Reflexos do Planejamento da Manutenção - Parte 2

A Manutenção precisa estar alinhada aos objetivos estratégicos de uma organização de modo a contribuir para a competitividade e a perpetuação desta no mercado. Na primeira parte deste artigo foram abordados alguns assuntos relevantes em relação ao Planejamento da Manutenção. Nesta segunda parte serão abordadas as cinco observações restantes que podem contribuir para fazer da Manutenção uma ferramenta estratégica na busca por melhores resultados:

1. Para que o dia a dia da manutenção não seja conturbado e o resultado final comprometido, é preciso criar um procedimento para priorização de atividades. Neste ponto é interessante separar as equipes de manutenção: equipes para atendimento das manutenções preventivas e equipes para atendimento às ocorrências emergenciais. Desta forma, o PCM tem controle das atividades programadas e a manutenção não se torna uma rotina de apagar incêndios e a gestão do backlog se torna mais efetiva. Para isso, pode-se utilizar o Sistema GUT (Gravidade, Urgência e Tendência), avaliando cada parâmetro:

GRAVIDADE DO SERVIÇO (G): Qual a IMPORTÂNCIA DO ATIVO no processo produtivo referente ao trabalho solicitado?

URGÊNCIA DO SERVIÇO (U): Qual a CONDIÇÃO DO ATIVO no momento da solicitação do serviço de manutenção?

TENDÊNCIA (CONSEQUÊNCIA) DO PROBLEMA PARA O PROCESSO OU OUTROS (T): Qual a TENDÊNCIA (CONSEQUÊNCIA) DO PROBLEMA NÃO RESOLVIDO no ativo para o processo ou o seguinte (cliente) que deu origem a solicitação do serviço?

O índice GUT é obtido pela multiplicação dos três parâmetros: GUT = G x U x T. A solicitação de serviço será atendida de acordo com o resultado do GUT, sempre em ordem decrescente de prioridade (o maior valor indica maior prioridade);

1. Além da preocupação com a administração dos serviços, ou seja, a gestão do dia a dia das atividades de manutenção, é de extrema importância para o PCM o controle destas atividades. É muito comum ouvirmos as pessoas dizendo que não têm gente, ou seja, sempre a quantidade de serviços é maior que a disponibilidade da manutenção. E como melhorar esta situação? Primeiro, é preciso observar alguns pontos: Qualidade na Manutenção, Qualidade na Operação, Problemas Crônicos e Serviços Desnecessários. A falta de qualidade na manutenção gera retrabalho e perdas de produção, que também pode ser gerada pela falta de qualidade na operação, uma vez que ações operacionais incorretas acabam gerando falhas no equipamento. Os problemas crônicos podem ocorrer devido a erros de projeto e até mesmo de tecnologias inadequadas. É preciso buscar a causa raiz dos problemas, de modo a deixar de conviver com as ocorrências repetitivas. Serviços desnecessários também são grandes vilões do “consumo de tempo” de manutenção. É preciso tomar cuidado com as preventivas em excesso e também com os retrabalhos.
2. Cuide do NVA da equipe. As atividades de Não Valor Agregado devem ser eliminadas de modo a reduzir as horas de atividade não produtiva. São considerados itens de NVA:

- O tempo despendido no início do dia à espera que o responsável ou solicitante indique as intervenções a executar;

- O tempo de espera entre duas intervenções;

- As idas e vindas ao almoxarifado e à ferramentaria que o manutentor poderia ter evitado com uma melhor preparação das intervenções;

- As idas e vindas que o manutentor é obrigado a fazer em função de ter recebido peças, sobressalentes ou ferramentas em mau estado;

- O deslocamento desnecessário por não ter recebido uma sequência mais eficaz das intervenções a serem realizadas (falha do Planejamento);

- O tempo de espera durante uma intervenção por falta de coordenação entre especialidades;

- O tempo dedicado a refazer certas operações que não foram corretamente executadas na primeira vez.

É importante saber diferenciar as atividades de Não Valor Agregado das atividades de Valor Agregado (VA), como por exemplo:

- Tempo que o técnico de manutenção passa com o seu responsável ou com o solicitante do trabalho para compreender as intervenções que deverá executar durante o dia;

- A preparação das ferramentas, das peças e sobressalentes e dos equipamentos de segurança que deverá levar consigo para executar as intervenções;

- Os deslocamentos de uma intervenção para outra;

- O tempo dedicado a executar o serviço;

- O preenchimento da ordem de serviço.

1. Analisar a pertinência das ordens de serviço corretivas também costuma ser uma boa prática. Esta análise consiste em identificar qual a proporção de ordens de serviço corretivas e emergenciais realizadas recentemente que poderiam ter sido evitadas por meio de uma melhor gestão das atividades de manutenção, ou seja, uma melhor manutenção preventiva, modificações técnicas ou, até mesmo, uma melhor condução das instalações pelo pessoal da produção. A Manutenção pode contribuir em muito para a melhoria destes aspectos.
2. E, por último e não menos importante, tem-se o controle e a gestão dos resultados. Monitorar os indicadores, estar alinhado às atividades da Produção e promover as melhorias necessárias, e contínuas, nos planos de manutenção são itens necessários ao sucesso da organização.

Portanto, fica claro que o Planejamento e Controle da Manutenção é fundamental para manter os ativos nas melhores condições operacionais possíveis e, é claro, garantir a competitividade da organização em um cenário tão cheio de incertezas, como temos vivido ultimamente.

Me. Alessandro Trombeta

MBA em Gerenciamento da Engenharia de Manutenção

Supervisor de Manutenção na Cocamar

Professor de Engenharia na UniCesumar