A queda de uma gigante
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A queda de uma gigante

A Bed Bath & Beyond informou hoje ao mercado acionário que tem "dúvidas sobre sua capacidade de continuar seus negócios". Em suma, um aviso de que pode estar prestes a abrir falência. Isso foi necessário porque ela vai atrasar a entrega do seu resultado do Q4. E, claro, como consequência, suas ações já navegam numa baixa de mais de 20% da última vez que vi...

Mas como uma gigante do varejo chega nessa posição? Acho que mais do que assistir o tombo, é preciso analisar o tropeço.

Lembro em 2020 quando eles anunciaram que iam remodelar lojas, rever mix de produtos, um novo CEO vindo da Target, e um novo plano de para dar uma reviravolta em seu go-to-market, incluindo omnicanalidade.

E como todas as verticais de varejo para casa, como material de construção, tiveram seus resultados elevados rapidamente pela demanda da pandemia, a medida que a receita para "fora do lar" rapidamente se moveu para "dentro do lar". Esses resultados positivos iniciais, passaram o sinal de que tudo ia bem!

Mas como uma gigante do varejo chega nessa posição? Acho que mais do que assistir o tombo, é preciso analisar o tropeço.

Entretanto, passado o "boom" inicial de resultados, os planos começaram a mostrar seus problemas. O novo CEO trouxe sua forma de trabalho da Target, que apesar ter dado muito certo lá, trouxe uma desconexão com o perfil dos clientes da BB&B, com formas de omnicanalidade que não conversavam com as necessidades de seus consumidores.

A revisão do mix de produtos fez com que se buscasse o aumento de linhas white label, buscando maior margem, mas não se atentou para uma queda de qualidade dos produtos que ocorreu, o que teve um impacto imediato nos resultados de vendas, pois os produtos que foram substituidos não estavam mais disponíveis.

E quando finalmente os problemas de cadeia de suprimentos da pandemia bateram, a decisão de optar por marcas próprias, supridas principalmente da Asia, deixaram os pedidos online com tempos de entrega muito superiores aos seus concorrentes com fornecedores domésticos, como Walmart, Amazon e a própria Target.

No final, alguns elementos são difíceis de serem previstos, especialmente a pandemia, que por um lado mascarou inicialmente os problemas, e depois, exacerbou eles. Mas sem dúvida, dois grandes vilões que vemos comumente na gestão dos negócios aparecem aqui, e acredito que eles são os elementos que devemos abrir o olho, como lições aprendidas:


  • Trazer um plano pronto ao invés de construir um junto com as pessoas que estão lá, conhecem o negócio e adaptar um com a cultura local: se tem algo que aprendi com o tempo, é o quão importante é você se adaptar ao ambiente onde você está entrando, usar sim suas ferramentas, mas aprendendo muito com todo o conhecimento acumulado e com as pessoas que estão lá, e criando algo juntos, com a cultura do lugar


  • Não focar no seu cliente, focar no seus resultados: outra coisa que aprendi é que resultados são consequência de atender alguma necessidade (ou várias!) que seu cliente precisa, e nunca o contrário. Ao focar em um mix de produtos que buscava margem, e não algo que atendia seus clientes, perdeu-se o bebê, jogando fora a água do banho.


E você? O que acha desse episódio do varejo? Enxerga alguma lição aprendida que deixei de lado? Mande seus comentários abaixo!

#varejo #gestaoempresarial #desafio

Eduardo Zanatta Ribeiro

Gerente Comercial | Gerente Comercial Regional | Gerente de Contas | Executivo de Contas

1 a

O "conjunto da obra" tem que ser levado em consideração como Elói citou muito bem. Podemos errar algumas vezes, mas um contexto desfavorável (pandemia, guerra e problemas políticos) pode jogar a operação pra baixo de maneira irreversível.

Jose Alfredo Rodrigues

Engenheiro infraestruturas portuárias, industriais e rodoviárias gerenciamento de projetos

1 a

Isso nos EUA e aqui no Ceará a Guararape o consumo está diminuindo e o desemprego aumentando e a inflação aumentando e governo criando impostos Onde vamos para

Que saudades dessa loja, que tristeza o que fizeram com essa rede.

Ricardo Formanek

Engenheiro e administrador | Especialista em Planejamento Estratégico e Gestão de Projetos | Gerente Geral | Diretor | Desenvolvimento de Lideranças e Melhoria de Processos | Mentoria e Coaching Executivo

1 a

É difícil acreditar que o novo CEO, vindo da Target, não soubesse que existem diferenças substanciais entre as operações de sua antiga empresa e da BB&B. Também acho improvável que ele não saiba da importância do foco no cliente etc. (embora a pressão por resultados de curto prazo possa acabar deixando qualidade e atendimento em segundo plano, algo que sempre cobra seu preço). Eu acredito que possa existir alguma questão interna que não tenha sido colocada de forma explícita na reportagem, algum problema com o clima organizacional, falta de engajamento, lideranças inadequadas, entre outras. Trazer um CEO de fora normalmente manda um sinal que pode ser a necessidade de dar uma "chacoalhada" no pessoal ou a percepção de que não há alguém de dentro que tenha competência para assumir essa função. Em qualquer um dos casos, um processo mal conduzido pode abalar as equipes e comprometer toda a operação, a consequência disso vem nos resultados, cedo ou tarde.

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