Resistência antimicrobiana causa de 500 a 1 milhão de mortes por ano.
70% dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva recebem tratamento para algum tipo de infecção
Estima-se que de 500 mil a 1 milhão de mortes ocorram no mundo devido à resistência antimicrobiana. Um fato alarmante é o crescimento do consumo global de antibióticos no ambiente hospitalar na última década, que bateu a casa dos 40%. Estudos estatísticos revelam que se nenhuma mudança ocorrer, em 2050, o mundo registrará cerca de 10 milhões de mortes associadas à resistência a antibióticos e antimicrobianos, superando a morte por câncer, por exemplo.
“O uso racional desses medicamentos na UTI, restringindo-se espectro e duração minimamente necessários, é a melhor maneira de combater a emergência de resistência no ambiente hospitalar e, principalmente, nas unidades de terapia intensiva”, alerta o médico intensivista Dr. Thiago Lisboa, coordenador da Campanha Nacional da AMIB, que esse ano abordará Prevenção de Infecção em UTI.
Infecção hospitalar é um dos temas mais preocupantes para os profissionais de saúde, principalmente quando acomete pacientes gravemente enfermos internados nas unidades de terapia intensiva. Em abril, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) lançou a sua campanha nacional, que esse ano abordará “Prevenção de Infecção em UTI”. Serão sete meses de divulgação e trabalhos nas 2.350 UTIs brasileiras através dos médicos, profissionais de UTIs, familiares e visitantes.
Estudos revelam que 70% dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva recebem tratamento para algum tipo de infecção. Nesse ambiente, o risco é de 5 a 10 vezes maior do que em outros ambientes hospitalares, e pode chegar a representar 20% do total de casos registrados em um hospital.
Muitos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento de infecções. A AMIB elencou sete pontos importantes que devem ser observados no combate à infecção.
O número 1 é a Higienização das Mãos. Essa é a principal medida de prevenção de infecções relacionadas aos cuidados de saúde. Infelizmente, a taxa de adesão a esse ponto chave é muito baixa, chegando apenas a 70% nos centros que apresentam os melhores resultados. Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) iniciou uma campanha com foco na lavagem das mãos nos seguintes momentos: antes de tocar um paciente, antes de um procedimento asséptico (de limpeza), após risco pela exposição a fluídos corporais, depois de trocar um paciente e após o contato com as áreas próximas ao paciente.
O Uso Racional de Antimicrobianos (vide texto de abertura).
O Uso Adequado das Precauções de Contato com pacientes sabidamente colonizados ou com infecção por patógenos potencialmente resistentes no ambiente de cuidados intensivos é parte do arsenal do combate à infecção. O uso de luvas e aventais podem minimizar o risco de transmissão cruzada (de um paciente para outro) nas UTIs.
O quarto ponto é o Rastreio e Medidas de Isolamento dos Casos. Portanto, é importante a identificação dos pacientes colonizados ou infectados com patógenos potencialmente resistentes para o adequado manejo e emprego de medidas preventivas.
A Vigilância Epidemiológica, o quinto ponto chave, é importante para conhecer a triagem do risco de desenvolvimento da infecção e para auxiliar na escolha da melhor opção terapêutica. O tratamento antimicrobiano empírico inadequado aumenta o risco de mortes dos pacientes com infecções graves internados nas UTIs. “O conhecimento da flora microbiológica associada com infecções nas unidades de terapia intensiva é o melhor preditor para o sucesso da terapia antimicrobiana”, diz Dr. Thiago Lisboa.
A Limpeza Adequada do Ambiente também é um fator importante para o combate à infecção. Isso porque alguns patógenos sobrevivem no ambiente por tempo prolongado, aumentando o risco de transmissão cruzada e dificultando o manejo de surtos dentro das unidades de terapia intensiva.
E para fechar os sete pontos chave a Educação Continuadas dos Profissionais de Saúde.
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