Questione os Paradigmas
Nem sempre a solução que foi boa para uma pessoa será também para outra.
Algumas situações, por mais semelhantes que possam parecer, diferenciam-se umas das outras em alguns aspectos, seja pela intensidade, pelas pessoas envolvidas, pelo tempo em que ocorreu, pelas causas e efeitos. Devemos ser criativos, inovadores e capazes de enxergar possibilidades de mudanças e melhorias a cada momento.
Não é porque alguma forma de atuação foi positiva no passado que, necessariamente, deverá ser boa hoje em dia.
Lembro-me de uma breve parábola:
“Certa vez um padre, ao almoçar na casa de uma de suas paroquianas, ficou intrigado com a maneira que lhe foi servido um prato. Uma travessa ostentava um suculento peixe, cuja cauda e cabeça eram cortadas e servidas em uma travessa à parte. Curioso, o padre perguntou à mulher o motivo pelo qual o peixe era servido dessa forma. Ela disse que não sabia, mas alegou que era daquele jeito que sua mãe preparava o peixe e fora assim que aprendera. O importante era que ficava muito gostoso.
Como o padre conhecia a mãe da paroquiana resolveu investigar. Foi até a casa da senhora e fez a mesma pergunta. Ela deu a mesma resposta da filha. Disse que havia aprendido a muito tempo com sua mãe aquela forma de fazer, e como sabia que ficava muito gostoso, era assim que cozinhava.
O padre, muito curioso, sabendo que a mãe dessa senhora ainda era viva, continuou investigando. Foi até a cidade onde residia a velhinha, um lugar muito distante no interior do estado. Parecia que o tempo não passou por lá e a modernidade nunca haveria de chegar. A senhora ainda cozinhava em um fogão de lenha, com algumas pequenas panelas de barro e de ferro. Chegando lá, o religioso perguntou à ela por que cortava as extremidades do peixe, servindo-as à parte. Ela respondeu:
– Padre, é muito simples. Se eu for cozinhar o peixe inteiro, ele não vai caber em minhas panelas, por isso tenho que cortar as extremidades.”
Pensem comigo: Aquela senhora tinha um motivo real para cortar as extremidades do peixe e, para tanto, encontrou a solução mais adequada para a sua situação. Este já não era o caso das demais senhoras, que tinham panelas e fornos maiores e mais modernos, não havendo nenhuma razão que justificasse tal procedimento
Eis um exemplo típico de não questionar o porquê das coisas. Agir sempre de uma certa forma, somente porque alguém também faz (ou fez) assim pode nos tolher a capacidade de encontrarmos as melhores soluções.
Devemos nos perguntar: Esta é a melhor solução para o problema? Existem alternativas? Já inventaram algo mais moderno? Eu realmente sei as razões pelo qual se faz assim? Tais questionamentos despertam a criatividade e nos impulsionam à busca da inovação, quebrando paradigmas.
Não podemos perder as oportunidades de melhoria nos procedimentos. Precisamos ser homens e mulheres de visão. É parecido com aquele caso do pescador que, ao fisgar peixes maiores de 20 centímetros, sempre os devolvia ao mar. Somente se o peixe fosse menor que essa medida guardava consigo. Motivo: Alegava que sua frigideira tinha 20 centímetros, se o peixe fosse maior, não caberia. Essa situação, apesar de parecida com a estória anterior, consegue se ainda pior, pois o pescador deve ter perdido diversas oportunidades de experimentar novos peixes por causa desta limitação. E a limitação não é da frigideira, pois com criatividade pode-se preparar até uma baleia.
Busque novas formas de atuação, questione paradigmas, mude! Assim você será capaz de encontrar a solução que combine mais com sua realidade… e isso só você pode fazer.
Marcelo de Elias é palestrante, escritor e consultor especializado em comportamento, estratégia e gestão de pessoas.