Quando tudo passar, seremos mais ou menos humanos?

Quando tudo passar, seremos mais ou menos humanos?

Talvez os inventores da Internet não pudessem imaginar que, um dia na história da humanidade, tudo se transformaria tão rapidamente, numa migração quase que instantânea para o mundo virtual. 

É bem verdade que já entramos na Era Digital já há algum tempo e que as novas gerações já nasçam sabendo o que é uma tela, mas não uma folha de papel. Que as redes sociais têm o poder que têm e que nossos hábitos já mudaram muito desde que Bill Gates, Steve Jobs e cia limitada puseram suas mentes brilhantes para pensar. 

A questão é que, até hoje, ou ontem - metaforicamente - discutíamos se a tecnologia faria bem ou mal. Colocávamos em xeque o excesso de horas passados no celular. Olhávamos com desconfiança para alguns exageros. E enxergávamos, com certa distância, os milagres já praticados pela tecnologia, como se fizessem parte de um mundo diverso, como numa ficção científica. 

E de repente nos vemos presos em casa, utilizando do único recurso que temos para falar com quem amamos, para trabalhar, para fazer compras, para namorar, para matar a saudade e até para nos consultarmos com um médico: o acesso à banda larga, conectado a um aparelho de celular. 

Fazemos parte de um momento histórico de transformação, e ele acontece sobretudo por meio da tecnologia. Mas, como somos humanos, sentimos falta do contato, do olho no olho, do carinho, da festa, do vento no rosto. Não samos robôs. Mas parece que viramos. Robôs amedrontados por um vírus invisível. 

Acho que o lado mais poético disso tudo é que a única cadeia produtiva de nossa sociedade que precisa preservar esse contato humano é a da saúde. Pois os profissionais que atuam nos hospitais, mesmo paramentados com máscaras e roupas de proteção, tocam, olham, sentem, atendem e cuidam do paciente à sua frente. Isso me leva a pensar que, para cuidar, é preciso mais do que nunca, ser humano.

Não. Não perderemos nossa humanidade por conta desse período. Sairemos mais fortes. Olharemos mais nos olhos. Seremos mais gratos. Abraçaremos mais. E a tecnologia continuará a nos servir. Nunca o contrário!

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