Ela deve ser vista menos como um arsenal de ferramentas complexas e mais como um membro colaborativo da equipe.
Com essa perspectiva, os vendedores podem se concentrar em habilidades essencialmente humanas, como compreender as emoções dos clientes e comunicar o valor de produtos e serviços de maneira eficaz. Essas competências, especialmente empatia e persuasão, são tarefas que as máquinas ainda não conseguem realizar como os seres humanos.
Historicamente, a tecnologia prometeu aumentar a produtividade dos vendedores, mas agora essa promessa está sendo questionada. Os líderes de vendas percebem que os ganhos de eficiência estão estagnados, e o custo para mantê-los está crescendo devido à complexidade gerada pelo excesso de tecnologia.
Os avanços recentes em IA, contudo, oferecem uma nova abordagem. Líderes progressistas estão começando a posicionar a tecnologia como um membro autônomo da equipe de vendas, capaz de assumir tarefas autonomamente, aliviando a carga dos vendedores para que possam se dedicar a estratégias e relacionamentos mais significativos.
Assim, vislumbra-se um futuro para o setor de vendas que privilegia uma parceria simbiótica entre o vendedor e a tecnologia, onde esta última empodera os vendedores a focar no que fazem de melhor: estabelecer relações humanas profundas, entender as nuances emocionais do processo de compra e reforçar o engajamento com o cliente de maneira inigualável por qualquer tecnologia.