Regulatory Sandbox: como criar leis que acompanham a inovação

Regulatory Sandbox: como criar leis que acompanham a inovação

As novas tecnologias estão criando novos modelos de negócio que, por sua vez, exigem novos modelos de regulamentação. Pense no exemplo do Uber. A empresa não existia cinco anos atrás, mas tornou-se possível quando boa parte da população passou a ter um celular na palma da mão com o sistema de geolocalização funcionando bem, permitindo a conexão entre passageiros e motoristas. Agora, compare a experiência do usuário entre os serviços disponíveis em aplicativos e o serviço do táxi comum, que espera pelo passageiro no ponto. A diferença é brutal e não há como aplicar a regulação do táxi, feita há décadas, a um serviço disruptivo como o Uber.

Estamos passando por um momento chamado de “singularidade”, ou seja, as mudanças acontecem exponencialmente. No século passado, uma inovação levava décadas para ser criada e aplicada. Hoje, uma inovação é lançada em questão de meses, semanas e até mesmo dias. Como esperar pelo aval regulatório e pela burocracia quando as mudanças acontecem nessa velocidade?

Nesse mundo exponencial, a regulamentação precisa ser tão ágil quanto as inovações. Um conceito que tem sido utilizado em diferentes lugares do mundo (como Reino Unido, Cingapura e Bahrein) e que enxergo como uma solução bem desenhada é o chamado Regulatory Sandbox.

Sandbox em inglês nada mais é do que uma “caixa de areia”, como aquela em que crianças brincam nos parques. No mundo das empresas, Sandbox é um ambiente idêntico ao seu negócio, porém mantido paralelamente à operação da empresa, que utiliza dados fictícios para testar novos produtos e soluções que, mais tarde, poderão inseridos no mercado. Quase como: brinquem com as novidades na caixinha de areia e, se der certo, implementamos.

O Regulatory Sandbox funciona como um ambiente de testes com exigências flexíveis, para que empresas de tecnologia avaliem seus modelos de negócio e os impactos nos consumidores finais. O regulador acompanha, por exemplo, o processo de desenvolvimento de uma fintech e, a cada passo, determinará novas regulações para controlar os riscos e impactos negativos que podem ser resultado daquela empresa ou produto. Por exemplo, imagine que você possui uma empresa de tecnologia e quer lançar um novo produto no mercado. No Regulatory Sandbox, será determinado que você só deve operar até faturar R$ 1 milhão. Acima desse valor, seu produto passará por uma série de avaliações para compreender os riscos e potenciais do seu negócio para ser regulamentado e, com isso, permitir que você tenha insumos suficientes para tomar decisões corretas.

Trata-se, portanto, de uma regulamentação híbrida e mutável. Ela irá mudar conforme os dados dos clientes e do setor. A vantagem para o regulador é poder determinar diretrizes para as novas tecnologias que estão por vir, proteger os interesses dos consumidores e estar sempre atualizado com os recentes desenvolvimentos do setor. Para as empresas, a vantagem é inovar e lançar seus produtos com regras que não são estáticas e que acompanham as mudanças do mercado.

Mas qual seria o primeiro passo para implementar esse sistema no Brasil? É preciso formar um comitê específico para cada área tecnológica, por exemplo, um comitê para avaliar fintechs, outro para criptomoedas e assim por diante. Esse grupo de pessoas, formado por especialistas, pesquisadores, profissionais da área e representantes de empresas de tecnologia, irá mapear o mercado, chamar o setor para conversar e entender os diferentes modelos de negócios que estão sendo criados. A partir desses comitês, é possível criar uma regulamentação que proteja o consumidor, mas que também garanta o crescimento do mercado.

Precisamos escolher se queremos viver no passado ou no futuro, não há meio termo. É impossível ter uma regulamentação estática num mundo em constante mudança. Uma decisão errada, no mundo exponencial de hoje, pode levar o país de volta à Idade Média.

Leo Miranda

Estudante de Gestão de Recursos Humanos, a procura de estágio em Recursos Humanos.

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Eu to lendo esse texto agora, e ja foi regulamentado o Uber e outros app de mobilidade urbana, sendo que o Uber existe no Brasil o que, 4 anos?? Veja quanto tempo demorou pra regulamentar algo que já estava operante.

Bruno M.

Jornalista & Tradutor: Reputação e Comunicação Corporativa | Relacionamento com a Imprensa | Edição e Produção Multimídia | Educação a Distância (e-Learning)

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Na teoria (dos negócios) essa ideia pode ser até plausível, mas é preciso um pouco mais de cuidado. É muitíssimo perigoso desestabilizar todo um sistema regulatório ou de leis, colocando isso à mercê das flutuações de mercado e do histórico (natural) de tentativa-e-erro das tecnologias. Leis sendo alteradas ou criadas ao sabor dos acontecimentos é exatamente uma característica do Estado de Exceção - o que é o oposto do que chamamos de Estado de Direito.

Fernanda Costa

Analista de Vendas na Jushi Brasil Sinosia

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João Marcos Senna lembrei de você...

Mota, Afonso

Administrador e Cientista Político

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Considerando as novas tecnologias, e que as que estão a caminho a curto prazo, cabe salientar que elas não terão regulamentação, qualquer uma que seja. Entendam isso, pois o fato do relacionamento estará calcado em Inteligência Artificial (I.A. ou A.I.), com critérios básicos de conduta Universal (adeus PROCON - os contratos serão individualizados; entendam isso). Condutas de manipulação através de regulamentos, muitos deles obedecendo a um padrão de quem os faz, ruirão em breve por terra. Sei que é difícil entender isso e eu também tive dificuldade de assim entender, mas é uma realidade sem retorno. Paro por aqui, pois se continuar e o que em breve vai mudar de concepções realmente é num primeiro aspecto, estarrecedor, pois está" fora da curva" de quaisquer prognósticos ou artigos que os senhores venham acompanhando ou lendo e que possamos entender de forma clara nas linhas ou concepções implícitas. Com raras exceções, há artigos que dão uma leve ideia, e de forma implícita, do que está por vir. Abraço, nobres escravos econômicos dos 129 anos de República democrática (ou será comunista?) brasileira. #Simples_Assim. Saudações e sucesso.

Aziel Ferreira

PROTOTIPO - AGÊNCIA DE INOVAÇÃO DIGITAL na SERPRO Services to Projects

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AGÊNCIA DE INOVAÇÃO Sancionado o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação 14 de janeiro de 2016 Na última terça-feira, dia 12 de janeiro, a presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou o chamado Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. A nova lei foi originada do PLC 77/2015, aprovado por unanimidade pelos senadores em dezembro. O novo marco legal tem o objetivo de promover uma série de ações para o incentivo à pesquisa, à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico. Na mesma data, o texto foi publicado no Diário Oficial da União. De autoria do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), a lei regulamenta a Emenda Constitucional 85 e é um dos itens da Agenda Brasil, conjunto de medidas apresentadas pelo Senado para impulsionar o crescimento do país. A proposição teve como relatores os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Público e privado O marco legal vai regulamentar as parcerias de longo prazo entre os setores público e privado e dará maior flexibilidade de atuação às instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICTs) e respectivas entidades de apoio. Uma das novidades é a possibilidade de dispensa de licitação, pela administração pública, nas contratações de serviços ou produtos inovadores de empresas de micro, pequeno e médio porte. A norma também altera a Lei 8.666/1993 para

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