Quando pensar em desistir da aviação, lembre-se de quando era criança.

Você que está lendo esse artigo...lembra como nasceu essa paixão por aviação? Eu me lembro exatamente o dia em que vi pela primeira vez um avião.

Era um Fokker 100 da TAM que avistei decolando do Aeroporto de Congonhas (SP) pela janela do transporte público que meus pais pegaram a fim de chegar a um compromisso no centro da cidade . No momento em que aquela aeronave passou pela cabeceira 17R acendeu uma fagulha, ou melhor “fui picado pele mosquito da aviação” como falamos nesse ramo.

Eu morava na região do Pedreira, Zona Sul de São Paulo, eu lembro que pegava folhas de isopor para fazer os Fokker para brincar, pintava eles com guache, uma tinta à base de água semelhante à aquarela, ah... e o trem de pouso eram palitos de fósforos (risos).

Já no colegial, eu matava aula para ir ao aeroporto de CGH ver os aviões (minha mãe não sabe disso, a não ser que ela leia o artigo) mas isso pouco importa, eu era um bom aluno até. Eu pegava um ónibus público chamado Largo São Francisco, descia na parada bem em baixo da passarela em frente ao terminal de embarque e ia correndo até um restaurante, lá era possível ver a movimentação na pista.

Nesse restaurante, conheci uma comissária da TAM (não é propaganda para a LATAM, ok?) só sei que, ela me observou por um tempo até puxar conversa, resumindo, ela me deu um broche que guardo até hoje. Voltei pra casa no ônibus das 18 horas abarrotado de gente com a vontade de fazer parte daquilo um dia.

Com 18 anos, eu queria ser piloto, meus pais não tinham dinheiro para tal...muito menos eu, então pensei: vou fazer o curso de comissário e encantar as pessoas como aquela aeromoça me encantou. Mas infelizmente, o HASP não me deu o CCF por achar que eu era imaturo, meu primeiro não na vida.

Então, fui estudar manutenção de aeronaves e deu certo, entrei na aviação finalmente! Primeiro como estagiário na VASP, que em troca de experiência ganhava um bandejão (foi ótimo, podia repetir). Depois passei para a Líder Táxi Aéreo e GOL Linhas Aéreas.

Então, retomei meus estudos, Bacharel em Aviação Civil e finalmente o curso de Comissário, peguei o CMA e passei na ANAC. AGORA VAI BRASIL!!!!

Bati na porta da Azul, “Oi tudo bem? Eu quero ser seu comissário...” não, volte daqui um ano” ela disse. Então tá, vou tentar migrar na GOL né “Oi tudo bem? Eu quero ser seu comissário...” “Não, você é muito técnico, precisamos de você na manutenção” respondeu. Passou um ano e voltei na Azul, ganhei um não novamente.

Então recebi uma proposta da Avianca Brasil, em uma área dentro da manutenção chamado MCC, aceitei obvio, o salário era magnifico, com ele eu poderia finalmente fazer as horas de voo.Bom, eu não preciso comentar o tamanho do não que nós da Avianca Brasil recebemos ultimamente. Da vontade de desistir (lagrimas nos olhos).

Hoje moro em Moema, vejo todos os dias aviões decolando e pousando. Quando o sentimento de desistência aparece... resgato a minha criança interior e o Fokker 100 daquele dia, é nessa hora que o “Gregzinho, fia da mãe” acende de volta a poderosa chama da paixão pela aviação.

Bem sabemos quão difícil será essa fase, mas quando pensar em desistir... lembre-se de quando era criança.