As relações humanas, o trabalho e a liderança.
Nos últimos tempos as organizações têm buscado desenvolver lideranças que estejam em conexão com o lado mais humano. Atuando em algumas organizações há alguns anos pude observar que existe uma nova onda surgindo. As relações humanas tem sido um fator de mudança. Apesar de uma era tecnológica potente que vivemos a gestão de pessoas, a busca de técnicas e treinamentos para alta performance envolve mudanças nos valores da organização e assim torna-se possível construir uma nova narrativa.
Resolvi compartilhar uma história que me aconteceu esta semana para que possamos pensar sobre as mudanças que estamos vivenciando. Há dois dias peguei um carro por um aplicativo e fui ler a descrição do motorista. Por ser mulher, criei esse hábito para ter um pouco mais de segurança e fiquei surpresa como ele havia preenchido tudo, mas o que me chamou mais atenção foi o porquê dele dirigir: - “Preciso trabalhar e tomar conta do meu filho que é especial”. Isso me despertou a atenção. Estamos em meio a uma pandemia onde vivemos com medo, mas precisamos viver. Temos sede de vida.
Entrei no carro e comecei a conversa para saber mais da história. Estava em um dia muito intenso de questionamentos e pensamentos. Curiosa e apaixonada por histórias que sou, puxei um assunto e perguntei: - O que te levou a se tornar motorista de aplicativo? Ele me respondeu: - Depois que perdi minha esposa e logo após minha mãe entrei em depressão e não sabia o que fazer. Já estava aposentado e as pessoas viviam dizendo para eu entrar nesse negócio de motorista de aplicativo, mas estava resistente. Até que um dia resolvi dar ouvidos e cá estou eu há uns seis meses. Ouvir esse relato e logo me motivou a compreender melhor aquela história. Perguntei: - Como está sendo essa pandemia? Começamos a conversar e estabelecemos uma conexão.
Ele dissera que estava sendo de aprendizado e continuou... "Quando era muito jovem por voltas dos seus vinte anos me tornei líder de uma fábrica e fui a pessoa mais arrogante que conheci. Eu não ouvia as pessoas, as pessoas eram como números. Fui assim durante um bom tempo na minha carreira. Tive tudo que quis, sucesso e poderia comprar as melhores joias, fazer as melhores viagens. ”
Confesso que fiquei surpresa, ele era uma pessoa sorridente e leve no diálogo.
Ele continuou: “ - Eu era o verdadeiro "machão", estava com tudo, me divorciei e com o rei na barriga seguir uma boa parte da carreira. Só depois de quase quarenta anos aprendi a ser "homem". Hoje eu ouço as pessoas, não tenho vergonha de chorar, de abraçar e amo meu filho. Acompanhar ele crescer mesmo com a condição dele me alegra, hoje ele tem trinta e três anos.
E continuou...Minha filha, qual o seu nome? Respondi: - Laísa. Ele disse: - Vou te dar um conselho se você me permite. Eu disse: Sim! A sabedoria dos mais velhos em encanta.
Ele continuou: - Acredite na mudança das pessoas, porque a vida e o tempo ensinam. Passei uma vida buscando ter recursos, títulos, sucesso e esqueci de viver. Os títulos não servem de nada, você vai embora e tudo ficará aí. Hoje eu sou o dono da casa, cozinho, cuido meu filho que é especial, tenho uma netinha que me arranca sorrisos. O tempo que ele está na creche eu trabalho como motorista de aplicativo para passar o tempo e acabo conhecendo pessoas incríveis aqui. Gosto de contar minha história para que saibamos aproveitar a vida. Ser líder, é olhar o outro como outro ser humano, porque seu título é nada ao se conectar com outra alma."
Fiquei emocionada e caímos em uma boa gargalhada. Saibamos aprender com o Sr. iluminado e o conselho já apresentado por Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Assim, podemos transformar uma viagem de quinze minutos em reflexões e possivelmente aprendizados.
Comunicar, sem perder a ternura!
4 aLindo! Parabéns pelo texto. Beijo, com afeto