A realidade de nossas empresas pelo prisma do Depoimento do Ex-Presidente Lula

A realidade de nossas empresas pelo prisma do Depoimento do Ex-Presidente Lula

O sentimento de final de campeonato carioca (Fla x Flu) foi geral na quarta-feira (10/05), na expectativa do depoimento do Ex-Presidente Lula diante do Juiz Sérgio Moro.

Assistindo aos jornais, lendo blogs, comentários das redes sociais, cheguei a uma triste conclusão: a verdade é o que menos importa. O que importa é ser satisfeito o ponto de vista individual. Um jogo de zero a zero que parecia que alguém ganhou de goleada.

Mas na verdade, teve somente um perdedor: o povo Brasileiro.

Quero fazer aqui um breve parêntese para discutir o atual conceito de bom e mal. Percebo que se eu me considero bom, não importa se o que eu fizer seja mau ou bom, por ser bom, o que vale são os resultados que eu vou ter para o meu lado, ou seja, vai ser sempre o bem. Se eu considero o outro mal, não importa o que ele faça, mal ou bem, ele sempre será do mal. Esta inversão de entendimento deste conceito está justificando qualquer atitude que eu tenha, e isto é muito grave, pois o que define ser bem ou mal é o que você faz e não o que você é.

Dito isso, não posso aceitar que as coisas sejam feitas de qualquer forma para se justificar os resultados que quero alcançar. Não se trata de discutir o que é certo e errado, é o fato de mostrar o que é errado.

O mais alto nível de corrupção já visto no país não pode ser justificado pelo pouco bem que foi feito as pessoas lhes custando o futuro. Querer culpar quem está investigando pela atual situação do país, é esquecer de quem foi que praticou os crimes, pois se estes não fossem praticados, não existiria investigação.

Outra coisa é achar que eu tenha praticado crimes durante anos, e agora, porque confessei, tudo será esquecido. Só existe corruptos, porque existem corruptores. Os corruptores geralmente são sempre os mesmos, o que muda são quem são os corrompidos.

Não se trata de um ser melhor que o outro, nenhum dos dois servem para o país. Ser socialista não é pensar do bem dos mais pobres no curto prazo, desde que eu possa ficar mais rico, é pensar num plano de longo prazo para que a pobreza possa terminar e não apenas ser amenizada.

Corrupção sempre existiu, e possivelmente ainda irá existir. Não podemos permitir que ela seja utilizada como um mecanismo empresarial, partidário ou Associação criminosa. Temos que de fato acabar com a Lei de Gerson, ou seja, o que importa é que eu leve vantagem.

Voltando ao assunto do interrogatório em si, parecia uma reunião empresarial de negócios, prestando conta sobre os objetivos não atendidos, onde posso encontrar os seguintes pontos que costuma verificar nas empresas por onde passo:

• O Diretor Presidente parece que não tem nenhuma responsabilidade, pois quem tem que responder são os diretores das áreas, que ele mesmo foi quem contratou, foi ele mesmo quem escolheu e foi ele mesmo quem confiou no trabalho deles, e agora quando estes falham, ele acredita que não tem nenhuma parcela de culpa por não atingir os resultados;

• Quando alguém não está presente na reunião, este é o principal alvo de responsabilidades, pois não está lá para se defender;

• Ao se detectar o problema a ser atacado as pessoas acabam não tendo profundidade por dois motivos: estão de alguma forma comprometido com outros diretores e um quer proteger o outro, ou se preocupam tanto em aparecer nos holofotes que perdem o foco do que precisa ser discutido, partindo para um show particular de suas habilidades e conhecimentos;

• Após horas de debate se tem a sensação de que nada aconteceu, nada se resolveu, até se tem dúvidas de qual assunto estava se discutindo, mas se tem uma única certeza: terá que ser marcada outra reunião para se debater o assunto. E resultado que é bom, um plano de ação clara para resolver o problema, nada;

• Todos dizem muito nos bastidores do que vai acontecer e qual será a sua posição na reunião, mas na hora H, acaba toda aquela energia prometida, somem os argumentos que eram tão fortes, e voltam para a zona de conforto;

• E assim nossas empresas só encontram uma saída, uma recuperação judicial, onde os fornecedores e funcionários irão pagar o preço pela falta de comprometimento e objetividade que os Diretores do negócio tiveram.

A verdade sobre o que está acontecendo é que está mais para mostrar o que eu posso fazer do que fazer de fato. Queremos que a justiça seja feita, e que os verdadeiros criminosos não possam ficar impunes, nenhum deles, mas precisamos fazer isto de maneira correta.

Menos mídia e mais objetividade é o que todos esperam. Seja feito tudo dentro do que é legal, não preciso me importar quem está do meu lado ou quem está contra mim.

Isto tem que começar nas empresas, na sociedade, para poder chegar na política e nos meios governamentais. Não posso ser aquilo que não sou. 


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