Renda das famílias vai crescer bem em 2021
Tenho visto muitas análises equivocadas sobre a dinâmica da renda e do consumo, sobretudo aquelas baseadas na PNAD Contínua, o que gera conclusões erradas a respeito do comportamento esperado para o consumo das famílias em 2021.
A PNAD Contínua não tem conseguido captar a queda da renda em função da pandemia. A última divulgação, por exemplo, mostra uma alta real interanual de 8,3% na renda habitual das famílias no trimestre encerrado em setembro. Esta alta, composta com a queda de 12,1% na ocupação, leva a uma queda de apenas 4,9% na massa de salários, algo como R$ 10,7 bilhões por mês. Ao agregarmos a esta queda os mais de R$ 50 bilhões mensais de auxílio e benefício emergencial, a conta fica positiva em mais de R$ 40 bilhões por mês, o que justificaria as fortes altas nas vendas do varejo observadas nos últimos meses.
A análise acima está errada. Por conta da pandemia, várias pessoas estão trabalhando bem menos que o habitual e a renda efetiva no trimestre encerrado em setembro caiu 9,8%, segundo dados compilados da PNAD Covid. Ao agregarmos a queda de 12,1% na ocupação, a queda efetiva na massa de salários está em 20,4%, algo como R$ 44 bilhões de reais por mês. Quanto aos auxílios, estes tem chegado atrasado, e representam algo como R$ 27 bilhões por mês, segundo dados compilados da própria PNAD Covid. Assim, a massa de renda mensal + auxílios está R$ 17 bilhões abaixo de 2019 e o que justifica a alta no varejo é uma mudança no padrão de consumo das famílias, que ao consumirem menos serviços por conta do distanciamento social estão aproveitando para consumir mais bens.
Para 2021, a continuidade da retomada do mercado de trabalho, tanto na criação de empregos como na recomposição das horas trabalhadas e da renda, juntamente com um efeito defasado das políticas de auxílio, deve levar a massa de renda a crescer 6,6% em termos reais, sustentando a retomada da economia via o consumo das famílias, com mais serviços e menos bens.
A figura a seguir mostra o comportamento da massa de salários habitual da Pnad Contínua, a massa de salário efetiva compatibilizada entre Pnad Contínua e Pnad Covid e a massa compatibilizada mais auxílios, tanto em relação ao realizado até setembro, como as projeções para 2021.
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Economista
4 aMuito legal, Juan Jensen ! Eu tinha uma visão parecida quanto a rotação esperada - mais serviços e menos bens -, mas não tinha me atentado a esse fato das horas trabalhadas.
Finance Executive
4 aExcelente, professor.