Reflexão do Dia: coragem
Texto de Niels Pflaeging
Filósofo da liderança, exorcista do gerenciamento, palestrante, autor, consultor. Fundador da Rede BetaCodex. Co-Fundador da Red42
Publicado em 21 de maio de 2020
Acho que as palavras "coragem" e "medo" são muito usadas hoje em dia, no contexto do trabalho e das organizações.
Não me interpretem mal: é claro que às vezes tenho medo. É claro que a coragem pessoal é importante para nossas sociedades. Mas essas coisas não são tão relevantes no trabalho e nas organizações. Vejamos o exemplo do "medo": não creio que, nas organizações, nós estejamos "assustados" ou "com medo" da mesma maneira que temos medo da morte, da escuridão ou de aranhas. No contexto do trabalho, especialmente nos sistemas Alfa, é mais frequentemente o desamparo aprendido que experimentamos – não o medo real. Uma expressão menos ambígua, como "desamparo aprendido", também tira a culpa dos indivíduos da equação. Isso torna os fenômenos do mundo real mais debatíveis.
E pegue a palavra coragem: supostamente, precisamos dela agora para todo tipo de coisa no trabalho. Superar nossas supostas zonas de conforto e experimentar/aprender algo novo. Ou precisamos da coragem para nos transformarmos em rebeldes corporativos ou para enfrentar mudanças. Estas são apenas duas reivindicações em torno da suposta necessidade de coragem no trabalho e nas organizações, que parecem estar na moda atualmente. Mas precisamos realmente ser corajosos ou heroicos para ser aprendizes ou para levantar questões razoáveis que afetam nossos locais de trabalho? Quando penso em coragem, penso nas mulheres lutando pelos seus direitos no século XIX e início do século XX, às vezes arriscando suas vidas. Em nossas sociedades democráticas, no trabalho, no entanto, é realmente necessário ter coragem para lidar com a injustiça dos orçamentos, dos incentivos, das estruturas de silos, da direção centralizada, das metas fixas ou da gestão de custos? Para falar contra o absurdo dos treinamentos, das avaliações, das estruturas departamentais ou das políticas de viagens? Acho que não. Porque é apenas a coisa certa e a coisa decente abordar essas questões. Superar o desamparo aprendido não requer coragem. Requer apenas uma postura em relação ao diálogo, à adequação e à iluminação.
"Para superar o desamparo aprendido, não é preciso coragem. É preciso apenas adotar uma postura de diálogo, de adequação e de iluminação".
O Beta não requer uma revolução. Ele é apenas sobre um renascimento da ciência, da razão e dos princípios democráticos no trabalho.
Todos nós podemos fazer isso acontecer. Neste momento, em toda conversa. Aqui e agora.
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Tradução e adaptação de Ugo Ribeiro