Quem tem medo do lobo mau!
"Há, nos discursos, muitas maneiras de formular um voto de morte, explícito, implícito, alusivo...e tudo o que a retórica permite dizer e não dizer nas entrelinhas" (Eric Laurent).
Pensando nesse discurso, que sem dúvida será lembrando como um dos mais desastrosos da História, a questão é levantada. Quem são aqueles que são convocados ao trabalho e que, de fato, poderão estar de volta em seus postos? Será que é aquele que pode se dar ao luxo de passar a quarentena jogando videogame com seu filho na sala? Será que é aquele que volta ao trabalho no estilo "home office"? Não. Esses fazem seus próprios horários e modos de trabalhar uma vez que a estratificação na qual estão (e se esforçam por estar) lhes garante o direito de reduzir sua carga horária, abster-se de lidar com o público, mandarem outros para a linha de execução. Sim, execução nos dois sentidos. Estes que se encontrarão sem alternativas (pois poderão ser demitidos e não terão mais dinheiro para seus familiares) terão que obedecer o comando da voz. São os sem-nome, são os quaisquer, são os zé-ninguém brasileiros, que são convocados para servirem às mesas de seus senhores, pois madame (como na letra eternizada por João Gilberto) não pode lavar a louça, não pode ficar sem seus pequenos e grandes luxos da vida. É disso que estamos falando, quando criticamos os desvarios dessa política insólita que o nosso pais mergulhou. E o mais triste de tudo: até quem nem é "madame" (mas acha que é) pensa emparelhado com essa ideologia do terror: "farinha pouca meu pirão primeiro".
Psicanalista (Psicóloga), YouTuber no canal Mundo 'psi'; para marcar consultas, use o in box no LinkedIn.
4 aMuito bom!!! É exatamente isso que eu também acho.