Reflexões sobre o Livro: "O Velho e o Menino"

Reflexões sobre o Livro: "O Velho e o Menino"

O livro “O Velho e o Menino” foi escrito para ajudar pessoas a descobrir seu propósito e a viver uma vida com mais significado. É uma leitura gostosa, profunda e simples, que nos leva a refletir sobre a relação com o trabalho, com as empresas e com a vida. Roberto Tranjan vai te convidar à reflexão, à introspecção, sem te dar respostas definitivas ou um passo a passo.

Abaixo trago alguns pontos que ele aborda no decorrer do livro e que fazem muito sentido para refletirmos no nosso dia a dia. 

“Faça da sua vida uma aventura fértil.” 
Velho Taful

O propósito depende dos desejos e os desejos dependem do propósito. A seta busca o alvo e o alvo busca a seta. 

Desígnio é dar sentido e direção à vida. É revesti-la de propósito e significado. Destino se refere ao futuro, enquanto desígnio tem a ver com o impacto futuro das decisões tomadas no presente. Não se trata “do que farei se isso acontecer”, mas “do que acontecerá se eu fizer isso”. A seta e o alvo, sutilmente, mais uma vez. 

“O caminho se faz caminhando”
Fernando Pessoa

O livro é baseado em um diálogo sobre propósito entre o velho Taful e um menino. Ao ajudar o menino a descobrir seu propósito, o velho pede que ele faça três desejos e o ajuda a avaliar os próprios desejos, identificando se estão adequados. A avaliação implica passar os 3 desejos por 5 lições, cada uma com um desígnio, para  avaliar e rever os desejos conforme avança. São eles:


1º desígnio: Criador e Criatura

Quem age como criatura não assume o problema para si, acredita que tudo depende dos outros e que o culpado está sempre do lado de fora. Já quem age como criador assume a responsabilidade sobre si mesmo e sobre a sua vida, tornando-se protagonista.

Ele traz o conceito de vontade e força de vontade, onde a primeira é uma anseio, uma aspiração. Força de vontade é determinada pela razão ou motivação, pois ambas estão por trás dessa vontade. A escolha depende da vontade, mas a decisão, da força de vontade.

O criador vai além da criatura, assim como a força de vontade vai além da vontade. Não é simplesmente uma escolha. É uma decisão e um compromisso.


2º desígnio: a Farta e a Falta

Um desejo pode ter como intenção preencher uma falta. Existe um vazio a ser ocupado e o desejo cumpre essa função. Quando as intenções são como setas voltadas para você mesmo, os desejos estão do avesso. A carência é uma necessidade emocional que esconde o desejo essencial. Quando insaciável, torna o desejo inacessível. A carência é repetitiva e gera dependência. Desejo, por sua vez, implica em criatividade.

A falta tem a ver com a carência. Se a falta representa o vazio a ser preenchido, a farta representa aquilo que você tem de sobra e pode oferecer.

Portanto, o velho Taful recomenda elaborar desejos baseados na farta, ou seja, nos talentos, valores, conhecimentos que podemos oferecer ao mundo.


3º desígnio: ser Útil ou Contributivo

A empresa é nos dias de hoje o lugar mais impactante para promover o desenvolvimento humano enquanto se constrói riqueza. É na empresa que temos o adulto com autonomia, capaz de fazer escolhas conscientes. É a partir dessa comunidade de trabalho, denominada empresa, que podemos mudar a comunidade maior, conhecida como sociedade, e outra, ainda mais ampla, a que damos o nome de Humanidade. 

E como isso pode ser feito? 

Deixando de ser útil, deixando de ser objeto; sendo contributivo.

Quando quer ser útil, você olha para fora e procura a porca ou parafuso a ser apertado. Quando quer ser contributivo, você olha para dentro e procura em si mesmo o que pode ser oferecido, seus dons e talentos, suas inteligências, você por inteiro, seus valores e virtudes. O que faz de você o único ser capaz de fazer o que faz.

Ser útil remete à utilidade e ser contributivo remete à fecundidade.

Ser útil é ser incompleto. Ser contributivo é ter consciência de que somos seres inacabados e que existe dentro de cada um de nós um devir, um vir a ser, uma busca.

Ao se tornar útil, você se torna igual aos outros e deixa de ser único


4º desígnio: a Chama e o Chamado

Nosso propósito diz respeito a nós mesmos e também ao outro. Dentro de cada um habita uma chama, a voz interior que nos diz o que fazer e para onde ir. 

Precisa haver uma conexão entre a chama e o chamado, o mundo de dentro com o mundo de fora. Um bom propósito não sobrevive sem que haja um “para quem”.

O mundo muda, quando mudam nossas percepções.

Nesse desígnio o velho Taful traz a classificação de três olhares frente ao mundo:

1o.) Olhar Apreciativo: é um olhar sobre o outro, buscando o melhor desse outro;

2o.) Olhar Empático: é um olhar do outro, na tentativa de compreendê-lo a partir de seu próprio ângulo de visão;

3o.) Olhar Consciente: é um olhar sobre o todo, mais panorâmico e sistêmico, contextual. Esse olhar abrange tanto o mundo interior como o exterior. E é esse olhar que devemos buscar para a nossa vida.


5º desígnio: Ufa ou Oba

Por fim, no 5º desígnio o menino deve avaliar se seus desejos geram sensação de “ufa” ou de “oba”. Nos dois casos existe esforço, existe dedicação. Mas, quando a sensação que o trabalho gera é de “ufa”, é porque nos sentimos aliviados por terminar, não sentimos prazer no processo e provavelmente não iremos querer fazer aquela tarefa novamente. Já a sensação de “oba” vem quando realizados e nos sentimos realizados, quando existe alegria no final do processo, quando cada etapa foi saboreada, ainda que tenha sido cansativa. A escolha entre o oba e o ufa depende do significado do trabalho. Aquelas tarefas que fazemos em decorrência do propósito costumam gerar a sensação de “oba”.

Ele aborda no livro também o papel dos líderes de como devem ser inspiradores. Inspirar a essência das pessoas é tocá-las no que elas têm de mais verdadeiro, sublime e nobre. Quando a minha essência se conecta com a essência do outro é que a inspiração acontece.

Nos encontros, o velho Taful sempre faz o menino tomar um café, apreciar a vista, ter um olhar apreciativo e desacelerar, para que consiga prestar atenção e absorver de fato os desígnios, as lições. É quase poético. 

Em síntese, é importante ter um alvo, porém, mais importante ainda, é o sentido da seta. O propósito é tanto o alvo como a seta.

Quer conversar sobre o tema, me chama inbox ou clica no link: https://lnkd.in/dnyVXxh9 que falamos. 😉

Até breve!

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