Quer se inspirar? Se joga no banco de dados da vida.
A Propmark tinha me feito uma proposta: "porque você não escreve sobre o que te inspira?" Afinal, um Diretor de Criação precisa das suas fontes de inspiração.
Mas escrever sobre o que me inspira foi um desafio tremendo.
“E aí? Vai falar o quê?" — Não sei! Nunca tinha parado para pensar nisso. E se eu fosse escrever tudo o que passou pela minha cabeça, não caberia nos 3.500 caracteres deste artigo. Mas, depois de pesquisar um pouco lá no fundo da cachola, cheguei a uma equação que combina dois elementos.
O primeiro existe em abundância, está na moda e ninguém faz nada sem ele hoje: dados. O outro é mais raro. Também sempre existiu, mas muitas vezes não demos o devido valor a ele. E agora que está ficando escasso, a gente só pensa nele: o tempo. Para mim, a inspiração vem da soma dessas duas coisas.
Sempre busquei entender mais do comportamento humano para me inspirar...
Antes que me julguem como um oportunista por chegar aqui ditando regras sobre dados, deixa eu falar um pouco sobre isso. Hoje, a palavra da moda é essa: “dados”. Mas gosto mais de pensar em dados como histórias, comportamentos, informações, experiências que se repetem, enfim, tudo o que nos dê conhecimento sobre aquilo que queremos construir. Ter seu próprio banco de dados da vida é fundamental para se inspirar.
Para mim, isso sempre aconteceu na base da conversa, da curiosidade e da observação. Sou daqueles que batem papo, sabe? Como bom mineiro que sou, gosto de um bom “causo”. Antes da pandemia, por exemplo, tinha o hábito de ir para a agência de Uber ou táxi só para ir trocando ideia com o motorista. Queria saber a sua opinião política, o time que torce, o que os filhos estudam, sua formação, se consome alguma marca com a qual trabalho, enfim... eu ia colhendo dados.
Ao escutar e observar as pessoas, surgem insights que me fazem buscar mais informações e me aprofundar nos dados para ver se dali sai coisa...
A volta para casa era sempre de metrô, porque ali a amostra é muito mais ampla: há mais diversidade entre as pessoas. Via como elas estão se vestindo, o que estão lendo, o que estão assistindo, qual app estão usando e, claro, o que (e como) elas estão conversando. Assumo: fico de fone sem música para ouvir o papo dos outros. Feio, né? Desculpa. Mas não incomodo ninguém. Não fico entrando no meio. Sou chato, mas tento parecer legal.
Enfim, essa rotina é um exemplo de como eu sempre busquei entender mais do comportamento humano para me inspirar. Seja para aplicar em uma ideia para algum cliente, para criar uma oportunidade de negócio ou simplesmente para ter repertório para fazer graça com os amigos. Ao escutar e observar as pessoas, surgem insights que me fazem buscar mais informações e me aprofundar nos dados para ver se dali sai coisa. Mas, para isso acontecer lindamente, é preciso o segundo elemento da equação: o tempo.
Não dá para nos limitarmos a uma vida fechada dentro da agência (hoje em dia, fechada no Teams, Meet, Zoom, Webex ou em qualquer outro desses). É preciso ter tempo para enxergar o que está acontecendo lá fora, para assistir aos filmes, séries, ler os livros, ouvir os podcasts... É preciso ter tempo para digerir tudo isso e conseguir cruzar o banco de dados da vida com os desafios para deixar a criatividade florescer.
Para concluir, me lembrei de um livro do David Lynch chamado “Em Águas Profundas”. Lá, ele diz
“[...] as ideias são como peixes. Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas. Quanto mais fundo, mais poderosos e mais puros são os peixes”
Então, para mim, se os peixes são as ideias, as águas são os dados: se tiver pouco, vai ter que pescar no raso. Mas se o volume for grande, prepare-se para as profundezas. Mas não subestime o valor do tempo. O quão fundo você mergulha em busca dos peixes grandes, vai depender do tempo que você tem.
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O artigo acaba aqui, mas o assunto continua.
E você?
Quais são as suas fontes de inspiração?
Conta aí nos comentários!
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Créditos
O autor desse texto é o Sthefan Ko, Diretor Executivo de Criação aqui na iD\TBWA. Vira e mexe ele posta conteúdos sobre novas tecnologias, tendências de mercado e comportamento do consumidor no perfil dele. Dá um follow nele para ficar por dentro.
Esse artigo foi veiculado primeiro pela PropMark na versão impressa. Fizemos algumas pequenas alterações para adaptá-lo ao LinkedIn.