Quarta revolução industrial... Será?
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Quarta revolução industrial... Será?

Muito ouve-se por aí que estamos vivendo a quarta revolução industrial e associa-se a este debate o conceito de indústria 4.0. Aceito, sem problemas, a visão de indústria 4.0, mas gostaria de discutir se de fato passamos por quatro revoluções industriais. Ou seja, entendo que a indústria esteja evoluindo e que podemos criar as respectivas versões desta evolução, mas tenho dificuldade em entender que cada uma destas versões esteja associada a uma revolução, vejamos o porquê.

Quanto se fala em revoluções industriais, está se falando na verdade de tecnologias que impulsionaram e deram escala cada vez maior à produção. No século XVIII a conhecida revolução industrial, chamada de primeira por muitos e a única na visão que trago aqui, foi ocasionada por conta do advento das máquinas a vapor, que possibilitaram uma reorganização total da sociedade. Surgiram as grandes fábricas, o trabalho foi concentrado em um único espaço-tempo, a produção escalou, os hábitos de consumo mudaram, o marketing surgiu, entre muitos outros impactos.

As duas revoluções que se seguiram, segunda e terceira, são fundamentadas na eletricidade e na automação, respectivamente. A eletrificação permitiu uma reorganização das fábricas, dando maior flexibilidade aos arranjos de produção, enquanto a automação, viabilizada pela computação e pela robótica, permitiram um aumento significativo de capacidade de produção. Podemos perceber, que ao longo destas três primeiras ditas revoluções, o modelo produção-distribuição-consumo não mudou, sendo denominado como modelo linear ou, do inglês, modelo pipeline. A segunda e a terceira revoluções, aumentaram a escala de produção, a diversidade de produtos e, consequentemente, o consumo, mas não mudaram o modelo linear.

Já a chamada quarta revolução industrial, que está alavancada pelas tecnologias digitais, tem permitido a criação de novos modelos de negócios, não se tratando portanto de uma discussão simplória sobre como tecnologias escalam produção e consumo. Esta revolução mudou completamente o modelo, criando as redes de produção-consumo, deixando os pipelines para trás. Com os novos modelos de negócio em rede surgem as plataformas, onde quem produz, consome e vice-versa, cabendo a elas intermediarem essa relação, surgindo assim, os prossumidores.

Assim, dada a evolução natural do modelo linear, entendo (e me responsabilizo totalmente pela ousadia), que as chamadas primeira, segunda e terceira revoluções industriais foram na verdade uma única revolução, que se estendeu do início no século XVII até o final do século XX, quando então, teve início com a Internet, uma nova revolução. Vou chamá-la de revolução digital, na ausência de um nome melhor pelo menos por enquanto.

Perfeita análise e conclusão. Agora está começando a segunda revolução industrial.

Boa reflexão Felipe Marra! Nós, como sociedade, precisamos desses marcos na história para organizarmos nosso modelo de pensar e entender as coisas. Na linha de pensar diferente, acho que o que marcou as revoluções não foram as tecnologias em si, mas o impacto que trouxe para a sociedade. E a quarta revolução (ou segunda) tem um impacto muito forte das tecnologias digitais trazendo para o foco o usuário/cliente. Favorecendo a personalização e experiência deles.

Ousadia precisa ser a “especialidade da casa”. Do contrário, as revoluções não vêm. Ou, só são percebidas quando a próxima está chegando. Então, ouse.

Bela reflexão, os momentos na história são nomeados muitas vezes séculos depois e os marcos das suas mudanças também.

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