Quem é o seu Coach?

Quem é o seu Coach?

Tenho muito receio dos modismos. Moda, segundo a estatística, é aquilo que se repete, e isso, por si só, pode significar que quem está na moda é seguidor, e não líder. Pior ainda quando se trata de vida pessoal, pois estar na moda tem um ar de mesmice.

Pessoas originais e vencedoras lançam moda, assumem riscos e vão aonde as demais não conseguem chegar. Ao contrário de pessoas que preferem adotar a moda vigente, como li outro dia em um perfil no Facebook em que a pessoa de declarava “na moda sempre”, o que confirma mais uma vez a intenção de imitar e seguir. Por conta da moda, nos anos 70, pessoas usavam calças boca de sino e sapatos plataforma, ridículos aos olhares de hoje.

Assim, a proliferação do coaching nos últimos anos, soa mais como moda, do que como a descoberta de uma nova ciência. Conheço pessoas que trabalham com coaching que são muito competentes, mas me preocupa muito a quantidade de cursos de formação de coachs, que são os profissionais que vão orientar e conduzir as pessoas.

Há alguns dias recebi um e-mail de um curso desses que se propunha a formar alguém em coaching em 32 horas, o que é uma temeridade, sobretudo porque não é qualquer pessoa que pode ser um coach.

O coach não é um amigo, um conselheiro, um professor, um chefe, um mentor, nem um colega de profissão, embora num outro momento possa ser um pouco de cada uma dessas coisas. Não é alguém que se contrate por contratar.

É alguém que instrui particularmente, visando preparar uma pessoa para um trabalho específico ou importante. Sendo assim, o coaching deve ser realizado por profissionais que possuam experiência de vida pessoal e profissional rica em realizações bem e malsucedidas, sólida formação acadêmica, conhecimentos multidisciplinares nas áreas de gestão (de pessoas, empresarial e do tempo) e de comportamento.

Assim, a proliferação de escolas de coaching preocupa, porque experiência profissional não se constrói em cursinhos livres e a programação neurolinguística, também muito alardeada, não pode ajudar nesses casos, salvo se conduzida com seriedade e competência, o que é realizado por muito poucos, sobretudo no Brasil.

Resumindo, o coaching destina-se a apoiar o desenvolvimento da carreira do profissional, mas é necessário que se escolha o coach certo, não pelos diplomas que tem, mas pela sua trajetória pessoal profissional e formação acadêmica.

Para exemplificar bem o assunto, e mostrar a importância de se ter um coach competente, vou usar o esporte. Mais especificamente o basquete, que o esporte que mais gosto depois do futebol (como todo brasileiro) e das artes marciais.

O anel de campeão é o símbolo máximo da NBA e a sua conquista representa chegar ao topo de um dos espaços mais competitivos do mundo. Um homem pode dizer que é o maior vitorioso da história da NBA: Phil Jackson. Toda essa trajetória é narrada agora no livro Onze anéis – A alma do sucesso, editado no Brasil pela Rocco, que documenta como Jackson construiu times inesquecíveis (Chicago Bulls dos anos 90 e Los Angeles Lakers dos anos 2000), liderou mitos do basquete como Michael Jordan ou Kobe Bryant e construiu sua carreira no esporte como um técnico vencedor e um líder metódico, conquistando inacreditáveis 11 anéis de campeão. É bem verdade que Phil pode gabar-se de, na verdade, ter conquistado 13 anéis, já que vencera outros dois como jogador dos New York Knicks nos anos 70.

Contando com a colaboração do jornalista e escritor Hugh Delehanty, que já o acompanhara no bestseller Cestas Sagradas, que ganha reimpressões sucessivas desde que foi publicado pela Rocco, em 2001, Phil Jackson constrói um guia perfeito para quem se interessa pela arte de liderar grupos de trabalho, mostrando como a gestão do esporte é um bom resumo do comportamento humano em um ambiente competitivo e dinâmico. Phil destaca a importância do chamado “momento presente”, técnica de focar na tarefa a ser realizada, que descobriu enquanto estudava a meditação budista e que trouxe resultados práticos para o cotidiano de seus comandados, como o aumento do poder de concentração e a capacidade de tomar decisões rápidas em situações de profunda tensão. Ao comparar estágios de equipes de trabalho aos estágios de organizações tribais, o autor demonstra como é fundamental entender a importância do conjunto, que só é vitorioso quando os integrantes superam o processo de autoafirmação e se entregam à realização coletiva de um objetivo maior.

O livro destrincha seu processo de trabalho e conta em detalhes todas as trajetórias vitoriosas à frente dos Chicago Bulls e dos Los Angeles Lakers. Documenta também a convivência com estrelas problemáticas como Dennis Rodman, a gestão de um esporte que movimenta quantias milionárias, além de sua trajetória como jogador dos Knicks e como um período sabático (em decorrência de uma contusão) foi fundamental para o seu contato com a meditação e as questões espirituais que posteriormente seriam um ponto chave no gerenciamento de suas equipes.

Em Onze anéis – A alma do sucesso, Phil Jackson mostra como um homem obstinado e gentil pode conduzir grandes astros à vitória, sem impor seus dogmas ou esquemas rígidos de treinamento, acreditando apenas na força do trabalho em equipe e na vontade de superar limites e transpor dificuldades.

Há alguns anos fundei a Gravitas AP com a intenção de ajudar pessoas e organizações a atingirem os seus objetivos. Inicialmente era uma atividade paralela as minhas vidas corporativas e acadêmica, mas desde lá eu tinha certeza que poderia utilizar a minha experiência de anos à frente de negócios e pessoas, com bons e maus resultados, para fazer com que as pessoas que me procurassem pudessem ter sucesso. A minha experiência dos últimos anos mostra que há muita gente com muito talento perdida por aí e que é possível dar norte aos seus desejos, desde que elas queiram realmente fazê-lo.

O mais importante é chamar a atenção para a inexistência de milagres, afinal, por mais piegas que possa parecer a afirmação, sucesso só vem antes do trabalho nos dicionários (pelo menos no da língua portuguesa).

Ótimo artigo professor! Coach é para toda vida e se falharmos na escolha deste, simplesmente acabamos com ela.

Marcos Costa

Academico na ANSP - Academia Nacional de Seguros e Previdência

8 a

Sergio, realmente parece modismo e as pessoas devem ter muito cuidado ao escolherem os profissionais corretos e com experiência profissional.

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