Recesso? Advogado não para!
Começou o recesso do judiciário.
Exceptuando medidas urgentes ou prazos penais, as coisas só voltarão a “andar” no fim de janeiro. Todavia, os advogados não param de maneira absoluta - principalmente os autônomos ou membros de pequenas bancas.
Além de atenderem a medidas urgentes, eles ainda planejam e executam atividades de fomento ao próprio negócio ou adiantam a produção de atos processuais para iniciar o ano “zerados”.
Alguns, como eu, aproveitam o período para produzir conteúdo.
Eu trabalho só (contando apenas com a automação de certas tarefas e algumas parcerias pontuais quase nunca satisfatórias), e, como workaholic publicamente reconhecido, fico tentado a embarcar em um espiral quase ininterrupto de trabalho.
Bem, esta semana esbarrei com mais um desses autoproclamados gurus da advocacia jovem brandindo aos quatro ventos que “advogado não para e nem pode parar” e que um “empreendedor raiz” nunca descansa.
Essa abordagem é desonesta.
Enfrentamos o dia-a-dia de uma profissão que tem índices de depressão, transtorno de ansiedade e suicídio muito superiores à média de outras carreiras; há até uma cartilha da OAB Nacional tratando sobre o tema, mas ninguém vai te avisar disso no post cheio de cores e edição pois isso não vende cursos ou mentorias.
A contrario sensu proponho:
Pare, respire e o quanto antes:
- Desligue-se o máximo possível do trabalho;
- Deixe apenas um meio de contato disponível para que seus clientes te encontrem em urgências;
- Saia das redes sociais, sério!
- Aproveite sua família;
- Olhe nos olhos de quem você ama com a intensidade de quem deseja encontrar -por ali - o brilho de sua alma.
Não ceda ao discurso feito em redes sociais por alguém que sequer tem clientes o bastante para ocupar a própria agenda no período ordinário.
Descansar é estratégico, descansar é empreendedor, descansar é demonstrar autoconhecimento, descansar devolve sua performance.
Advogado para sim! No recesso, no hospital ou no caixão.
A escolha é sua.