Quando procrastinar vale a pena.

Nesta última quinta-feira, 29/03, aproveitando a véspera do feriado, resolvi fazer um rápido housekeeping [1] em meus livros e materiais de estudos e trabalho, porque a bagunça já estava grande e eu já vinha procrastinando esta árdua missão há algum tempo. (rs...)

Acredito que todos vocês sabem o significado do verbo procrastinar (não é nada legal), mas acontece. Quando você faz uma atividade dessas, acaba surpreendendo-se com alguns livros e anotações que possui e nem se lembrava. Revive histórias profissionais e pessoais, amizades, projetos e trabalhos realizados e reencontra coisas bem interessantes. É, literalmente, uma volta ao passado.

Nessa jornada deparei-me com o livro Gestão do Conhecimento – On knowledge management -, coletânea de artigos da Harvard Business Review sobre o assunto e publicada no Brasil pela Editora Campus.

Folheando o livro cheguei à página 108 e ao artigo “Aproveitando todo o cérebro da empresa”, de autoria de Dorothy Leonard e Susaan Straus. Achei o título atrativo e passei a ler o resumo executivo:

Inove ou fique para trás. O imperativo competitivo de, praticamente, todas as empresas da atualidade é assim tão simples. No entanto a observância do mandamento é tarefa árdua, pois as inovações ocorrem com o entrechoque de diversas ideias, percepções e formas de processamento e avaliação de informações. E, geralmente, ainda exigem a colaboração entre participantes que veem o mundo sobre diferentes ângulos. Assim, o conflito que deveria se desenvolver no plano das ideias, de maneira construtiva, muitas vezes eclode entre pessoas, com resultados destrutivos. As disputas tornam-se pessoais, provocando a ruptura do processo criativo. O gerente bem sucedido, no fomento da inovação, descobre maneiras de promover o atrito produtivo entre diferentes abordagens, por meio de um processo que as autoras denominam abrasão criativa [2]. Em seu trabalho com numerosas organizações ao longo dos anos, elas observaram a atuação de muitos gerentes que hoje aproveitam a abrasão criativa como ferramenta de trabalho. Esses gerentes compreendem que pessoas diferentes desenvolvem estilos de pensamento diversos: analítico ou intuitivo, conceitual ou experimental, social ou independente, lógico ou induzido por valores. Deliberadamente, desenham todo um espectro de abordagens e perspectivas em suas organizações e desenvolvem meios para assegurar o respeito à diversidade cognitiva entre pessoas com estilos de pensamento diferentes. Para tanto, estabelecem regras básicas que norteiam o trabalho em conjunto, de modo a disciplinar e impulsionar o processo criativo. Acima de tudo, os gerentes que pretendem estimular a inovação precisam examinar suas iniciativas para inibir ou estimular a abrasão criativa”.

[1] Housekeeping é uma ferramenta utilizada pelas empresas para garantir um ambiente mais agradável aos funcionários e que traga retorno com maior produtividade, incluindo eliminação dos desperdícios, limpeza e arrumação. Integra o programa 5 S, consolidado no Japão a partir da década de 50.

[2] Abrasão criativa, na abordagem das autoras, consiste em assegurar-se da participação de todos, ou seja, que todos estejam “sentados na janelinha”, expressando suas opiniões.

Quando terminei de ler o texto, fiquei tentando lembrar se havia comprado o livro recentemente. Então resolvi consultar o seu catálogo bibliográfico: 6ª edição, 2001; copyright, 1987; Campus adquirida pela Editora Elsevier.

Qualquer semelhança com 2018 é mera coincidência.

Desta vez, a procrastinação valeu a pena!


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