Repensando o legado
Depois da euforia, veio a ressaca. Diversos meios de comunicação noticiaram, por várias vezes, os problemas e prejuízos deixados pelos megaeventos no Brasil. O mesmo aconteceu em outros países anteriormente, o que inclusive parece ter motivado a desistência de diversas cidades e países dos processos seletivos para sedes de futuros eventos esportivos de grande porte. Fica claro que há sim um problema.
Sediar um grande evento esportivo estava sendo vendido como algo quase milagroso, que traria grandes impactos para a sede, com potencial de alçar o anfitrião a outro patamar. Dessa forma quando, após o evento, descobre-se que sobraram muitas contas a pagar, estruturas caras a sustentar e indícios de corrupção no processo todo, a opinião pública tende a se posicionar contra esses eventos.
Ao mesmo tempo, existem diversos estudos que mostram que existe sim um impacto positivo. Afinal muitos turistas viajam para acompanhar os jogos, e muito dinheiro é injetado na economia local, sem falar na contribuição em longo prazo para a imagem da cidade/país. As estruturas construídas auxiliam no desenvolvimento esportivo da sede, e a experiência de organizar tal evento capacita os trabalhadores locais.
A questão é que muitos desses benefícios são intangíveis, difíceis de evidenciar e comunicar. Até os que são quantificáveis representam algo que está longe do dia a dia da população. A percepção dos impactos positivos é baixa e dos impactos negativos alta.
A discussão, para as organizações esportivas e profissionais do setor, deve ser: como podemos mostrar que nossos eventos e atividades têm um impacto positivo? E como podemos reduzir os impactos negativos? Muitos esportes dependem de dinheiro público no Brasil. Eventos, estádios e campeonatos, mesmo quando totalmente privados, precisam do apoio do governo para garantir questões como segurança, transporte, etc.
O esporte como um todo precisa se preocupar mais com áreas como gestão, transparência e governança, mensuração e análise de dados/impactos e comunicação desses resultados. Sem mostrar o retorno diante de tamanho risco, os patrocinadores não investem. Porque a sociedade deveria?
PS: esse artigo da Sportcal serviu de inspiração, então fica a recomendação.