Lucro para o Design Thinking
Artigo original em:
O próximo alicerce de produtos e serviços “Thinking”, Rentabilidade.
Quando penso sobre ‘Rentabilidade’, imediatamente me vem à mente aquele dito popular que “nem relógio trabalha de graça”, mas creio que esse ponto de vista seja muito simplório, então vou tentar desenvolver uma lógica que torne o conceito de Rentabilidade em algo muito mais atraente.
A Rentabilidade seria o retorno financeiro de um determinado investimento. No caso do Design Thinking, seriam os ganhos monetários obtidos a partir do desenvolvimento de um determinado produto ou serviço, correto?
Diante dessa última pergunta retórica, como nós poderíamos interpretar “ganhos monetários”? Para nós Economistas isso é uma pergunta bem óbvia, entretanto, temos saberes diferentes e, portanto, acredito que fora dos meios econômicos esse conceito não seja tão difundido. Para interpretar os ‘ganhos monetários’ faz-se necessário, primeiro, saber as funções básicas da Moeda, que são, Meio de Troca, Unidade de Conta e Reserva de Valor. Imagine um mundo sem nenhum tipo de moeda, obviamente teríamos que atender nossas demandas através trocas, ou seja, para adquirir, por exemplo, um alicate, eu teria que achar alguém disposto a trocar um alicate por algo que produzo ou por serviço que presto, ou ainda, realizar infinitas trocas até adquirir algo que o vendedor de alicates queira; em resumo, nossa vida se tornaria muito mais complexa. Então a moeda surge para solucionar esse problema, como ela podemos trocar nosso labor por algo que todos aceitam (meio de troca), podemos acumular e trocar por coisas maiores ou mesmo poupar para tempos mais difíceis (Reserva de Valor), já que a moeda não estraga e, ceteris paribus, mantem seu valor no tempo e, por fim, a Unidade de Conta oferece uma “régua” para avaliar e comparar produtos e serviços distintos entre si.
Então, na prática, trocamos nosso Labor por algo que podemos trocar e acumular. Desta forma, seria lógico supor que toda nossa demanda por produtos e serviços é na verdade paga com nossas horas-trabalho e o dinheiro nada mais é que um simples meio. Para ficar mais claro, imagine que seu salário seja de R$2.000,00 e você deseja um iphone no mesmo valor, então, pelo prazer ou necessidade de ter um iphone, você estaria trocando um mês de trabalho pelo aparelho, ou aproximadamente 200 horas de trabalho.
Quando defendo que as ideias devem ser rentáveis para o negócio, não vejo isso de forma pejorativa, ao contrário, é um sentimento nobre, quer dizer que você produziu algo tão fantástico que as pessoas estão dispostas a sacrificar partes de seu trabalho, e porque não, partes de sua vida, por aquilo que você produziu e por que não ser justamente remunerado por ter satisfeito essa necessidade?
Outro aspecto é que negócios não sobrevivem de altruísmo, sua vida pessoal tem custos, colaboradores e stakeholdersdependem da renda do negócio, fornecedores também precisam ser pagos, sempre existirão tempos difíceis no horizonte, etc. Logo as ideias precisam ser rentáveis para garantir a sobrevivência do negócio.
Mas quando a ideia deixa de ser rentável, ou a administração do negócio é ineficiente, ou a ideia deixou de ser desejada. No que tange a falta de desejo, mais relevante para esse texto, fica evidente que a rentabilidade é uma justa medida para sabermos se estamos realmente atendendo as necessidades e desejos das pessoas, ou seja, se nosso produto é bom.
E Design Thinking é isso, perceber e atender necessidades humanas, sempre aprimorando sem esquecer que estruturas precisam ser abastecidas para produzir ideias ainda mais incríveis.