Quantas linguagens de programação devo aprender?

COMECE POR UMA!

Parece óbvio, mas vejo que na realidade não é. Para quase todo mundo, a primeira experiência com programação é algo muito diferente de tudo o que já viveram e vai levar um tempo até que você seja realmente capaz de resolver problemas complexos.

Aprender leva tempo

Eu poderia te sugerir aprender Python ou Javascript, por exemplo, como sua primeira linguagem de programação. No entanto, a verdade é que não importa muito que linguagem você vai escolher pra começar, apenas escolha uma e comece. Se você tem alguma situação que lhe obriga ou favorece o aprendizado de alguma linguagem específica como, por exemplo, uma disciplina da faculdade, uma imersão online ou algum material que você encontrou e achou legal, então aprenda esta linguagem. Resista à curva de aprendizagem e não fique pulando de linguagem em linguagem, enquanto ainda tenta absorver conceitos como instruções, controle de fluxo ou repetições.

Com algum tempo de estudo, você vai entender melhor que tipo de aplicações gostaria de construir e, se tiver que estudar outra linguagem, além de aprender mais rápido, terá a oportunidade de sedimentar a base.

Comece por uma linguagem, mas não se limite a uma.

Esta é a segunda obviedade que escrevo neste texto, mas ela é consequência de um fato que não me parece tão óbvio à maioria dos programadores: programar não é escrever código. Programar é se comunicar, é conseguir fazer com que uma máquina execute aquilo que você deseja. As linguagens de programação são o meio de que dispomos para realizar uma comunicação precisa e sem ambiguidades, diferentemente da comunicação em linguagem natural, que usamos com outras pessoas. O meio tem se modificado bastante ao longo dos anos e continuará evoluindo no futuro, porém a essência se mantém a mesma.

Há pessoas que aprendem uma linguagem e ficam apegadas a ela. Há outras que têm medo ou preguiça de aprender algo novo depois de encontrar algo que "está funcionando". Seja qual for o caso, esta é uma postura que não facilita nem a realização de projetos em novas áreas, nem a evolução da sua capacidade de resolver problemas. Cada linguagem favorece e desfavorece um conjunto de requisitos para a solução de um problema, tanto pelo projeto da linguagem em si, quanto pela forma como ela foi adotada pela comunidade. A menos que seja uma ambição pessoal – por exemplo, você quer construir um ecossistema da linguagem X em torno da aplicação Y e sabe o que está fazendo – não é aconselhável "forçar" uma linguagem em um projeto.

Eu já programei em mais de 16 linguagens diferentes, passando por aplicações como desenvolvimento web, aplicativos móveis, jogos digitais, análise de dados, aprendizado de máquina, computação gráfica, visão computacional e experimentos científicos diversos. Cada linguagem me trouxe novas perspectivas e me possibilitou entender determinados padrões e conectar soluções de domínios que, aparentemente, seriam diferentes. Isto quer dizer que você deve sair aprendendo todas as linguagens que existem? Não!

Eu tive a oportunidade de aprender várias linguagens ao longo de mais de uma década programando. Aprender leva tempo! Tentar aprender muitas linguagens ao mesmo tempo não vai te ajudar e ainda pode gerar ansiedade. Além disso, depois do encantamento inicial com a programação, pode ser difícil aprender uma nova linguagem sem um objetivo específico em mente. Cada linguagem que eu aprendi estava inserida dentro de um contexto que me motivava a prosseguir e, apesar de algumas delas, como Prolog, serem tão específicas que não as utilizei mais depois daquele momento, colocá-las em ação me permitiu reter ideias importantes por trás da linguagem. Por último, dizer "aprenda só uma", "aprenda todas" ou "aprenda 42" linguagens seria tentar criar um algoritmo para a sua vida e você não é uma máquina para seguir instruções pré-definidas, não é mesmo? Busque conhecimento, desenvolva sua autonomia e naturalmente você saberá quantas deve aprender.

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