Quando o Vento Faz a Curva

E de repente o vento mudou.

Depois de um longo silêncio, de uma espera sem fim.

Ar parado.

Angústia.

Como uma montanha russa que pára lá embaixo e não tem impulso para subir.

Mas eis que o vento volta a soprar, dando impulso para fazer a curva e subir.

E aqui estou, fazendo a curva junto com ele.

Quando o vento faz a curva, a gente não vê, mas sente.

Presença.

E é tão certo, que não deixa dúvidas nem medo do arrependimento do que ficou para trás.

Pois tudo segue dentro de nós, de forma transmutada.

É só ir.

Se permitir.

Curtir o vento nos cabelos.

Ser.

E se ameaçar cair,

Vou me segurar em um paraquedas colorido.

Olhar para cima grata por tudo o que ficou.

Mas enquanto isso não acontece,

Estou admirando a paisagem.

Me convidando para os lugares belos que vejo.

Pronta para abraçar o futuro que quer emergir.

Pronta para o novo.

E quando o vento parar,

É só esperar a próxima curva.

Inevitavelmente, ele voltará a soprar.