Respiro. Eu quero um pra viver.

Os anos passam, as rugas chegam e a maturidade é natural. É quando a gente conclui erros e acertos. Alguns nos divertem. Aquelas gafes históricas e memoráveis. As loucuras aprontadas na adolescência. Beber, dormir pouco e acordar pronta pra entregar um texto. Hoje, já não é fisicamente tão possível.

Mas há coisas que evoluem, thanks, God. Aquele medo de errar. Trabalhar até tarde por achar que precisa dar conta do mundo em 10 horas. Ter medo de questionar. A pressão mais sentida. A centralização.

Com o tempo, vamos nos tornando - pelo menos, essa é a ideia - mais eficientes. Muito provavelmente uma compensação ao enfraquecimento físico. Se bem que tem muita gente de 60 anos dando banho de vitalidade em muito jovem de 18 anos. A gente se torna mais autocrítico. Aprendemos a ter foco, a correr atrás do que nos agrega. E a rejeitar o que não nos mais favorece.

Aprendi a ir embora às 18h sem culpa. A dormir mais cedo e acordar mais cedo pra ter mais criatividade para terminar um plano. A não abrir mão dos feriados pra estar com família. É preciso ter pequenas vitórias, prazeres e impulsos. Japoneses chamam isso de ikigai - razão de ser, o que faz a gente levantar todas as manhãs. A Exame acertadamente fez uma capa sobre propósito.

Precisamos fazer o dia valer à pena. E os dias de folga precisam valer ainda mais. Precisamos olhar pros filhos, pra família, pros amigos. Precisamos conhecer gente nova, ouvir histórias. É o lembrar de respirar.

Não é por acaso e esse exemplo é batido - mas honesto - que antes do avião decolar, há as dicas de segurança. "Em caso de despressurização, máscaras cairão sobre você. Coloque primeiro a máscara e só depois na criança". Se você não se ajudar, se você não respirar primeiro, não vai poder ajudar ninguém.

E é realmente incrível como a gente acaba muitas vezes se colocando em último lugar. Descobrir o propósito, o seu barato, a sua vibe, não é egoísmo. É o caminho pra um mundo melhor. Quanto mais feliz você for, mais feliz vai poder fazer o outro.

Pense nisso. E, respire. É um começo.