Reflexões sobre a Previdência
Por Luís Henrique Caldas
Creio que em algum momento, você leitor, deve ter ouvido falar da Reforma da Previdência. Se ela é justa ou injusta, austera demais para o país, eu não sei. O que sei, é que definitivamente, fica mais difícil esperar algo do Estado brasileiro. Aliás, essa expectativa que o cidadão comum deposita no governo, de que proverá saúde, educação, previdência, e demais assistências, entra em contradição com o fato de que a confiança nos políticos é muito baixa. Essa dissonância cognitiva foi bem exposta no livro de Bruno Garschagen, Pare de Acreditar no Governo.
Retomando a Previdência, caso aprovada, os anos de trabalho necessários para se aposentar aumentarão, e a depender da região, serão maiores que a expectativa de vida do trabalhador. Paralelamente, sabemos o quanto Mercado de trabalho tem sido exigente para com profissionais mais velhos, que uma vez desempregados, possuem dificuldade em se recolocarem. Consultando as empresas de Recursos Humanos, em média a partir dos 45 anos, se o profissional não alcança um cargo político na corporação, uma alta gerência, superintendência ou até mesmo direção, ele começa a correr um maior risco de desligamento.
Levantando um cenário hipotético, em que um profissional com o perfil acima está desempregado, e que a aposentadoria é a partir dos 65 anos, o que ele fará nesse hiato de vinte anos? Se alcançou o limite de competência, quanto mais tempo ele continuar fora de atividade menores as chances de ele conseguir uma recolocação. Caso não tenha uma rede de relacionamento profissional que o ajude nesse momento, só lhe restara aceitar cargos cada vez mais subalternos, com uma matriz salarial inferior a do seu desligamento.
E continuando o exercício imaginativo, mesmo que você tenha uma carreira estável, as chances de se ter uma aposentadoria que sustente os seus gastos na terceira idade são ínfimos. Para ter o direito de receber o valor integral são necessários 49 anos de contribuição. Isso, para o grosso da população, é inviável.
O que fazer então?
A solução é a educação financeira. Não tem como fugir, para garantir o futuro é preciso poupar no presente, e evitar o quanto possível o endividamento. Para isso, a disciplina é fundamental junto com o planejamento financeiro; mas acima de tudo, maturidade, em especial para as novas gerações Y e Z que vivenciarão o cenário acima.
Mas poupar o dinheiro não é o suficiente, a inflação coroe seu poder de compra. À aplicação financeira do que se poupa é necessária para que esse capital trabalhe pra você, e de preferência, com rentabilidade maior que a inflação. O investimento pode ser tanto em renda fixa (empréstimos) como na variável: ações, imóveis, start ups e até mesmo o empreendedorismo, tudo depende do perfil de cada um.
Particularmente, creio que o investimento em renda variável, especificamente em ações de empresas pagadoras de dividendos, é a melhor estratégia para se acumular um patrimônio que trabalhe pra você, e não o contrário. E isso é acessível a todos os trabalhadores, inclusive os que vivem do piso nacional, a exemplo do ex-feirante Willian Wohlers.
Através do investimento em empresas, o trabalhador pode participar e contribuir para a geração de riqueza do país, para além da sua força de trabalho. Adquirindo participação em empresas de sucesso, o investidor pode garantir a renda futura que o auxiliará na aposentadoria. E o melhor, legar esse patrimônio a sua família e demais que ele quiser, já que as empresas não possuem vencimento.
Claro que é preciso estudo, não sair comprando qualquer ativo por meramente estar na mídia, como foi o caso do Grupo X ou do Bitcoin, embora ambos ativos sejam bem distintos. Avaliar empresas, sua rentabilidade e projeção de fluxo de caixa futuro são fatores essenciais no mundo dos negócios, e só demandam uma coisa: a busca pelo conhecimento.