A relação entre minha promoção e aceitação.

Vai fazer 10 meses que aceitei o desafio de "começar do zero" uma área em uma nova empresa. Nesses quase 10 meses tantas coisas aconteceram que eu teria que escrever um livro para falar de tudo. Resolvi então focar no meu processo de aceitação enquanto Coordenadora. Isso mesmo, aceitação. A gente sempre sonha e almeja receber uma promoção, trabalha fortemente pra isso e no meu caso quando a promoção veio, eu senti dificuldade de aceitar que eu realmente mereci.

Parece mentira né? Porque ao mesmo tempo que todos os dias eu pensava "minhas entregas são 100% de uma pessoa coordenadora, eu já estou lá!" algo ainda não estava encaixado, então vamos do começo, quem sabe esse relato pode chegar até alguém que está passando por isso e ser útil.

No final de 2020 fui abordada aqui no linkedin por um cara incrível que desde a primeira conversa me fez ter vontade de ouvir mais, saber mais, entender mais. Como um ótimo negociador que ele é, me mostrou com todas as letras que eu era a pessoa certa no momento certo e para o desafio certo e eu resolvi apostar em mim. Cheguei em uma empresa tão incrível que em uma semana eu já estava ambientada, parecia que estava ali há décadas, a cultura, os valores, as pessoas eram exatamente o que eu buscava (e eu nem sabia ainda o que eu buscava). Tive um mergulho profundo em diferentes frentes da minha tão amada área de recursos humanos e a cada dia meu olho brilhava mais e mais.

Bom, e o meu papel? Estruturar a área de Recursos Humanos e Cultura em uma empresa que atua no segmento de Recursos Humanos. Já era óbvio que o meu cliente final, os matchboxers, eram experts no assunto então não seria nada fácil, mas o que eu encontrei: pessoas maravilhosas unidas no propósito de cuidar de suas pessoas e MUITO abertas para tudo que a novata trazia de proposta. Foi um período em que senti que ensinei muito, mas o quanto eu aprendi sobre pessoalidades, sobre individualidades e gestão foi impagável.

O plano era modesto de início, em 6 meses começar a pensar em ter um time, mas até lá alguns passos operacionais, fazer algumas contratações, implementar processos. A realidade? Em 4 meses já tinham duas pessoas fora da curva aprontando junto comigo formando um time, mais de 30 novas contratações, novos processos e uma estrutura de RH completamente diferente. E é aí que começamos com o passo a passo de "virar coordenadora/gestora".

As responsabilidades começaram a mudar, eu tive que aprender a me desapegar do operacional que eu sempre amei fazer e desenvolver uma habilidade nova: delegar. Delegar por si só é simples, mas aqui não era apenas um "faz isso porque sim", eu era responsável pelo planejamento, pelo gerenciamento, acompanhamento e entrega. Me vi em situações que nunca estive antes, tive uma evolução anormal no quesito inteligência emocional, afinal não eram mais só as minhas expectativas e anseios que eu precisava lidar. Estar rodeada de bons profissionais sempre dispostos a ajudar fez com que esse processo fosse mais fluido e por mais que eu dissesse que não, era nítido que minha postura já era outra. A Mariana de fevereiro e a de novembro são pessoas diferentes, te juro!

Com o tempo, a promoção (que como disse, já era esperada), veio e com ela o desespero também. Passei dias procurando pelo em ovo, pensando em todos os porquês aquele movimento daria errado, em como eu ia falhar com certeza. Até que me peguei pensando naqueles dizeres de startupero "own it" e fiz um exercício que minha amada terapeuta sempre me diz pra fazer: me apeguei aos dados de realidade. A movimentação já estava feita, eu realmente já era uma coordenadora de área, já agia e respondia como uma.

Durante todo esse processo, que aqui obviamente parece simples, mas que na real levou algumas semanas e muita terapia, a virada de chave foi quando eu aceitei. Aceitei que eu merecia estar lá, que não foi uma oportunidade infundada, eu estava pronta pra dar o pontapé em uma nova etapa do ciclo de desenvolvimento profissional, eu dei um pulo na minha carreira e eu merecia isso. A mudança foi tão perceptível que minhas duplinha dinâmica um dia me disse: "alguma coisa em você mudou e parece que agora você acredita mais em você, isso nos traz muita confiança, sabia?"

De lá pra cá eu sigo me desenvolvendo, tanto como coordenadora como no processo de aceitar que eu sou realmente uma profissional muito boa e que movimentações como essas vêm através de resultado das minhas entregas e que eu mereço celebrar cada uma delas.