Relações sociais por meio da solidariedade
O tema da redação do vestibular 2025 para ingresso na maior universidade do país, “Relações sociais por meio da solidariedade ”, é muito oportuno e feliz por vários motivos:
Além das mencionadas razões, o tema da redação da prova de ontem, dia 15/12/2024, me inspirou a escrever esse pequeno ensaio por um fato que presenciei recentemente.
Fui convidado para um churrasco no condomínio onde mora um amigo que eu não via há muito tempo.
Lá pelas tantas, as crianças resolveram bater uma bolinha no campo de society. Como ninguém havia pensado em levar bola, o dono da festa pediu emprestado a bola do filho do zelador. Esqueceram de um detalhe: convidar o dono da bola (um garoto de 7 anos) para participar da brincadeira. Resultado: ele ficou sentado, assistindo e como se dizia antigamente, olhando com os olhos e lambendo com a testa.
Pergunto: até que ponto somos solidários, visto que relações sociais baseadas na solidariedade são fundamentais para a construção de sociedades mais justas e harmoniosas?
As relações sociais
A solidariedade implica uma atitude de empatia, cooperação e cuidado mútuo, promovendo a interdependência entre indivíduos e grupos. Esse conceito é essencial para entender como os laços sociais são formados e fortalecidos em diferentes contextos, seja durante a inundação de 60% dos municípios do Rio Grande do Sul, na seca no Norte ou nas queimadas no cerrado e no Pantanal mas, também, numa simples confraternização com parentes e amigos.
Com o intuito de provocar a reflexão, vou destacar algumas dimensões desse tema.
Interdependência e apoio mútuo
A solidariedade reconhece que ninguém vive de forma isolada. Em uma sociedade, cada indivíduo depende dos outros para sobreviver e prosperar. Isso se manifesta em várias situações: no compartilhamento de recursos, apoio em momentos de crise e na criação de redes de proteção social.
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Dimensão ética
A solidariedade também tem um caráter ético, promovendo o reconhecimento da dignidade e dos direitos de cada pessoa. Ao agir de forma solidária, os indivíduos contribuem para a igualdade e justiça social, diminuindo desigualdades e exclusões.
Instrumento de fortalecimento das relações sociais
Juntos somos mais fortes, ultrapassa a figura de retórica. Grupos solidários tendem a ser mais coesos e, portanto, mais fortes. Em situações de adversidade, a solidariedade une pessoas com objetivos comuns, seja em movimentos sociais, comunitários ou familiares.
Base para o bem-estar coletivo
Práticas solidárias tecem uma rede de proteção social que beneficia a todos, como ocorre em sistemas de saúde pública, programas de assistência social ou ações comunitárias de voluntariado.
Solidariedade mecânica e orgânica
Para o sociólogo francês Émile Durkheim (1858 -1917) a solidariedade é o fator que garante a coesão das pessoas em um período específico. É o que faz os indivíduos sentirem-se parte de um grupo social. Em seus estudos ele identificou duas formas de solidariedade: a mecânica, própria das sociedades tradicionais (primitivas), onde as relações eram baseadas em similaridades, como valores, costumes e tradições comuns; e a orgânica, observada nas sociedades modernas, caracterizadas pela divisão do trabalho, onde a interdependência entre funções cria a necessidade de cooperação.
Desafios e potencialidades da solidariedade
Embora a solidariedade seja essencial nas relações sociais, ela ainda enfrenta desafios como o individualismo exacerbado, desigualdades econômicas e conflitos sociais. Esses fatores, paradoxalmente, aumentaram com a pandemia do coronavirus, uma vez que as pessoas se isolaram e o convívio, quando se dava, era de forma remota.
No entanto, é possível promover a solidariedade por meio da educação, do fortalecimento de valores comunitários e de políticas públicas inclusivas.
A solidariedade, ao ser exercida, transforma relações sociais, permitindo que os indivíduos superem barreiras e construam juntos um futuro mais equitativo.
Bola pra frente!