Quando a tecnologia vai afetar o seu negócio e o seu emprego?
Hoje diante dos grandes avançados tecnológicos o impacto da tecnologia nos mais diversos negócios e empregos é apenas uma questão de tempo. Ainda que setores possam ser impactados num ritmo menor, a tecnologia é um caminho sem volta. Não é questão de argumentarmos se haverá ou não impacto e sim quando isso vai ocorrer. E estar preparado para esse momento é a melhor forma de não ficar para trás e não ser engolido.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Estamos vivenciando a chamada quarta revolução industrial, marcada sobretudo pela atuação de robôs e sistemas ciberfísicos. Um cenário baseado na convergência das tecnologias digitais que são responsáveis por promover uma transformação radical.
Muitas empresas que já perceberam, ou melhor, que já se preparam para esta nova realidade, certamente, conseguirão sobreviver e assumir um papel de destaque. E quando você olha o contexto histórico, entende que são ciclos que exigem adaptação das empresas, da indústria e dos profissionais. Foi assim com a invenção das máquinas à vapor, com energia elétrica, com os computadores, com a internet e agora, com os robôs e máquinas inteligentes.
As máquinas à vapor tiraram o emprego de muitos trabalhadores braçais, mas criaram tantos outros. A eletricidade promoveu a demissão em massa das pessoas que acendiam lampiões que iluminavam as ruas, mas criou outros empregos. Os computadores e a internet modificaram a forma com que as pessoas podiam realizar o seu trabalho, modificou o modelo de tantos negócios e, com certeza, foi responsável por extinguir algumas coisas, mas ninguém duvida dos seus benefícios.
Com os robôs e as máquinas inteligentes acontecerá exatamente a mesma coisa: muitos empregos poderão ser extintos, mas milhares e maiores oportunidades serão criadas. Por isso, é importante discutir esse tema e não empurrar com barriga, pensando que “o futuro jamais chegará...”. O futuro é agora, já estamos diante deste cenário que antes parecia apenas história.
Talvez, o próximo grande impacto que iremos presenciar será na área automobilística. A tecnologia dos carros autônomos avança a passos largos, não é apenas uma experiência de laboratório, é uma decisão e um caminho seguido seriamente pelas empresas.
Dentro de mais alguns anos muita coisa vai mudar significativamente. Carros autônomos exigirão novas regras, demandarão produção em massa de outros tipos de componentes para a indústria, exigirão a capacitação de novos profissionais, diminuirão drasticamente a necessidades de profissionais motoristas (caminhoneiros, taxistas, motoristas de ônibus, etc), diminuirão a necessidade de estacionamentos, concessionárias e oficinas terão sua demanda muito reduzida, as fabricantes que dominarão o mercado poderão ser outras, haverá influência nas cadeias de valores fragilizando barreiras entre indústrias...
Isso só para citar alguns impactos e para percebermos o quanto as coisas estão intimamente ligadas.
Mas olhando o outro lado da moeda, muitas oportunidades também vão surgir: haverá a necessidade cada vez maior de formação de novos profissionais responsáveis por projetar e manter esses equipamentos, um novo tipo de indústria será necessário para fabricar esses novos modelos, os transportes públicos poderão ser mais eficientes, poderá haver uma redução no número de acidentes, prestação de serviços tendo esses carros autônomos como base deverão surgir (exigindo profissionais para trabalhar nestes negócios)...
Será assim com a indústria e serviços automobilísticos e foi assim com outras áreas. Você se lembra do serviço de SMS? E dos disquetes? Dos cds? Dos filmes em fitas de vídeo cassete? Do serviço de despertador via telefone? Dos vendedores de enciclopédia Barsa? Tudo faz parte do processo de evolução.
Já que não há opção, a pergunta que devemos ter e mente é: O que pode ser feito para que sejamos aliados da tecnologia?
Do ponto de vista das empresas, essas devem ser menos resistentes às mudanças, ampliando a sua capacidade de inovação e abrindo mão de antigos modelos (ainda que bem estabelecidos). A disrupção tecnológica deve entrar nas pautas de reunião.
A disrupção tecnológica desencadeará um rearranjo intenso no mundo dos negócios nos próximos anos, impactando as empresas de forma a repensar seus modelos de maneira rápida suficiente para acompanhar as transformações de mercado. Ser uma organização tradicional não deve ser encarado como distanciar-se das inovações. Segundo uma pesquisa da CISCO, 40% das empresas já estabelecidas correm o risco de desaparecerem até 2020, por falta de inovação.
Isso vai exigir profissionais que sejam capazes de reconhecer o risco das tecnologias disruptivas e que abordem o assunto suficientemente com uma postura proativa e não apenas reativa. Para efeitos de ilustração podemos dizer que um profissional reativo toma um grande susto quando percebe a água entrando por baixo da porta, já um profissional com postura proativa é capaz de, antecipadamente, fazer todo um sistema de vedação ao perceber que nuvens carregadas de chuva vêm se aproximando. E isso fará toda a diferença!
A tecnologia, se incorporada corretamente, ajudará a elevar a produtividade e será um grande diferencial para as empresas.
Para os profissionais, em geral, sobretudo aqueles diretamente ligados à tecnologia, temas como inteligência artificial, internet das coisas, big data, mineração de dados, economia compartilhada e computação em nuvem deverão ser cada vez mais familiares. Neste sentido precisamos avançar na educação das nossas crianças, repensando o quê e como devemos ensinar, até mesmo porque se estima que 65% delas vão trabalhar em funções que ainda nem foram inventadas (segundo a consultoria McKinsey).
A boa notícia é que a tecnologia mais criou empregos do que destruiu, portanto, não precisamos ter medo, não se trata de um cenário apocalíptico, apenas de uma nova era em que homem e tecnologia serão cada vez mais aliados. E um desejo é que todo esse avanço possa também contribuir para reduzir a desigualdade social...mais do que empregos, devemos também pensar nas pessoas, não é mesmo?
Obrigado pela leitura!
Sobre o autor:
Patrick Pedreira é Professor Mestre em Ciência da Computação, doutorando na USP, coordenador de cursos de graduação e, acima de tudo, um amante da tecnologia.
Se você quiser ser notificado sobre novos textos e clique no botão "Seguir". Será um prazer tê-lo na minha rede para, juntos, trocarmos ideias!
Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.
Leia também outros mais de 80 textos de minha autoria clicando aqui.
Últimas publicações:
- 8 erros que mantém você estagnado na sua carreira
- O jeito Disney de contratar funcionários e de realizar sonhos
- O diploma morreu... Será mesmo?
- Como estudar e aprender mais e melhor
- Enfim, imortais? Como a tecnologia pode mudar a noção da morte
- Como o Facebook mudou o mundo para melhor ou para pior
- Carnaval e tecnologia: um mundo de oportunidades profissionais
- Vida profissional: é preciso navegar em águas turbulentas
- O Google sabe tudo sobre você: saiba como evitar esse monitoramento
- Meritocracia e diversidade: como a tecnologia pode criar um sistema mais justo de seleção de candidatos
Teacher at FSDBP - Faculdade Salesiana Dom Bosco de Piracicaba
7 aSensacional! Excelente Artigo prezado Patrick Pedreira Parabéns! Saudações.
Host - Harmony cast
7 aFantástico ! A tecnológia já está revolucionando a área da medicina fico imaginando o impacto na minha área ( nutrição).
Owner/Dono RGL Consulting/Siemens 25 years/CFO/Renewable Energy/Engineering /Sustainability
7 aOi Patrick. Excelente, acompanho com interesse o assunto .Até publiquei um tema semelhante, como você mesmo comentou. Agora diante deste cenário politico econômico , novos pactos sociais são importantes e fundamentais para que esse momento de rompimento transforme-se em oportunidades no Brasil. Abraço. Lopes.
Head de Novos Negócios | Especialista em IA e Transformação Digital
7 aPerfeito. Sempre achei que a tecnologia tem que ser um meio, não um fim. Focado na minha área, que é de TI, ela vai mudar muito. Elas tem que fazer o caminho inverso. Sair um pouco da tecnologia e entrar mais no negócio. Ao meu ver, são essas as empresas que vão sobreviver e prosperar.