Rebatizar o Projac por Estúdios Globo é só mais uma tentativa dos jovens apagarem os que os pioneiros fizeram pela TV

Rebatizar o Projac por Estúdios Globo é só mais uma tentativa dos jovens apagarem os que os pioneiros fizeram pela TV

Boni, um dos maiores nomes da TV no Brasil, foi muito questionado pela nova geração de executivos quando afirmou que as emissoras insistem em fazer programas de rádio apenas com o complemento da imagem. Como ele podem dizer isso, se investimos muito em conteúdo, compra de formatos e novos equipamentos? Esta pergunta foi repetida por vários profissionais que se sentiram ofendidos com as palavras do criador do padrão de qualidade da Globo e, portanto, ponto de inspiração e influências para as demais redes. No segmento do entretenimento, o que se vê são as antigas fórmulas de atrações e competições feitas à frente de um auditório que se resume a aplaudir e gritar quando alguém da produção dá o sinal.

A discussão sobre até que ponto Boni está certo mostra outra questão muito importante: o conflito entre as gerações que construíram a televisão brasileira e as que atualmente administram o mais popular veículo de comunicação do país. Os mais velhos afirmam que, para os jovens executivos, faltam ousadia, criatividade, talento e entrega de alma. Os mais novos apontam irresponsabilidades administrativas, excesso de vaidades e falta de visão mais ampla para os negócios. De um lado uma postura mais artística. Do outro, mais racional. Duas gerações bem diferentes, mas que estão ligadas pela própria história desta plataforma.

A televisão brasileira só é considerada uma das melhores do mundo porque foi construída por gente talentosa e ousada, que arriscou tudo para produzir e, com isso, inventou muita coisa. A TV permanece forte porque os novos realizadores de conteúdo enxergam tudo isso como produto, não apenas como algo apaixonante e que roubava a alma de quem trabalhava nele.

Na última terça-feira, o Parabólica JP divulgou a ordem do alto comando da Globo para a aposentadoria do Projac. O nome será substituído por Estúdios Globo, título que os mais jovens acreditam representar melhor o local. Essa mudança é a preocupação mais desnecessária, afinal, já está embutido no telespectador o amplo conceito do Projac. Trata-se de mais um momento do conflito de gerações da televisão. Os mais novos querem apagar a história que os mais velhos começaram a construir. Pura bobagem!

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