Querida futura geração - Em tempos de pandemia, ouçam a voz da sabedoria
É futura geração, o título foi de "tiazona", mas a frase é real. Digo isso porque recorri a voz mais sábia e mais vivida que eu conheço - minha avó. Ela, em seus 82 anos de puro humor e muita saúde, está passando por mais um salto comportamental em sua história.
A vó do Carmo (sim, podem chamá-la assim também), é e sempre foi a mais moderna dentre os 8 filhos do João Tristão e da Rita. Desde pequena ela fugia para poder ir nas festividades da cidade grande, questionava os preceitos da religião, saiu de casa cedo, casou com alguém contra a vontade da família e já mantinha a "proximidade" com a família através de telefonemas (que tinham que ser agendados) mesmo morando em outro estado. Ela passou pelo surgimento da primeira TV em preto e branco, gramofone, vitrola, rádio, depois telefone em casa, TV colorida, a cabo, fibra... fora celular, internet e etc. E a gente aqui achando que já passou por muita coisa.
Por ser do grupo de risco, ela se viu totalmente isolada da sociedade, tendo poucos contatos com o "mundo exterior" através da filha e das netas (eu e minha irmã, no caso). Mas ela não se deixou abalar não! Uma das primeiras coisas que ela me pediu foi: "Yasmin, você compra uma bicicleta ergométrica portátil pra mim?". Sim, ela quis achar uma forma de se exercitar, sem sair de casa. Na semana seguinte, eu fiz minha primeira palestra internacional, e mesmo sendo em inglês, ela quis assistir; minha mãe ligou por vídeo para ela no whatsapp e ela acompanhou minha palestra toda. Depois disso veio a live de alguém que pra ela está no mesmo patamar da família - o Roberto Carlos - e eu levo ela no show dele todos os anos, porém dessa vez, ela pôde acompanhar o show dele dentro de casa.
Ela aprendeu a mandar figurinha no whatsapp, áudio, foto, ligar por vídeo. Pedi pra ela fazer uma das coisas que mais gosto que ela cozinhe - rocambole - e na falta de fermento, ela me mandou pedir pelo aplicativo! E em uma semana ruim, ela disse que ia me benzer ali, pelo celular mesmo. Enfim, sabe quando eu imaginei ver minha vó - por mais moderna que fosse - fazendo isso? Nunca!
E quando perguntei pra ela: "vó, você não tá se sentindo só? Eu morro de saudade de abraçar você, queria que isso tudo acabasse logo" ela simplesmente me respondeu: "também sinto falta, mas eu estou super bem e sei que estou fazendo o melhor pra mim e pra minha saúde. Não vou ficar achando que tudo já passou e saindo por aí, porque ao contrário do que nosso presidente diz, isso não é só uma gripezinha. Logo tudo isso vai passar e vamos estar juntas de novo, mas pode ter certeza que me sinto muito amada e muito querida, porque vejo o quanto isso só nos aproximou ainda mais e o quanto eu evoluí, espero ainda aprender muitas coisas novas".
Baita lição. Não soube nem o que responder. As vezes a gente negligencia uma das principais inteligências do ser humano - a inteligência emocional. A gente aqui se questionando o quanto está cansado dessa pandemia, o quanto queria retomar a vida normal, mas nada como uma perspectiva de quem mais poderia sofrer com os efeitos dela, pra gente aprender a rever nossos privilégios e valorizar o fato de estarmos aqui, literalmente PASSANDO por isso e EVOLUINDO.
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4 aNão vejo a hora dela estar podendo sair de casa tranquila, pq 4 meses em casa saindo quase nunca devem estar sendo terríveis pra ela
Business Partnership Manager no TikTok
4 aQue texto lindo Yas, q sensibilidade e que exemplo da Vó do Carmo, que Deus continue enchendo-a de sabedoria e saúde. 💛