Quem está usando quem?
Tema: Pais x Smartphones.
Acabei de reler o livro Technopoly, de Neil Postman. Educador e professor da NYU na década de 70, Neil defende que toda inovação tecnológica muda a cultura de uma sociedade. Ele alerta que cada avanço tecnológico é uma faca de dois gumes, trazendo benefícios, de um lado, e efeitos colaterais, de outro. E que devemos adotar estas tecnologias de "olhos abertos".
Ele desenvolveu esta tese avaliando várias mudanças na história da comunicação. Como foi escrito em 1992, Neil falou bastante da TV e de seus impactos na dinâmica da sociedade americana. Ele nem imaginava o mundo que a internet traria em seguida. E muito menos poderia sonhar com a nossa sociedade de smartphones e mídias sociais!
O que ele diz continua super atual e estou com ele. (*veja um trecho do livro no final deste post)
Os smartphones vieram pra ficar e trazem muitos benefícios. Mas defendo que eles não podem simplesmente entrar em nossas vidas sem uma análise crítica de seus impactos no cotidiano e em nossas relações. E, como pai, estou de olho na transformação que estão causando nos hábitos dos meus filhos.
Em casa, não temos preconceito contra esta ou aquela tecnologia. Mas temos limites para elas, principalmente para os smartphones. Telefone na mesa de jantar, não. Ao lado da cama na hora de dormir, sem chance. Na hora de estudar, de jeito nenhum. E discutimos os seus porquês.
É uma luta constante, cansativa...às vezes dá vontade de desistir. Se você é um pai ou mãe em constante conflito com seus filhos por conta do celular, bem vindo ao meu time. 😃
Esta é a maior briga de nossa geração. Por que ela é nova. Não há histórico. Outras gerações de pais tiveram que lidar pela primeira vez com a televisão, com as drogas, com os acidentes de carro, etc. E deixaram aprendizados e experiência para nós.
Já a briga do celular é nossa…somos a primeira geração com filhos que entraram na pré-adolescência com um smartphone na mão. E estamos perdendo de goleada, inclusive com gol-contra nosso: quem nunca deixou seu filho falando sozinho porque estava de olho no WhatsApp? Por isso, esta batalha é tão difícil! Celular vicia.
Perguntei ao meu filho outro dia..."filho, você que está usando seu celular ou ele que está usando você?". Ele me olhou incrédulo. E talvez você ache a pergunta estranha também... mas será que é mesmo?
Quando minha filha fica aflita para terminar o jantar e voltar para seu Instagram, o que está acontecendo? Será que ela sabe que esta ansiedade é o que as mídias sociais querem criar para gerar tráfego e vender anúncios? Quem está usando quem?
Tem criança que vêm passar o fim de semana com a gente e não se esforça para se integrar. Se a programação não é exatamente a que ela gostaria, ela se retira para assistir Netflix no celular. Ela volta pra casa depois de dois dias na praia e não sabe dizer onde esteve. Isto é saudável?
Estou muito curioso para ver o resultado desta relação de nossos filhos com seus telefones. O que eles vão ganhar e perder na sua adolescência? 🤔
E você, o que pensa?
Notas:
- Trecho de Technopoly: "It is a mistake to suppose that any technological innovation has a one-sided effect. Every technology is both a burden and a blessing; not either-or, but this-and-that. Nothing could be more obvious, of course, especially to those who have given more than two minutes of thought to the matter. Nonetheless, we are currently surrounded by one-eyed prophets who see only what new technologies can do and are incapable of imagining what they will undo.... A bargain is struck in which technology giveth and technology taketh away. The wise know this well, and are rarely impressed by dramatic technological changes, and never over- joyed...Once a technology is admitted, it plays out its hand, it does what it is designed to do. Our task is to understand what that design is - that is to say, when we admit a new technology to the culture, we must do so with our eyes wide open."
Freelance
5 aDescobri por mim mesma que podemos nos viciar sim. Com o pretexto de me manter com um objetivo de construir uma cidade, eu tinha que passar por tarefas para continuar a crescer. Percebi que não conseguia material suficiente para terminar apenas uma das construções. Aí me toquei que já estava viciada. Desistir não foi fácil mas era vital para enxergar mais longe.
Cirurgião-dentista em Consultório Particular
5 aBatalha dura para os pais. Nadar contra a correnteza. Ir contra os outros. Não é fácil
New Business Accelerator
5 aMuito bom texto Marcelo. O detox de eletrônicos para as crianças ja é uma realidade em paises como o Japão/ China..que loucura né? Aonde vai isso? Temos que ficar bem atentos mesmo.