Responsabilidade Afetiva para nossa criança ser feliz!
Antes de entrar no assunto o convite é lembrar da nossa infância e das cicatrizes deixadas que doem até hoje. Toda nossa geração passou por dores e traumas gerados pelos pais e por toda a família mesmo que tenha sido sem querer, por repetição de padrões sociais e de comportamento, e falta de preparo e sensibilidade. Bullying, transtornos alimentares, transtornos psicológicos, frustrações nas relações sociais e no trabalho, o machismo, racismo e elitismo enraizados em nós. Buscar essas memórias nos ajuda a ter empatia por nossas crianças e enxergá-las com outros olhos sabendo que podemos fazer mais por elas.
As crianças chegam para nós, seja como família ou como sociedade, por uma escolha e responsabilidade nossa, não delas. E a partir dessa chegada nos tornamos responsáveis afetivamente por elas. Por muito séculos e hoje em dia ainda vemos o discurso romantizado do amor da mãe pela criança, como se o amor da mãe fosse suficiente para suprir todas as necessidades da criança e ela sempre foi tida como única responsável afetiva na relação com a criança, sua função e seu papel. O pai tinha o papel de alimentar e suprir as necessidades físicas, como se isso o isentasse das responsabilidades afetivas. Parece uma realidade dos anos 80, mas é uma realidade atual. É chegada a hora de pegar essa responsabilidade para nós, somos responsáveis afetivamente por cada criança que estar a nossa volta, seja como mãe, pai, irmão/irmã, tio/tia, avó/avô, professor(a), cuidador(a)... Mas de que se trata essa responsabilidade afetiva? Em termos simples envolve ser empático e levar em consideração o sentimento do outro, se comprometer com o outro de forma sincera e honesta. Ter também sensibilidade ao lidar com o outro compreendendo o peso das nossas palavras e atitudes. Esse entendimento serve para qualquer relação, quando se trata da relação com a nossa criança a questão é ainda mais séria porque a criança é um ser em formação, sensível, frágil e intuitivo. São capazes de sentir o que não é dito. Elas não olham como os adultos olham, e sentem de forma imediata.
O abandono afetivo é responsável por cicatrizes para a vida toda. Negligenciar o amor da criança por falta de tempo, por não estar presente na vida delas, por não compartilhar nossa vida com elas, por achar que elas só precisam de assistência material e por tantos outros motivos fúteis é cruel com elas. Às vezes transferimos para nossa criança os ‘nãos’ que tivemos na infância, é preciso fazer as pazes com nossa criança interior para amar a criança que estar conosco pronta e esperando nosso afeto, carinho e atenção.
Portanto há uma questão que precisa ser resolvida em nós adultos que é como eu posso contribuir positivamente para construção desse novo ser humano? Sendo mãe/pai é preciso entender que a criança precisa de alimento, calor, boas noites de sono, cuidados físicos e fisiológicos e precisa de abraço, calor do coração, olhar de amor, ouvir que é amada, respeito a sua individualidade e seu tempo, ser ouvida, sentir que é desejada por quem elas amam, precisam de conexão. E é responsabilidade dos dois suprir essa necessidade de afeto para a criança se sinta segura e confiante, isso contribui para um desenvolvimento emocional saudável. Ela vai ser uma criança feliz. A felicidade não é algo que se posso achar diretamente é uma consequência. E é importante entender que não se faz isso pela criança, ela não deve nada aos pais, não tem obrigações ou reembolsos a fazer porque o amor não tem obrigação e os pais devem buscar agir assim por amor a criança que trouxeram ao mundo e isso os fará felizes.
Já outros adultos que convive com crianças, como avós, cuidadores, professores, tios/tias, padrinhos/madrinhas, nossa função vai além de entreter, cuidar e presentear. Nós também temos responsabilidade afetiva, e mais ainda podemos ser a referência e apoio desta criança, um suporte que talvez ela não tenha em casa. E nós podemos sim salvar essa criança e dar a elas a oportunidade de ter uma infância feliz. Ouça, olho nos olhos, converse com elas e claro, brinque muito!