Que inveja dos uruguaios...

Muito além da boa Parrilla, do vinho Tannat, do doce de leite e do alfajor, o Uruguai tem muito a nos ensinar. Um país de cerca de 3,3 milhões de habitantes, com um povo absolutamente educado, defensor de sua liberdade e apaixonado por seu chão, capaz de protagonizar cenas de civilidade invejável e sincera e ainda demonstra ao mundo o que é democracia.

Em meados de junho de 2023, quando se relembrava os 50 anos do golpe de estado que instaurou uma ditatura no país, todos os ex-presidentes, acompanhados do atual foram convidados para um evento de celebração à democracia. Todos deram seu testemunho, foram ouvidos e ouviram com enorme urbanidade e respeito. Uma verdadeira aula de civilidade e de civismo!

Em setembro deste ano, estive no país vizinho, mas só tomei consciência de que estavam em pleno período eleitoral por conta do material de campanha nas ruas: cartazes nos postes, muros pintados, outdoors e outros equipamentos de exposição midiática eram comuns (como foram aqui, anos atrás), mas não vi nenhum uruguaio falando da eleição. Era necessário provocar para obter a resposta e, mesmo assim, ninguém dava seu veredicto ou dizia em quem iria votar.

O primeiro país da América Latina a retirar imagens religiosas de espaços estatais não poderia ser diferente, afinal, o uruguaio não suporta ter sua liberdade tolhida, ser influenciado. Para convencê-los, use bons argumentos, caso contrário, perderá seu tempo!

Neste último dia 27 de outubro, os uruguaios foram às urnas para eleger presidente, parlamentos e para responder a dois questionamentos relacionados à sua constituição. A plenitude democrática da Banda Oriental é tão grande que reformas constitucionais são votadas por todos e o resultado é respeitado. Não há terceiro turno, quem perde, aceita democraticamente e pronto.

Não há gritaria dos perdedores, não se diz que o país está dividido, os matizes ideológicos não atrapalham o desenvolvimento da nação, tanto que os candidatos que irão ao segundo turno se saudaram em seus discursos de vitória. Os uruguaios sabem o que querem e lutam por isso, sem se preocupar com a cor da camisa. O importante é “el avión salir adelante”, independentemente do piloto.

O Uruguai é o país mais estável da América Latina, tem seus desafios como qualquer outra nação, como por exemplo o alto custo de vida, a inflação (5% a. a.), o aumento da criminalidade, empobrecimento da população, mas isso não gera a insegurança que há em outros lugares.

Contratos na Banda Oriental são cumpridos, crianças estão na escola e eles possuem um plano de país, voltado para a atração de investimentos e para o desenvolvimento de setores como os de tecnologia, possuindo agressivos benefícios fiscais para trazer os recursos de que necessitam para se desenvolver.

 Enfim, que inveja dos uruguaios.