Quem é sua organização na fila do pão?

               Que fase meus caros!... Para quem agradeceu o término de 2019 por ter sido tão difícil, não poderia imaginar o que nos esperava em 2020.

               Pandemia, palavra que possivelmente ouvimos em alguma aula de ciências, no século passado no meu caso, e que nunca fez muito sentido em nosso dia a dia. Agora faz e mudou tudo!

               A Lógica do Cisne Negro, teorizada pelo consagrado autor libanês Nassim Nicholas Taleb está presente em nossas vidas.

               Segundo Taleb, um Cisne Negro é um evento improvável e que possui três características principais: não previsível, de grande impacto e, depois de ocorrido, uma diversidade de explicações surgem mostrando que não era tão imprevisível como parecia!

               Claro que sendo imprevisível, são grandes as dificuldades em avaliar claramente as oportunidades e ameaças destes eventos e nem somos suficientemente abertos a professarmos fé naqueles que conseguem imaginar o impossível.

               Como era de se esperar muitos planos estão virados ao avesso. Reuniões, decisões e mudanças de direção são esperadas e obrigatórias neste momento de tamanhas incertezas.

               Quarentena até o final do ano? Gripezinha? Milhões de infectados e mortos? Lock out estendido, vertical, parcial, alternado, com duplo twist carpado? Ninguém têm as respostas!

               O mesmo autor teoriza sobre a antifragilidade, um conceito bastante interessante e profundo de coisas que se beneficiam com o caos.

A antifragilidade é o oposto da fragilidade.

               Porém, para entender antifrágil é necessário entender suas diferenças de resiliência e de robustez. O resiliente resiste aos choques e ao tempo e volta ao seu estado original. O robusto permanece o mesmo ainda com os choques e com o tempo, já o antifrágil fica melhor e mais forte com as adversidades.

               Neste contexto, as organizações estão expostas a um cenário de singular complexidade e estão vendo suas decisões e atitudes passadas colocadas a prova. Explico.

               Sabe aquela casa que vive bagunçada, com a cama desarrumada, louça acumulada, roupas espalhadas pela sala e que de repente fica maravilhosa no dia da visita? Pois é, a visita chegou de surpresa, e entrou sem pedir licença!

               As casas (organizações) que estavam arrumadas, estão agora mostrando seu lado mais forte e estas, são as que terão maiores chances de mostrarem-se antifrágeis. Outras, com muita luta, sofrerão e voltarão ao estado original. Outras ainda, passarão ilesas, mas sem ganhos e por fim, teremos aquelas totalmente destruídas.

               Na empresa onde trabalho, uma querida colega compartilhou uma frase bastante interessante proferida pelo CEO em uma reunião com colaboradores premiados pelo seu desempenho:

“É na crise que as organizações mostram sua essência”.

               Grata surpresa tive ao observar quantas oportunidades estão surgindo e quanto os executivos estão empenhados em agir de forma antifrágil.

               Ao mesmo tempo, posso ver quantas e quantas organizações estão sofrendo e mostrando-se descobertas neste momento.

               Longe de desejar o caos. Longe de imaginar que todos partem da mesma origem, com as mesmas condições. Longe de imaginar que as consequências são imputáveis apenas ao preparo ou esforços das organizações, gestores, colaboradores.

               Vejo muitos e muitos cenários que por mais que quisessem ser antifrágeis não são páreos a tamanhas incertezas, não há como ser.

               Mas vejo também muitas organizações que sim, poderiam aproveitar-se da antifragilidade. Mas as casas estavam desarrumadas.

               Uma pena, porque haverá sofrimento. De colaboradores, de gestores, da sociedade, de famílias...

               Se neste momento alguns sairão fragilizados, que nos façamos antifrágeis a partir daqui e deixemos nossas casas arrumadas para as próximas visitas.