Recuperar o País
Recuperar significa recobrar, voltar ao normal, restabelecer, retornar. É ascensão depois de um declínio. Emergir depois de um tempo lá no fundo. Dar a volta por cima.
Mas, "estar por cima" demanda um longo processo. Talvez bem lento, mas não estático. Afinal, se é a recuperação que se busca, basta voltar de onde veio. Mesmo porque ninguém recupera uma condição ruim. A vantagem é uma só: já se conhece o caminho e todos os percalços que o envolvem.
Isto vale para quando queremos recuperar dinheiro perdido, uma posição profissional, ou até mesmo um amor.
Na terça-feira, dia 17, o presidente Michel Temer participou de uma cerimônia para a condecoração de médicos em Brasília. Durante discurso, fez paralelo entre o trabalho do médico de buscar a recuperação da saúde e o do político que, segundo ele, busca a recuperação do País.
Para Temer, o médico presta um serviço social relevantíssimo, porque está levando para as famílias a esperança da recuperação. “Na classe política também é assim. Quem está na classe política, de alguma maneira, busca fazer essa recuperação para o País”, disse.
O País já sabe onde esteve, mas o caso é grave. A crise é mais que financeira. É política, é moral, é clínica.
A crise em que o País entrou pode ser considerada uma doença grave, daquelas causada por uma forte bactéria, difícil de combater. Isto porque o que fez adoecer é muito maior do que as medidas tomadas para tratar a enfermidade.
Ainda que não estivéssemos tratando como doença viral ou terminal, mas como um tombo bastante feio que dificultou a mobilidade, a recuperação também é lenta. Demanda reabilitação, fisioterapia e um longo tratamento.
E em ambos os casos, o tratamento precisa ser feito com disciplina, se não, voltamos a estaca zero. Por isso, a falta de disciplina do paciente é a chave do fracasso.
Isto porque, enquanto deveriam estar tomando remédio amargo — votando reformas impopulares, mas imprescindíveis ao bem-estar econômico do País — nossos governantes estão tomando gelado em volta da piscina — discutindo milhões para o fundo partidário ou escolhendo quem fica ou quem vai ser vítima de impeachment.
Nada disso é prioridade para o País. Enquanto as prioridades estiverem invertidas, o tratamento para a recuperação do Brasil não surtirá efeito. O tempo está passando e os métodos indicados ainda nem deram sinais de reabilitação.
É melhor renascer. Estamos esperando um milagre.