Reflexões evolucionistas sobre mini cães de companhia
Dia desses estava lendo o resumo de um livro de uma antropóloga americana que defende a tese de que o uso de cães para caça, assim como de armas de longa distância, teve um impacto importante na vantagem competitiva do homo sapiens sobre o homem de Neandertal, em partes explicando o desaparecimento destes últimos. O artigo é esse aqui:
Terminada a leitura, abaixei o celular e me deparei, deitadas ao pé da cama, com as cachorrinhas que temos lá em casa, dois belos exemplares da raça "lulu da Pomerânia". Esses mini cachorrinhos foram trabalhados, por séculos de seleção artificial, para serem fofinhos, bonitos e inofensivo animais domésticos. Não obstante a fúria ancestral que é despertada às vezes (tipicamente quando alguém toca a campainha ou quando uma motocicleta passa na rua), esses bichinhos estão bem longe de causar medo ou serem caçadores eficazes como seus antepassados cachorros-lobos paleolíticos. Imaginei o que aqueles primeiros cães, capazes de caçar por horas na neve e enfrentar mamutes, pensariam dessas suas copias diminutas e enfraquecidas. Eles não teriam vergonha? Não os achariam fracos e limitados? Frágeis a ponto de não resistir ao primeiro revez da sorte?
Quase envergonhado dos meus cães, me ocorreu: e qual seria a opinião daqueles homens primitivos sobre nós, homens modernos que leem artigos no celular, deitados em suas camas, no ar-condicionado? Não ficariam eles também incomodados com o rumo que a evolução tomou? Não seriamos vistos como frágeis e fracos, não só fisicamente como moralmente? Eles não se ririam dos problemas que tiram nossos sono e nos deixam deprimidos? Não nos reprenderiam por criar filhos superprotegidos que não conseguem lidar com os desafios do mundo? Não ficariam sem entender a nossa busca de felicidade pelo consumo ou de sentido para nos motivar no trabalho? Onde teriam ido parar a coragem, a resiliência, a força de vontade e o espírito de aventura? Terão atrofiado como o dente do siso?
O ponto é: como no mundo moderno podemos exercitar as virtude desses nossos antepassados, de forma saudável e sincera? Porque o caçador pre-histórico ainda está aqui dentro de nós, assim como o lobo está dentro dos lulus da Pomerânia. Não é difícil vê-los aflorar em aspectos negativos como a raiva e a violência, basta passar uma moto ou ocorrer uma briga de torcida. A questão é como podemos invocar os aspectos positivos, como a resistência, a coragem, o espírito de grupo, a força para encarar os desafios que aparecem e vencê-los.
Control system engineer - FS Eng (TÜV Rheinland, #21775/ 21, Safety Instrumented Systems)
3 aDomingos, esse livro é o Sapiens do Harari? Estou lendo esse livro agora e já comprei o segundo livro dele o HomoDeus.