“RES PUBLICA 2023” tem estreia garantida no Centro Cultural São Paulo

“RES PUBLICA 2023” tem estreia garantida no Centro Cultural São Paulo

Espetáculo do grupo A Motosserra Perfumada chega ao Espaço Ademar Guerra no dia 11 de outubro

Por Gabriel Fabri

A montagem “RES PUBLICA 2023”, do grupo A Motosserra Perfumada, tem sua estreia confirmada no Centro Cultural São Paulo (CCSP). O espetáculo fica em cartaz no Espaço Ademar Guerra, o famoso “porão”, entre os dias 11 de outubro e 10 de novembro. Com essa atitude, a Prefeitura de São Paulo reafirma que condena e combate veementemente qualquer tipo de censura, defendendo o direito de livre expressão artística.

A peça, ambientada no Réveillon de 2023, conta a história de cinco amigos que dividem uma república no centro de São Paulo e vão construindo, com objetos que trazem da rua, uma trincheira. Nesse cenário futurista, as ruas são ocupadas por um movimento patriota intitulado Anaconda Brazil – grafado assim, com a letra Z. Uma curiosidade: os personagens, todos, também possuem nomes estrangeiros.

O diretor Biagio Pecorelli explica que a peça nasceu de um jogo entre “A República”, de Platão, e o bairro de mesmo nome do centro de São Paulo. “No livro, Platão expulsa o artista de uma cidade ideal por ele ser alguém que forja a realidade e, assim, afasta os cidadãos de bem”, explica. “A certa altura, achamos curioso que o bairro República é historicamente formado por artistas e outros expatriados de toda sorte - gays, travestis, imigrantes e adictos, como nós”, afirma. Trata-se, portanto, de duas histórias de pessoas excluídas.

Além desse paralelo, a peça também se inspirou na percepção de um Brasil menos respeitoso. “Imaginamos um país que tolerará cada vez menos a diferença radical que é cada um, cada uma de nós”, afirma. “Isso nos levou a uma distopia não tão distante quanto a de um livro de Orwell ou de Huxley”. No espetáculo, o grupo Anaconda Brazil persegue nas ruas do centro mulheres, negros, gays, travestis e artistas. “Mas não é simples identificar quem é e quem não é fascista”, ressalta Pecorelli. “Eu diria que a resistência na Res Publica, a trincheira ali, é contra o poder, contra toda forma de governo.”

Para o diretor, a censura que a peça sofreu pela Funarte demonstra a atualidade do espetáculo. “Quando inventamos o espetáculo em 2016, ele era uma espécie de piada... uma piada de fantasia catastrófica”, afirma. “Hoje, tendo em vista essa enxurrada de desmandos contra a cultura e esse desmonte acelerado da política cultural brasileira, temos inclusive cuidado para que os fatos não sequestrem o discurso da peça, como se estivéssemos querendo retratar esse momento político.”

Durante a pesquisa para o texto, o grupo descobriu que a República já foi palco, nos anos 20, de touradas. “Ali já era um lugar de derramamento de sangue”, conclui o diretor.

Publicado no site da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo


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