Remendo novo em roupa velha
Em poucos anos a onda de startups invadiu o país, e com ela muitas coisas mudaram, inclusive a perspectiva de carreira. Antes as tão almejadas multinacionais tinham um leque de profissionais à sua inteira disposição, disputas acirradas, e muita competitividade cercavam as mesmas, era o grande sonho de muitos. Aí surgiram as empresas que quebraram padrões, pequenas que tinham mais força que as gigantes que há anos estavam no pedestal.
As startups vieram e se tornaram as queridinhas dos profissionais, empresas onde o "talento" é avaliado pela competência e não pela roupa que veste, entrar ás 8 ou ás 10h não faz diferença desde que o trabalho seja entregue, cerveja na mesa ou café? Tanto faz, ficar a vontade e fazer do ambiente o melhor possível é a regra.
Diversas culturas, padrões fora do contexto, competitividade colaborativa, criatividade, senso de dono, num cenário em que para muitos pode parecer o caos, elas prosperam, crescem e se tornam as "favoritas". Hoje lado à lado com as tradicionais do mercado, disputam em igualdade colaboradores, levando a melhor na maioria das vezes.
A perda desenfreada de jovens para esse ambiente, levou muitas empresas tradicionais à mudarem obrigatoriamente sua estratégia e padrões, desenvolvendo uma nova missão, visão e valores. RHs mais analíticos, voltados ao desenvolvimento, plano de carreira, treinamentos, programas de incentivo, tudo para transformar a cultura que há anos intacta hoje corre risco.
Em meio à esse cenário, algumas empresas centenárias tentando ser o que não são, mudar superficialmente, trocar os móveis, cor de parede e distribuir adesivos, publicar nas redes sociais "employer branding", sem nem ao menos saber o que realmente significa. Muitas realizando atividades pontuais de confraternização na esperança de "adquirir" um GPTW, que tanto quanto as mesmas é raso. É mais uma ação desesperada de algo que parece um "remendo novo em uma roupa velha". Falta de treinamento, falta de gestão, falta de plano de carreira, falta de senso ético e empatia, competição destrutiva, não podem ser substituídos por um ambiente com puffs. Mais do que trocar as cores da sala é vital mudar a organização, a visão, e na maioria dos casos a gestão.
O mercado é para todos, sempre existirão clientes e colaboradores para ambas culturas, é necessário entender e mais do que isso aceitar que o mundo mudou, e tudo bem. Respeitar o funcionário, prezar pelo bem estar do mesmo enquanto parte é bem mais importante do que ser "cool", e nem todos vão conseguir agregar todos esses aspectos juntos.
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5 aExcelente texto, Fer! Gostei da reflexão